Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 54

Rashid

Agora estamos abraçados dentro da banheira. Estou me sentindo pleno. A água já está fria, mas nossos corpos estão quentes pela explosão do desejo satisfeito.

Eu a afasto de mim gentilmente.

—Vamos tomar um banho de chuveiro quente e nos trocar. Está fria a água. Você pode ficar doente.

Ela sorri para mim e meu coração se agita de felicidade. É incrível o poder que ele exerce sobre mim. Quando estou com ela, meu corpo libera endorfina, o hormônio da alegria. Dizem que chocolate tem esse poder. Khadija é melhor que chocolate ou qualquer outra coisa...

Eu desvio meus olhos com medo de ela ler isso em meus olhos. Eu me sinto atordoado quando penso nisso.

Depois que tomamos banho juntos, nos trocamos e saímos do quarto para tomarmos café.

Khadija

Sentada ao lado de Rashid, relanceio o olhar para ele. Suspiro e me sirvo de café. Ele não aceita que me ama, ou ele não me ama?

Amor é ação, muito mais que a palavra dita. Seu cuidado comigo tem demonstrado isso. Penso, olhando para ele novamente, e reparando em como ele é lindo, como eu sou louca por esse homem.

Ele ergue o rosto e procura meus olhos, sorri para mim.

—Você está especialmente linda hoje.

Eu lhe dou um leve sorriso. Rashid pega a minha mão e a beija docemente, então a coloca na mesa novamente. Pega um pão e passa geleia. Eu volto a atenção ao meu prato com um croissant, mas meus pensamentos estão a mil por hora.

Rashid está agindo de modo peculiar. Realmente diferente dos últimos dias desde que nos conhecemos e que seu pai morreu.

Seu semblante está mais relaxado, como se ele finalmente tivesse aceitado o “ nós”.

Mordendo o croissant, começo a pensar sobre esse novo momento, essa proximidade maior que passaríamos a ter juntos. Isso pode fazê-lo enxergar que temos mais afinidades do que ele imagina, que eu sou a mulher da vida dele. E a possibilidade de ele finalmente baixar sua guarda, aceitando que me ama, que está ligado a mim mais do que realmente imagina, é maior.

Então meu lado racional faz meu estômago se apertar me dizendo para agir com toda cautela do mundo, ele poderia sim, só estar vivendo como ele disse, o momento. E terminar tudo. Talvez o tempo faria com que ele fortalecesse mais os planos dele.

Rashid

Tomo o meu café pensativo, pensando na conversa que tivemos. Fazendo-me lembrar da fúria muda que me dominou quando me imaginei viajando e ela se encontrando com alguém, talvez aquele médico.

A confiança é um grande problema para mim. Basicamente, eu não confio em ninguém. Eu acho que, essencialmente, todas as mulheres são cadelas frias não confiáveis. Então imponho minhas regras sem esclarecer meus motivos.

E posso dizer que é isso é um círculo vicioso, talvez um erro meu; nossa relação até agora tem sido superficial por minha causa; tudo para eu não me apaixonar e para preservá-la também. Isso explica por que fiz questão de saber pouco da vida dela. Ela também não conhece direito a minha. Não sou um livro aberto.

São meus dois lados divididos em partes iguais nessa balança:

Um diz que sou um homem fascinante por todo material que posso lhe oferecer e isso faz com que eu me proteja. Não quero me apaixonar por alguém que me vê com lucro.

O outro lado —o mais otimista e que eu nego quando ele quer crescer dentro de mim—quer preservar os sentimentos dela. Acreditando que ela pode se apaixonar pelo homem Rashid. Não quero que ela sofra, pois sinceramente, não sei se eu acreditaria nisso.

Eu sei o que provém o meu descrédito em relação aos sentimentos dela por mim. Sua profissão me causa ojeriza. E o fato de eu ter pago por seus serviços abriu um abismo entre nós. Eu me aproximei dela com uma ponte frágil, mas que ruirá a qualquer momento. Estou apenas atraído pelo desconhecido.

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