Khadija
Rashid é imprevisível, em alguns aspectos, embora seja claro os seus dois lados, como em uma moeda. Um lado eu vejo sua preocupação comigo, seu cuidado, seu lado apaixonado.
O outro vejo que ele está se preparando para me deixar.
O lado apaixonado rosna de ciúmes quando um homem me olha.
Se preocupa com meu conforto, excessivamente. Se estou bem, feliz, se tenho tudo que preciso.
Ouve-me atentamente quando falo com ele, não importa a superficialidade do assunto, ele está sempre atento a tudo que eu digo, vejo a felicidade dele quando conversamos, claro que só uso o tempo verbal no presente. Sem passado.
Uma coisa não muda. Quando ele fala, ele pensa demais para não se expor, para eu não saber seus sentimentos. Como se suas palavras fossem um dom precioso, e quando eu as recebia, deveria me julgar sortuda por ouvi-las.
O futuro é seu outro lado da moeda...
Ele tem pago uma professora para mim. Ele quer que eu me prepare para prestar uma faculdade. Quer que eu me especialize em alguma profissão.
Como ele disse: “Você irá envelhecer, precisa se preparar para o futuro. ”
Rashid e eu fomos ao banco fazer uma conta poupança para mim, ele fez questão de cumprir com sua promessa e já depositou uma enorme quantia.
Isso tudo não me deixou feliz. Tem me deixado triste. Sua atitude demonstra claramente que ele está me preparando para eu deixá-lo. Ele se preocupa comigo, mas eu não me iludo. Estou sendo paga por doar meu tempo a ele.
E assim, um mês passou com bastante facilidade. Nos amando, eu estudando, ele trabalhando e às vezes viajando.
Estamos acomodados ao redor da mesa de jantar, tomando café da manhã juntos. Eu ando enjoada, estou fazendo de tudo para ele não perceber. Ele não pode saber. Os sintomas são persistentes. Meu ciclo está atrasado há duas semanas.
Grávida, sim estou grávida, não há outra explicação. O pânico assume o comando quando penso nisso. O sangue sai do meu rosto, deixando-me confusa. Meus lábios entreabertos com a respiração entrecortada e meu coração começa a bater forte. Estou quase à beira do descontrole da histeria.
Eu não estava comendo nada. Só consegui tomar um suco de laranja e talvez o deixasse no vaso sanitário daqui a pouco.
—Khadija, o que você tem? —Ele ficou em pé e aproximou-se de mim. — Você está muito estranha. Aconteceu alguma coisa?
Faço cara de paisagem.
—Não...o que poderia ter acontecido? —Minto com um sorriso e me levanto para não ter que encará-lo.
—Não está gostando da professora? Eu posso trocá-la.
Ele se aproxima de mim segurando-me pelos ombros com delicadeza e obrigando-me a encará-lo.
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