ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 159

Alguns dias depois, Rebecca voltou para Seattle, enfrentando um dos momentos mais difíceis de sua vida. Uma parte de seu coração clama que algo está errado, enquanto as ameaças públicas de Alex a fazem temer. Mesmo que isso signifique continuar a mentir sobre a existência dos filhos, seu lado racional prevalece. Ela suspira, com o coração batendo forte, e toca a campainha.

— O que você está fazendo aqui? — Pergunta Samantha, surpresa ao abrir a porta.

— Sei que meu rosto é o último que você quer ver, mas não tenho mais para onde correr. — Diz Rebecca, com os olhos marejados, segurando as lágrimas.

— Por favor, entre. — Samantha abre a porta mais amplamente, abrindo espaço para que Rebecca entre. — Rosa, faça um café para nós.

— Samantha, eu sei que não mereço o seu perdão pelo que aconteceu no passado e eu só quero me desculpar por tudo o que…

— Não foi você quem fez, foi ele. — Interrompe, sua expressão mostrando compaixão. — Você não precisa pedir desculpas pelos erros dele.

— Não foi o Alex, a decisão foi minha. Ele estava disposto a seguir em frente e esquecer tudo aquilo, mas eu insisti que ele continuasse. Me desculpe. — Implora com sinceridade em sua voz.

— Você não tem ideia das coisas que enfrentei quando perdemos tudo. Meu pai se afundou no álcool, e as coisas ficaram terríveis, principalmente quando Peter fugiu com todas as economias das duas famílias. Todos me culparam, e eu vivenciei as consequências das humilhações. — Samantha baixa o olhar, lágrimas escorrendo. — E quando minha mãe se casou novamente com um fazendeiro rico, eu não era bem-vinda na família dela, apenas a Sabrina. Passei mais de um ano sofrendo abusos e agressões nas mãos do meu pai, até que a morte finalmente o levou.

— Me desculpe, prima. Sinto muito que minha raiva tenha causado tanto sofrimento a você. Se pudesse voltar, faria as coisas de maneira diferente.

— De alguma forma, acho que só estamos colhendo o que plantamos. — Diz, enxugando as lágrimas que escorreram por seu rosto. — Por mais que eu queira odiar você, mas no fundo, entendo tudo o que você passou. E hoje, sua vida parece estar ainda mais difícil, não é?

— Sim. — Rebecca responde com a voz embargada, incapaz de conter as lágrimas.

— Sinto muito pela perda de seus filhos. Não consigo nem imaginar a dor que isso deve estar causando. — Fala com sinceridade, abraçando Rebecca, que chora em seu ombro. As duas primas, apesar de todas as diferenças e mágoas do passado, encontram algum consolo naquele momento de apoio mútuo.

— Doeu muito quando perdi a minha filha, e acredito que essa dor vai me acompanhar pelo resto da vida. Não perdi meu bebê, como as notícias divulgaram. — A expressão de Samantha revela uma mistura de emoções, incluindo choque e confusão. — Na verdade, eu tive gêmeos, por isso estou aqui.

— Meu Deus, isso é sério? — Pergunta, visivelmente confusa.

— Estou vendo miragens? — André indaga ao entrar na sala, recebendo os olhares das duas mulheres. — Boa tarde, meu amor. — Diz ao se aproximar e puxar Samantha para um beijo.

— Prima, André e eu nos casamos há um ano. Ele me ajudou num momento difícil da minha vida. É quase uma história de conto de fadas, acabei virando empregada na casa dele. — Diz com um sorriso tímido. — E depois de um tempo, acabamos nos apaixonando.

— Samantha, fico muito feliz que você tenha encontrado a felicidade. Parabéns! Desejo que a vida de vocês seja sempre repleta de amor. — Responde com um abraço carinhoso.

— É realmente estranho, não é? Quem poderia imaginar que eu acabaria me casando com a sua prima, aquela que eu costumava chamar de bruxa! — Exclama, provocando risadas de ambas. — O mundo dá voltas inacreditáveis, não é? E agora você está aqui, pedindo ajuda porque sua vida está desmoronando. Eu sempre disse que aquele homem era um problema, por que você não se afastou dele? Ele já arruinou a vida de tantas pessoas e continua fazendo isso, apenas porque gosta. Mas pelo visto, você só percebeu agora que a sua vida é o próximo alvo dele, não é verdade?

— Por favor, André, não faça isso, não me destrua mais. Eu não estaria aqui se não fosse minha única opção. — Suplica com uma expressão de desespero.