Khadija
Depois de um tempo, resolvo ir para o quarto. Acho que foi tempo suficiente para não topar com ninguém na sala. Mesmo assim meu coração bate descompassado quando estou prestes a entrar nela. Com alívio percebo não há mais ninguém.
Quando abro a porta do meu quarto e dou de cara com Rashid. Ele está sentado na minha cama. Meu coração, já agitado, salta no peito e aumenta seu ritmo.
Ele já tinha tomado banho. Está vestido com roupas casuais. Jeans azul claro e camiseta branca. Lindo.... Reparei que ele se cortou fazendo a barba, pois há um pouco de sangue em seu queixo.
Os cabelos estão molhados e ele cheira a sabonete e loção pós-barba.
—Oi. —Eu digo, com um meio sorriso.
—Oi? — Ele cerrou os dentes. —Por que diabos você saiu do quarto? Por que desobedeceu minhas ordens?
Allah! Que raiva toda é essa?
—Eu estou com dor de cabeça, fui atrás de um comprimido.
Ele passa os olhos insolentemente por meu rosto e pelo meu vestido.
—Dor de cabeça mesmo? Você me parece muito bem! Saiu para me desafiar?
—Qual é o seu problema, hein? —Elevo a voz, sentindo meu corpo inteiro tremer. —Dor de cabeça, sim. Por que eu mentiria para você?
Outra cerrada de dentes.
—Meu problema é que você não entende que sei o que é melhor para você. —Ele diz entredentes.
—Para mim ou para você?
Rashid se levanta, se agiganta dentro do quarto. Eu sinto arrepios correrem pelos meus braços e pernas. Ele se aproxima de mim, o rosto muito sério.
— O que meu primo queria com você? Falaram assuntos banais, falaram do tempo? —Ele ironizou.
Senti uma emoção quente bater em minha barriga, ele está com ciúmes de mim?
—Por que você não perguntou para ele?
—Estou perguntando para você! —Ele ruge.
Penso no homem que ele era até outro dia: os modos calmos, a voz doce, o olhar afetuoso. Mas com a morte do pai ele andava estranho. Uma raiva estranha. Parece atormentado.
Eu respiro fundo, tentando me acalmar e digo para mim mesma: O Sheik morreu. Ele só está vivendo um mau momento.
—Ele ficou surpreso que ao me ver na casa. Quis especular nossa relação. —Fiz uma pausa ocultando as coisas horríveis que Samir me disse e tentando entender este homem à minha frente.
— Por que eu sinto que há algo que você não está me dizendo? —Ele me observa, e seu rosto é um poço de desprezo. —Ele te reconheceu. Ele teve o descaramento de perguntar para mim de você. Você já saiu com ele no restaurante que você trabalhava?
Minha respiração fica irregular.
—Do jeito que fala, eu me sinto como uma garota de programa, que eu não sou.
Ele avança com aqueles olhos negros predatórios faiscando e eu dou um passo para trás, mas ele me alcança e segura meus braços.
—Khadija...você não respondeu minha pergunta.
Eu engulo em seco e mantenho meus olhos nos dele.
Eu amo quando ele fala meu nome.
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