Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 69

Khadija

Quando Rashid sai, eu desmorono no sofá. Cansei de me sentir um hamster numa roda correndo sem ir a lugar algum. Eu estou com raiva dele.

Quem é ele para entrar aqui e achar que me terá assim, fácil, com seus jogos de palavras? Estou com raiva por ele aparecer e tirar a serenidade que eu consegui com tanta dificuldade. Eu a construí aos poucos, como um construtor, fui me erguendo. Tijolinho por tijolinho, com pensamentos positivos.

Agora estou com raiva também de mim, por reagir com aquela violência de desejo, sentimentos. Aquilo tinha tudo para dar errado. Se eu for adiante, entrarei num caminho sem volta.

Rashid é tão imprevisível, bipolar, ele não é um homem qualquer. Não consigo acreditar em seus sentimentos.

Acabou. Por mais que eu sangre por dentro e saiba que passarei o inferno longe dele. Esses pensamentos me assolam e eu choro por isso, choro por desistir, choro por agora não saber se é a coisa certa a fazer.

Quando Helena chegou eu já estava melhor. Ela perguntou do meu dia e eu contei que Rashid tinha entrado aqui e contei a conversa toda.

—Não tiro sua razão de ter sido dura com ele. Mas você me disse que ele confessou que te ama. Ele pode estar dizendo a verdade.

—Você não o conhece. Ele é bipolar. Rashid é um mistério para mim. Acredito que seja o fato de não sabermos do passado um do outro. Vivemos apenas o presente. Como posso confiar em um homem assim?

Ela suspira.

—E o que você irá fazer?

—Não sei, mas resolvi que não irei mais fugir. Vou enfrentá-lo. Agora que ele sabe da gravidez não terei mais sossego. Ele irá me caçar onde quer que eu vá.

—Bem, isso é verdade. Ele tem recursos o suficiente para te encontrar onde quer que seja. Por isso que eu acho que você deveria apenas tentar entende-lo. Conversar com ele, coisa que vocês nunca fizeram antes. Ele pode estar se dando conta que te ama realmente.

—Não sei, só sei que eu tenho que me preocupar comigo e com meu filho. E você é uma romântica incorrigível e pode estar vendo romance em tudo.

Ela sorri.

—Eu sei que essa história não é minha. Talvez eu devesse ficar calada, mas sei que está sofrendo. Só acho que deve abrir o coração e tente entendê-lo.

Eu respiro fundo.

—Não sei...do jeito que estou com raiva dele. Foi tão bom vê-lo fragilizado, sem aquele orgulho. Numa posição mais humilde. Foi como ver um rei deposto de seu trono.

Helena assente.

—Posso elucidar uma coisa que você está se esquecendo. Ele foi sincero o tempo todo com você. Não te prometeu nada, não te enganou. Por que ele não seria sincero agora? Se ele se diz apaixonado, se ele declarou agora que te ama, por que ele estaria mentindo? Te enganando ou se enganando?

Mantive-me em silêncio, refletindo sobre isso. Sim, ela está certa. Ele não me iludiu. Ele sempre me fez enxergar o que ele queria de mim. Quem sabe nosso afastamento tenha feito ele sentir minha falta? Quem sabe seus olhos foram abertos em relação ao que ele sente por mim?

Talvez tivesse analisado sua vida e se dado conta que sua vida errante, de sexo sem compromisso, era vazia. Talvez tenha descoberto o valor de amar, o companheirismo e a amizade compartilhada.

Quem sabe ele está tentando se aproximar de mim para finalmente irmos além de tudo que tivemos até então?

Ele pode ter se dado conta que quer uma família. Então agora está inteiro, querendo ter uma vida completa ao meu lado. Talvez todos os meus sonhos estivessem para ser realizado e meus anseios desde pequena para ter uma família se cumpriria.

Tudo isso é um sonho? Estou me enganando mais uma vez?

Não irei com muita sede ao pote. Estarei com meus pés firmados no chão. O que eu poderia perder que eu já não perdi?

Eu encaro Helena me sentindo mais animada.

—Você está certa. Mas não irei com calma. Rashid pode estar confuso por causa do nosso filho.

—Assim que se fala. Seu filho precisa do pai. Pense nele agora. A figura do pai é importante.

—É eu sei. Sei por que cresci sem pai. Ele foi embora com outra mulher logo que eu nasci. —Digo limpando as lágrimas com raiva e me lembro de uma coisa que me feriu muito. —Foi duro não participar da vida do sheik em seus últimos dias. Até isso Rashid me negou. Eu já o tinha como um pai, pois ele me tratava como uma filha.

Ela aperta os lábios, tocada com minhas palavras.

—Sim, ele agiu friamente, mas ele pode estar arrependido. Ter mudado.

—Eh, pode estar. Mas não acredito que Rashid irá me procurar tão cedo. Eu fui muito dura com ele.

Ela deu de ombros.

—Isso não importa. Mas com certeza ele irá te procurar e você já sabe o que tem que fazer. Não resista, não ataque, converse e tente entendê-lo.

Suspiro.

—Tentarei fazer isso.

—Ótimo, assim que se fala. —Ela então sorri. —Ah, que isso fique entre nós. Roger não pode saber por enquanto. Ele não o suporta. Com certeza remará contra. Se eu não tivesse certeza de seu amor por mim, eu diria que ele está apaixonado por você.

Eu arregalo os olhos, surpresa com as palavras dela.

—Não tenho dúvidas que ele te ama. Rashid que passou uma péssima imagem e isso ficou na cabeça dele. E talvez ele esteja certo.

—Pare com isso! Já te disse, abra o coração.

—Ah, tudo bem! —Eu digo.

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