ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 162

O tempo continuou avançando e Alex manteve-se distante de Rebecca, observando-a de longe enquanto criava obstáculos para os negócios de seus amigos. À medida que o mês de agosto chegou, lembranças dolorosas o assombravam. A agressão que Rebecca sofreu estava prestes a completar um ano e a frustração e impotência de Alex só cresciam, pois ele ainda não tinha pistas relevantes sobre o ocorrido. Carregava consigo o peso de não poder compartilhar com a mulher que ama todas as informações que possuía.

No tempo que passava com Alex, Nicole constantemente criava jogos de sedução, notando o interesse que ele manifestava ao observá-la, um olhar que ele nunca havia direcionado a ela no passado. Com frequência, ela enviava presentes para si mesma, como flores, chocolates e joias, assinando-os em nome de Peter, na esperança de provocar ciúmes em Alex. Peter sempre a buscava no fim do expediente.

— Sr. Baker, segura o elevador para mim, por favor. — Pede Nicole, caminhando apressadamente. Alex sorri e mantém a porta do elevador aberta.

— Claro, Sra. Curtis. — Aperta o botão do térreo, mantendo seu olhar fixo nela. — Você está sempre tão elegante. — Comenta, arrancando um sorriso tímido dela.

— Sr. Baker, eu me sinto constrangida assim. — Diz, passando a mão pelo cabelo, seus olhos expressando uma mistura de nervosismo e desejo.

— Por quê? — Sussurra rente ao ouvido dela, deslizando seus dedos pelas costas de Nicole, provocando um gemido contido que percorre todo o corpo dela. — Foi apenas uma constatação de como você é uma mulher incrivelmente bonita, algo que me encanta. — Alex morde suavemente o canto do lábio. — Você está sempre tão deslumbrante, Sra. Curtis.

— Obrigada. — Agradece com a voz trêmula, seu desejo queima intensamente. Nicole vira-se para ele e fecha os olhos ao ver a porta se abrir. — Droga. — Resmunga baixinho.

— Às vezes, desejo que o tempo se arraste mais devagar. — Constata, segurando a porta do elevador. — Por favor, Sra. Curtis. — Diz, indicando gentilmente que ela saia primeiro.

— Muito obrigada. Até amanhã, Sr. Baker. Tenha uma noite incrível e sonhos maravilhosos. — Responde, saindo do elevador com uma expressão sedutora. Alex sorri e a segue, segurando-a delicadamente pelo braço.

— Ainda me sinto estranho chamando você de senhora, gostava mais quando você era uma senhorita. Tenho certeza de que terei sonhos incríveis esta noite! — Exclama, percorrendo Nicole com um olhar de baixo acima, até que seus olhos se encontrem nos dela. — Mas há alguns sonhos que prefiro viver acordado. Tenha uma ótima noite, Sra. Curtis. — Diz, com um sorriso sugestivo. — A propósito, faça-me um favor. Peça ao seu marido para esperar lá fora, não gosto de vê-lo aqui. — Sussurra no ouvido dela. — Você está sempre tão perfumada. — Conclui, se afastando com um sorriso, encarando Peter.

Nicole permanece imóvel, a proximidade com Alex incendeia cada centímetro de seu corpo. Suas pernas tremem, e ela se sente paralisada, incapaz de se mover. Seus dedos percorrem seu cabelo, enquanto um sorriso radiante ilumina seu rosto, refletindo a intensidade do momento, que a envolve por completo. Um suspiro profundo a ajuda a recuperar o controle sobre seu corpo e finalmente, ela caminha em direção a Peter.

— Pelo menos poderia disfarçar, não acha? — Peter resmunga, segurando-a pela mão. — Afinal, todos sabem que somos casados.

— Eu disse que isso iria funcionar, Peter. Meu homem é um verdadeiro alfa, era óbvio que ele se sentiria desconfortável com a tua presença. — Fala, irradiando felicidade. — Você não precisa mais vir me buscar, ele não quer te ver aqui. Alcançamos nosso objetivo. — Conclui, sentindo seu coração acelerar.

