ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 163

Após a comemoração do aniversário de Guilherme, todos retomam suas rotinas diárias. À medida que os dias passam, os negócios do grupo de amigos se tornam cada vez mais desafiadores. A frustração de Rebecca cresce, pois o que inicialmente deveria ser uma questão entre Alex e ela se transformou em um dilema que afeta a todos ao redor.

— Sabe o que não consigo entender, Susan? — Indaga, deslizando a taça pelos lábios. — Por que ele me pediu para voltar se não tem intenção de manter contato comigo? Eu já perdi a conta de quantas vezes liguei para o escritório da Wealth Technologies, e a resposta é sempre a mesma: “Desculpe, Srta. Jenkins, o Sr. Baker é um homem muito ocupado”, e por aí vai. Estou quase virando uma estátua na porta daquele prédio. — Seu desabafo arranca risadas de Susan.

— Rebecca, por que você tem ligado para ele? — Questiona Susan, sua curiosidade visível.

— Eu não tenho certeza. Uso como desculpa todos esses problemas nos negócios que estamos enfrentando, mas a verdade é que, mesmo com aquela ligação e a coletiva, sinto a necessidade de um confronto com ele, olhar nos olhos dele e ouvi-lo repetir. Sinto-me uma pessoa terrível, uma mulher que é insuficiente, uma mãe pior ainda. Estou mantendo meus filhos afastados do pai e o pai longe dos filhos e isso simplesmente não é justo.

— Rebecca, essa situação é complicada, mas você não deve se culpar. Ele te fez entender que fez, até mesmo te ameaçou publicamente. Você fez o que qualquer mãe faria, protegeu seus filhos. E em relação a se afastar deles, foi uma decisão baseada no mesmo princípio, porque você sabe que Alex sempre vai te encontrar, não importa onde você esteja. Agora, com Samantha e André morando em Nova York, você está passando mais tempo com os gêmeos. Quando você ficará com eles novamente?

— Amanhã, vou passar o dia com eles e ficarei até a manhã seguinte. Mal posso esperar. — Responde, um sorriso radiante nos lábios.

— Amigas, que bom ver vocês. — Diz Melissa, aproximando-se da mesa onde estão suas amigas. — Espero que não se importem com a minha presença.

— Claro que não, é sempre um prazer vê-la, Melissa. — Responde Susan, enquanto Rebecca, com um esforço visível, ergue sua taça de vinho e leva-a aos lábios.

— Rebecca, eu sinto muito por tudo que você pass...

— Obrigada, mas eu não quero falar disso. — Rebecca interrompe Melissa de forma ríspida, preenchendo sua taça com mais vinho. — Se Alex estivesse aqui, ele estaria brigando comigo. — Uma risada contida escapa de seus lábios. — Droga! — Resmunga, ao perceber que as lembranças dele estão começando a invadir sua mente.

— Acho que você já bebeu demais, amiga. Que tal comer alguma coisa? — Susan sugere, preocupada com o estado alterado dela.

— Não quero. — Responde, olhando as horas em seu relógio de pulso.

— Rebecca e sua mania de sempre beber demais, algumas coisas nunca mudam, não é? — Melissa alfineta com um sorriso malicioso. — Foi assim que você entrou nessa enrascada, bebendo demais e acordando na cama de um desconhecido.

— Mesmo com tudo, segue sendo a melhor enrascada que já me envolvi. E acredite, já acordei na cama de conhecidos e foi uma péssima experiência. — Responde, provocando com um tom de ousadia

— Amiga, para com isso, quer que eu te acompanhe até em casa? — Sugere Susan, tentando suavizar o clima.

— Não vou para casa. Vou direto ao escritório da Wealth Technologies e se ele não estiver lá, vasculharei todas as propriedades registradas em seu nome. Hoje, ele não escapará de mim. — Conclui, levantando-se e indo em direção à porta.

— Amiga, me desculpe. — Fala Susan, com constrangimento, pegando as bolsas dela e de Rebecca. — Por favor, cuide de tudo aqui. Depois eu te devolvo o dinheiro. — Sem aguardar resposta, ela seguiu rapidamente Rebecca.

— Como detesto o tipo de mulheres em que vocês se transformaram. — Resmunga, sua irritação evidente. — Me deixaram sozinha, com a conta para pagar.

— Por que está falando sozinha? — Questiona Nicole ao se aproximar, acomodando-se na cadeira.

— Sr. Baker, está tudo bem? — Questiona Nicole, entrando na sala dele e observando-o fechar a porta com força.

— Você não estava de folga hoje? — Indaga, lutando para conter sua irritação.

— Sim, mas gosto de trabalhar. Este lugar me faz sentir bem. Está tudo bem? — Repete, percebendo o estresse que ele carrega.

— Mais ou menos. Ryan está tentando novamente obter minha prisão preventiva. — Ele mente, com suas emoções sob controle. — Sra. Curtis, consegui autorização do tribunal para viajar a Denver nos próximos dias. Tenho negócios de extrema importância para tratar lá. Ficaria encantado se você me acompanhasse. — Nicole esboça um sorriso amplo. — No entanto, infelizmente, temos uma série de reuniões cruciais agendadas aqui. Não tenho com quem contar, acha que consegue me substituir durante minha ausência? — O sorriso desvanece dos lábios dela. — Prometo que vou recompensá-la na minha volta, quem sabe com um jantar? — Pergunta, observando-a atentamente.

— Com certeza, Sr. Baker. Você pode contar comigo. — Responde, vislumbrando um jantar com ele.

— Você é uma mulher excepcional e a sorte é minha por tê-la ao meu lado. — Diz, envolvendo-a em um abraço. — Muito obrigado por tudo, sem você, eu seria incapaz. — Sussurra, depositando um breve beijo próximo aos lábios dela. — Boa noite, Sra. Curtis. O uso do título sempre me incomoda. — Fala, lançando um olhar sugestivo. — Amanhã, estarei o dia inteiro fora em reuniões. Por favor, feche a porta ao sair. — Conclui, saindo da sala. Ao passar pela porta, seu sorriso desaparece.

Nicole está em êxtase naquele momento. Cada vez que sente o toque de Alex, mesmo que seja apenas um aperto de mão, seu corpo se incendeia e ela fica fora de si. Quando finalmente recupera seus movimentos, sai da sala radiante, desfilando pelos corredores com um sorriso que parece iluminar o ambiente.

No dia seguinte, Alex opta por permanecer em seu apartamento, evitando qualquer contato com Nicole, principalmente porque está nervoso e ansioso. Cada minuto que passa, cada toque do celular traz uma expectativa diferente. Seu dia é dominado por uma espera angustiante por respostas. Ele passa a noite em claro e, somente na manhã seguinte, recebe finalmente a notícia que tanto esperou. Sem hesitar, pega um avião rumo ao seu destino, incrédulo diante daquela possibilidade.

Após um pouco mais de uma hora de voo e alguns minutos de direção, ele chega ao endereço indicado. Nada o impediria de acessar aquele lugar, então ele recorre ao seu recurso mais eficaz, o dinheiro, para subornar o segurança e obter acesso ao local. Ao parar diante da enorme porta de entrada, ele suspira e ao tocar a campainha, seu coração dispara e a tensão é visível enquanto aguarda, sem conseguir conter a ansiedade.