ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 141

Rebecca manteve-se reclusa em seu apartamento ao longo de toda a semana, recusando contatos de todos os seus amigos e até mesmo as insistentes ligações de seu chefe. Naquele momento, ela só queria viver sua dor em paz, sem ouvir palavras de conforto ou ouvir constantemente que tudo ficaria bem, quando ela sabia que não ficaria. A necessidade de enfrentar a realidade surge quando ela lê a mensagem que acabou de receber.

“Srta. Jenkins, sinto muito pela tua perda. Mas se você não retornar ao trabalho amanhã, você estará demitida.”

No dia seguinte, Rebecca trancou a sete chaves em seu coração toda a dor que ela sentiu ao longo daquela semana, dores que vêm acompanhando-a por longos anos. A vida segue seu curso, as mágoas são enterradas profundamente sob a fachada de normalidade que ela precisa manter, e as lágrimas, essas, são derramadas em segredo durante as noites solitárias. Com um sorriso forçado no rosto, ela adentra o escritório de Natan, recebendo um olhar indecifrável.

— Sente-se, Srta. Jenkins. — Diz, apontando para a cadeira com uma expressão preocupada. — Como você está? — Pergunta, demonstrando uma genuína compaixão.

— Estou melhorando. — Responde, com palavras breves.

— Você precisa de alguma coisa? — Questiona, levantando-se e parando na frente dela, seu rosto refletindo preocupação.

— Trabalhar será suficiente para me manter afastada de todos os pensamentos que me causam dor. — Responde, com a voz embargada.

Natan se agacha na frente dela e envolve-a em um abraço caloroso e reconfortante. Naquele momento, Rebecca não consegue conter suas lágrimas, permitindo-se ser vulnerável diante de seu chefe. Em meio à turbulência de suas emoções, encontra um pouco de apoio.

— Me desculpe por pressioná-la a voltar ao trabalho. Você quer ficar mais alguns dias em casa? — Pergunta, acariciando com ternura o cabelo dela.

— Agradeço, mas não precisa. — Responde, enxugando as lágrimas que teimavam em cair. Natan mantém o olhar calmo e compreensivo, aproximando-se um pouco mais dela.

— Você pode sempre contar comigo. — Diz, colocando gentilmente o cabelo dela atrás da orelha. — Você não precisa sofrer sozinha, pode chorar em meus ombros, sempre que quiser.

— Obrigada. — Responde, com um leve sorriso, sentindo um pouco de alívio em sua dor.

Natan leva sua mão ao rosto dela e acaricia gentilmente sua pele, deixando aflorar todo o desejo que estava escondendo nos últimos meses. Aquela proximidade fez com que ele não pudesse mais conter o que estava sentindo. Desde o primeiro encontro, ele a achou fascinante, e à medida que o tempo passava, seu interesse apenas aumentava. Agora, com o calor de sua pele tão próxima, ele se deixou levar pelo desejo e num ato impulsivo, seus lábios encontraram os dela em um beijo que durou apenas alguns segundos. Rebecca se levanta subitamente, atordoada com o beijo inesperado.

— Com licença. — Murmura, saindo da sala com pressa. Natan a segue e segura-a pelo braço.

— Rebecca, por favor, espere.

— Por favor, me solte. — Pede, consciente dos olhares curiosos dos colegas de trabalho ao redor deles. — Estamos no horário de expediente.

— Eu não me importo, só quero um minuto com você.

— Não é o momento, Sr. Plaenge. — Responde, soltando seu braço e afastando-se, caminhando em direção à sua sala.

— Maldição! — Resmunga Natan, passando a mão pelos cabelos enquanto volta para sua sala.

Rebecca se senta em sua cadeira, deixando a cabeça pender na mesa, tentando absorver o turbilhão de emoções daquele momento. Ela não estava preparada para a atitude inesperada de seu chefe, e a situação a deixou perplexa e perturbada. Com um suspiro profundo, pega o celular e envia uma mensagem para Susan.

“Vamos jantar mais tarde?” — Rebecca aguarda impacientemente por uma resposta.

“Claro, onde você quer ir?”

“No meu apartamento, podemos pedir um lanche e ver algumas séries, como nos velhos tempos, o que acha?”

“Só se eu puder pernoitar!”

“Não esperava nada diferente disso.”

Rebecca passa a tarde toda no escritório, ignorando todas as tentativas de Natan de iniciar uma conversa. Ela sabe que, naquele momento, ele não estava interessado em assuntos profissionais. Ao encerrar seu turno de trabalho, ela sai de sua sala em direção aos elevadores para ir para casa.

— Srta. Jenkins? — Chama Natan, e ela agradece quando as portas do elevador se abrem. Ela entra rapidamente, como se estivesse fugindo de um fantasma, apertando o botão do térreo repetidamente, enquanto o encara se aproximando.

— Por favor, converse comigo alguns minutos. — Pede, ao entrar no elevador.

— Você pode me dar um espaço, por favor. — Responde, desejando encontrar um momento de paz e distância em meio a todos os tumultos de sua vida.