Alex flertava constantemente com Nicole, deixando-a cada vez mais convencida de que seu jogo de sedução estava funcionando. No dia seguinte, ele a ignora pela manhã inteira. Após o almoço, quando se prepara para retornar ao grupo Wealth, ele escuta uma voz familiar chamando-o. Alex vira-se e sorri ao ver uma criança correndo em sua direção, pulando em seus braços.

— Você está crescendo rápido, garotão. — Diz, com James nos braços.

— Titio, por que o senhor não veio me visitar? — Pergunta James com um olhar curioso.

— O titio está ocupado resolvendo muitos problemas, mas prometo que assim que terminar, vou te visitar.

— Promete, titio? — Pergunta, animado.

— Prometo e o titio sempre cumpre suas promessas. — Conclui, dando um beijo na bochecha do sobrinho e colocando-o no chão.

— Como você tem passado, Alex? — Bryan pergunta, estendendo a mão em direção ao irmão. Alex sorri e aceita o aperto de mão.

— Dentro do possível, estou bem. E você, como está?

— Estou indo bem, obrigado.

— James está se tornando um rapazinho, o tempo realmente voa, não é?

No salão de festas, elegantemente decorado com o tema circo, amigos e familiares já estão presentes, aproveitando o momento especial do primeiro aniversário de Guilherme. Após os parabéns, os amigos se reúnem e iniciam conversas animadas.

— Como estão os gêmeos, Rebecca? — Pergunta Sophia.

— Eles estão bem, o tempo está voando, em duas semanas eles vão completar dez meses. Estão cada dia mais lindos, Nicolas tem o olhar do pai. — Diz, abaixando o olhar.

— Aliás, nos deparamos com o Alex mais cedo, quando estávamos chegando.

— Como ele está, Bryan? — Pergunta, curiosa por notícias dele. Mesmo após quase cinco meses de seu retorno a Boston, ela não teve nenhum contato com ele.

— Como você estaria? — Rebate Bryan. — Não me leve a mal, mas por que continua mentindo para ele? Em algum momento, ele descobrirá. Estamos falando de Alex Shaw. Ele é extremamente inteligente. Quando ele descobrir, será ainda pior. — Rebecca abaixa o olhar, incapaz de encontrar uma resposta para a pergunta.

— Quando isso acontecer, ele já estará atrás das grades. — Afirma Christine.

— Eu não acredito que ele seja o culpado. Mesmo agora, acredito que o amor dele por você, Rebecca, supere o ódio que um dia sentiram um pelo outro. Após o que aconteceu naquela coletiva, todos vocês estão indo muito bem. Se Alex realmente quisesse arruinar todos vocês, já o teria feito. O que há de errado com vocês?

— O áudio é irrefutável, infelizmente Alex fez. Dói em todos nós. Mas ele fez, apenas aceite, Bryan. — Ryan exalta.

— Não me convence, deve haver uma explicação. Vocês sempre foram uns péssimos amigos para ele, sempre se colocam contra ele, assim foi com Sophia e o tempo todo com Rebecca. Não sei como ele continuou sendo amigo de vocês. Eu não seria, porque vocês não estão sendo justos com ele. Vamos, querida, vamos embora. Parabéns, irmã, pela linda festa e pelo lindo filho, amamos vocês. — Conclui Bryan, saindo com Sophia e seu filho.

A mesa fica em um silêncio constrangedor. Rebecca não consegue erguer o olhar, consciente de que, naquele momento, todos os seus amigos a observam. Disfarçadamente, ela seca uma única lágrima que escapa, enquanto pondera sobre o peso que carrega há quase dez meses, privando seus filhos do contato com o pai. No entanto, as palavras de Alex sempre a fazem recuar e mantê-lo à distância.