Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 49

No dia seguinte acordo com a claridade do quarto. Meus olhos sonolentos procuram o relógio. Nove horas. Nessa hora ouço uma batidinha de leve na porta.

Rashid costuma entrar, ele não bate para entrar. Com certeza é Zilá com alguma mensagem do patrão.

—Entre.

—Marḥaba! (Bom dia)

—Marḥaba!

—O patrão está preocupado com você. Ele te espera para o café da manhã.

Com certeza o primo dele, aquele idiota, foi embora.

—Oh, que amor! —Ironizei. —Diga a ele que vou tomar café no quarto. Que não me sinto bem.

Zilá me olha desconfiada:

—Não está grávida, está?

—Allah! Não!

—Então por que todos esses dias ficou no quarto indisposta?

Zilá não sabia do terço a metade.

—Peguei uma virose. Rashid não falou?

—Falou. —Ela diz observando meu rosto. —Mas eu não acreditei.

Quando ela sai, levanto-me preguiçosamente e vou até o banheiro. O reflexo do espelho mostra um rosto triste, mas meu olhar tem aquele brilho resoluto de valorização. Eu preciso ser forte. Não cair nas teias da sedução de Rashid. Ele precisa começar a me enxergar diferente.

Fui tão idiota quando me entreguei a ele. Iludida, imaginando que isso pudesse nos unir mais. Afinal, foi uma entrega.

Burra!

E eu não conheço minha raça?

Uma raça machista!

Para começar, eu nem era virgem. Tive um relacionamento com um rapaz, mas não deu certo. Ambos éramos muito jovens. Isso, com certeza contribuiu muito para os seus maus olhos sobre mim.

Solto o ar e resolvo não pensar nisso. Chega!

Tomo um banho demorado e me troco. Coloco um vestido azul-marinho e branco e fico na cama lendo um livro. Na hora do almoço Zilá surge no meu quarto.

—Não vai sair do quarto hoje?

—E Rashid? Ele saiu?

—Rashid foi trabalhar.

—Ótimo, agora eu posso me levantar. — Eu digo com um sorriso.

—Você brigou com Rashid!

Eu me dei conta do que falei.

— Tivemos um pequeno desentendimento por causa de ciúmes. — Allah! Espero que seja isso que ele sentiu.

Camila, uma das empregadas entrou com um ramalhete de flores do campo.

—Chegou para a senhorita.

Meu coração dá um salto no peito.

—Para mim? Oh que amor!

Eu me levanto da cama e forço um sorriso no rosto e pego o ramalhete das mãos dela, tiro o cartão.

Camila que olhava encantada para as flores, mas logo é enxotada por Zilá:

—Vamos Camila! Não tem nada para fazer, não?

Khadija, minha flor do deserto.

Ri comigo. Flor do deserto? Sim, devo ser agora um belo cacto. Que tem uma flor maravilhosa, mas nasce entre os espinhos.

Quero me desculpar por ontem. Eu estava nervoso. Não está sendo fácil para mim a perda de meu pai. Acho que reparou como ando nervoso. Como sabe, não sou assim. Tudo que está ao meu alcance, tenho feito para você se sentir confortável.

Suspirei. Sim, Rashid sempre me tratou muito bem. Desde a morte do pai dele que ele estava agindo diferente.

Claro! Que está. Antes eu bancava sua namorada, hospedada em sua casa, ao qual ele dizia estar conhecendo com a finalidade de ficar noivo e contrair casamento.

Eu era algo convincente para agradar o pai. Mas isso acabou.

Hoje terei um jantar de negócios.

Ah, logo vi. Ele precisa de mim.

Vou precisar dos seus serviços.

Serviços????? Allah! Que, que falta de romantismo.

Que arrogante! Sempre faz questão de mostrar exatamente como me enxerga.

Esteja pronta às oito horas. Quero sua presença linda, maravilhosa ao meu lado.

Rashid

Meus serviços? Muito bem! Serei bem profissional, agirei conforme o acordo. Estarei ao lado dele, linda, mas intocável.

—E então? —Zilá me pergunta com um olhar sonhador. —Ele quer fazer as pazes.

Só agora me dei conta que ela está ainda no quarto.

Zilá não sabe a minha história com Rashid. Ela pensa que estamos juntos, unidos pelo amor. Ninguém sabe do nosso acordo.

Suspiro teatralmente.

—Ah, tão amoroso, não? Uma grande demonstração de amor. Olha que é uma raridade hoje em dia. E você acredita que irei a uma festa hoje com ele?

Ela sorri de orelha a orelha, então cobre a boca.

—Allah! Quando você chegou aqui, magrinha, tímida, eu fiquei me perguntando o que Rashid tinha visto em você. Você parecia um patinho assustado. Insegura. Mas logo me surpreendi com você o acompanhando em eventos e em festas, toda arrumada, altiva, como uma modelo famosa. Acho que foi isso que o atraiu em você. Ele deve ter adorado lapidar essa pedra bruta.

—Allah! Zilá. Eu não era tão tímida assim! Eu só estava estranhando tudo...E sou reservada, não falo muito de mim.

—Rashid é um sonho de homem. O melhor. Ele tem surpreendido. Sempre te manda flores. Allah! Tão romântico. Aquele homem frio dissipou.

Não posso evitar de sorrir.

—Nossa! Muito! Rashid é um sonho de pessoa. Ele me surpreende a cada dia. —Ironizei.

Ela suspira.

—Espero que esteja gostando realmente dele. Que não esteja com ele apenas pelo que ele tem a te oferecer.

Eu aperto os lábios.

— Eu amo Rashid. Não dá para ver isso nos meus olhos?

— Não sei, Jéssica parecia apaixonada.

Allah! Ela tinha que me lembrar dessa mulher!

— Ela era bem convincente naquilo que planejava fazer. Eu não. Eu amo Rashid. Muito. Sou autêntica.

Ela observa minha expressão séria.

—Bem, vou cuidar do meu serviço. Já sabe que vestido irá usar? —Ela pergunta sonhadora.

—Com certeza um que ainda não usei. —Digo, me lembrando do que Rashid me disse sobre repetir vestidos em lugares públicos. Isso é uma gafe gigantesca. Eu só poderia repetir em festas familiares, "das quais eu não irei participar”.

Eu estou quase perdendo as esperanças quanto o amor de Rashid por mim. Acho que se não fosse a promissória que eu assinei, teria ido embora.

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