Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 48

Khadija

Depois de um tempo, resolvo ir para o quarto. Acho que foi tempo suficiente para não topar com ninguém na sala. Mesmo assim meu coração bate descompassado quando estou prestes a entrar nela. Com alívio percebo não há mais ninguém.

Quando abro a porta do meu quarto e dou de cara com Rashid. Ele está sentado na minha cama. Meu coração, já agitado, salta no peito e aumenta seu ritmo.

Ele já tinha tomado banho. Está vestido com roupas casuais. Jeans azul claro e camiseta branca. Lindo.... Reparei que ele se cortou fazendo a barba, pois há um pouco de sangue em seu queixo.

Os cabelos estão molhados e ele cheira a sabonete e loção pós-barba.

—Oi. —Eu digo, com um meio sorriso.

—Oi? — Ele cerrou os dentes. —Por que diabos você saiu do quarto? Por que desobedeceu minhas ordens?

Allah! Que raiva toda é essa?

—Eu estou com dor de cabeça, fui atrás de um comprimido.

Ele passa os olhos insolentemente por meu rosto e pelo meu vestido.

—Dor de cabeça mesmo? Você me parece muito bem! Saiu para me desafiar?

—Qual é o seu problema, hein? —Elevo a voz, sentindo meu corpo inteiro tremer. —Dor de cabeça, sim. Por que eu mentiria para você?

Outra cerrada de dentes.

—Meu problema é que você não entende que sei o que é melhor para você. —Ele diz entredentes.

—Para mim ou para você?

Rashid se levanta, se agiganta dentro do quarto. Eu sinto arrepios correrem pelos meus braços e pernas. Ele se aproxima de mim, o rosto muito sério.

— O que meu primo queria com você? Falaram assuntos banais, falaram do tempo? —Ele ironizou.

Senti uma emoção quente bater em minha barriga, ele está com ciúmes de mim?

—Por que você não perguntou para ele?

—Estou perguntando para você! —Ele ruge.

Penso no homem que ele era até outro dia: os modos calmos, a voz doce, o olhar afetuoso. Mas com a morte do pai ele andava estranho. Uma raiva estranha. Parece atormentado.

Eu respiro fundo, tentando me acalmar e digo para mim mesma: O Sheik morreu. Ele só está vivendo um mau momento.

—Ele ficou surpreso que ao me ver na casa. Quis especular nossa relação. —Fiz uma pausa ocultando as coisas horríveis que Samir me disse e tentando entender este homem à minha frente.

— Por que eu sinto que há algo que você não está me dizendo? —Ele me observa, e seu rosto é um poço de desprezo. —Ele te reconheceu. Ele teve o descaramento de perguntar para mim de você. Você já saiu com ele no restaurante que você trabalhava?

Minha respiração fica irregular.

—Do jeito que fala, eu me sinto como uma garota de programa, que eu não sou.

Ele avança com aqueles olhos negros predatórios faiscando e eu dou um passo para trás, mas ele me alcança e segura meus braços.

—Khadija...você não respondeu minha pergunta.

Eu engulo em seco e mantenho meus olhos nos dele.

Eu amo quando ele fala meu nome.

Eu odeio amá-lo tanto.

—Não tenho que responder às suas perguntas. Sem passado não é mesmo? Se eu não sei nada de sua vida, não lhe dá o direito de saber da minha. —Usei as palavras dele.

Seus dedos se fecham mais no meu braço, sinto como se ele quisesse me sacudir.

—Eu acho que você está brincando com fogo, e eu vou te dizer, você deve parar.

—Eh, e o que você vai fazer?

—Khadija, você me pertence. Isso me dá o direito de perguntar o que eu quero. Por Allah! Responda!

Empino meu nariz.

—Seus olhos são tão maus para mim que nem reparou que eu já te dei uma resposta quando te disse que não sou uma garota de programa. E não sou tão tola assim para me envolver com homens como ele.

Ele me observa, estranhamente quieto.

— Sinto dizer que isso não é muito convincente. Você deve ter ficado flertando com ele, incentivando-o a tomar liberdades.

Meu queixo cai.

— Eu não estava flertando com ele! Eu não sou assim como me enxerga!

—Não? No enterro ele não conseguia tirar os olhos de você. —Ele diz com raiva de um primata. —E esse vestido? Por que está usando esse vestido?

Eu rangi meus dentes.

—Eu peguei o primeiro que encontrei. E se esqueceu que você me deu todos eles?

Rashid fica vermelho, parece que está a ponto de me bater.

—Para você usá-lo comigo, ao meu lado. E não para desfilar por aí.

Eu me irrito.

—Rashid, juro que eu tento te entender.

—É muito claro, você é minha propriedade. —Ele diz com excessiva raiva.

O quê?

—Você é um homem das cavernas mesmo! Me solta! —Tentei me libertar. —Você não vai me tocar com essa energia raivosa.

Sua respiração muda, como se ele se desse conta do que está fazendo. A atmosfera entre nós muda lentamente. Ele afrouxa os dedos e diz baixo:

— Eu não te machucaria. Jamais. —Ele diz suavemente e me abraça, estremece. Eu também estremeço, com seu calor, seu cheiro maravilhoso. Sinto o seu membro enrijecer e pressionar minha barriga.

Allah! Seus lábios passam pelo meu pescoço. E suas mãos passam pelas minhas costas, elas são tão gentis. Ele então segura meu rosto e seus lábios procuraram os meus. Eles são sôfregos, desesperados. Meu desejo aumenta mais e mais, assim como meu prazer. Mas meus pensamentos de tudo que aconteceu começam a ganhar espaço, acima de tudo isso e eu começo a pensar em tudo e a forma como ele me enxerga. A indignação me toma.

Eu vou permitir isso?

Não!

Ele pode falar o que quer, agir como quer e não terá consequências? Agir depois como se não tivesse acontecido nada?

Pela primeira vez desde que estamos nos relacionando mais intimamente, tenho forças para negar o que ele tanto deseja, aquilo que eu no fundo desejo também. Eu o empurro.

—Não! —Rashid fica parado, olhando para mim, sem fala. Os braços alongados no corpo. Nunca vi ele tão perdido. —Por favor saia!

Ele se vira e se afasta. Eu o assisto desaparecer do quarto, fechando a porta violentamente

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