No dia seguinte levanto dez horas. Com a ausência das câmeras internas e a ausência de encenações, eu já andava levantando tarde mesmo e não faria diferente só porque transamos.
Tomo café na cozinha. Sempre dispenso a arrumação na sala de jantar. Mover tudo para lá por minha causa é algo desnecessário. Eu nem costumo comer muito de manhã. Apenas um café forte e uma torrada com geleia.
Minha atitude tem me aproximado mais dos empregados. Eles se sentem muito à vontade comigo.
Eu me apeguei muito a Zilá. Ela lembra muito minha mãe. Vejo sua real preocupação comigo quando insiste para eu tomar uma vitamina ou sucos de frutas que ela faz. Sempre preocupada com minha saúde.
Agora conversamos, rimos e falamos de assuntos não comprometedores, como receita, política e a festa de ontem.
Isso elas adoravam saber. Sempre no dia seguinte eu contava como foi tudo para ela e pera a cozinheira, a senhora Thompson.
Minutos depois, vou até a sala, o Sheik está lá sentado no sofá com um olhar parado. A enfermeira no outro sofá fazendo tricô.
—Marḥaba! Khadija (Bom dia) —Eu digo com um sorriso e o beijo no rosto.
—Marḥaba! Já tomou café?
—Sim. Eu tomei na cozinha.
—E Rashid? —Dou me conta que fiz besteira.
—Hoje ele saiu muito cedo e não quis me acordar.
—Esse meu filho se preocupa muito com trabalho. —Ele diz com tristeza. —Espero que isso não separe vocês.
—Não, claro que não.
—Você o ama?
—Muito. —Digo sem pestanejar.
—Sente-se. —Ele me convida. Ele olha a senhora Taylor. Ela se toca que deve nos deixar às sós.
Eu me sento ao lado dele. Eu amo esse velhinho. Sentirei muita falta dele quando ele partir. É triste, minha vida sempre foi marcada por perdas, e não está sendo muito diferente agora.
—Como está o relacionamento de você e Rashid?
Sim, ele tocou na ferida. Hoje, mais do que nunca estou sensível. Quando me vejo, estou chorando.
Khara! (merda!)
O sheik aperta os lábios.
—O que houve? Vocês andaram brigando? Meu filho conseguiu brigar com você?
Eu não consigo mentir, mas sei que terei que omitir algumas coisas.
—Rashid me deixa confusa. Ele tem atitudes muitas vezes fria. Ele às vezes lida comigo como se lidasse com os negócios. Ele é gentil e ao mesmo tempo muito racional.
Ele assente, sério.
—Conheço meu filho. Sei o que se passa naquela cabeça. A frieza que ele aparenta muitas vezes é só fachada. Ele é um vulcão contido. Você terá que ter muita paciência com ele. Insista. Não desista. Não se amedronte diante das circunstâncias. Tenho certeza que meu filho te ama. Acho que ele não quer se sentir em suas mãos. Infelizmente sua mente é machista. —Ele se cansa. Sua respiração é ofegante.
—Sheik, vou chamar a enfermeira...
Ele segura a minha mão. Sua aparência é emocionada: está trêmulo, pálido, suado.
—Promete que não... —Ele tosse. —Não desistirá do meu filho.
Ah, se ele soubesse o que ele me pede, mas é impossível resistir ao pedido tão emocionado dele.
— Prometo que farei de tudo para nosso relacionamento dê certo.
Os olhos do Sheik se enchem de lágrimas.
—Morrerei em paz agora... —Ele diz com a voz mais fortalecida.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em suas Mãos (Barak 2)