ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 165

Ao longo do dia, Alex mergulhou profundamente na companhia dos filhos, emanando alegria e felicidade em cada ação, desde alimentá-los até cuidar da sua higiene e embalá-los para o sono. Cada pequeno gesto desencadeou uma enxurrada de emoções indescritíveis e naqueles preciosos momentos com seus filhos, todas as suas angústias e problemas pareciam desaparecer. Quando os gêmeos finalmente adormeceram, Alex se reúne com André e Samantha na sala de estar para compartilhar um café.

— Como a Rebecca lida com tudo isso? — Indaga Alex, enquanto toma assento à mesa.

— Ela faz questão de nos visitar com regularidade, pelo menos cinco vezes por semana. Sua rotina é extenuante, por vir direto do trabalho e parte logo cedo. Mudamos para Nova York para facilitar as coisas para ela. Inclusive, não fazia uma hora que ela saiu quando você chegou. — Samantha responde com um sorriso repleto de afeto.

— Eu sei, quem você acha que me trouxe até aqui? — Questiona Alex, um leve sorriso iluminando seu rosto. — Preciso entender como isso funciona. Ela costuma avisar vocês quando vem? Quero ter esse contato com meus filhos, mas ainda não posso permitir que Rebecca saiba que estou ciente de suas existências.

— Ela sempre me avisa nos dias em que está vindo para Nova York. Acho que será relativamente fácil para você se adaptar a isso. Mas, Alex, eu preciso saber, os gêmeos e minha prima estão em perigo?

— Enquanto eles permanecerem incógnitos e Rebecca estiver longe de mim, estarão seguros. É surpreendente o quanto a maldade permeou nossas vidas e infelizmente, Rebecca precisou sofrer novamente para que eu pudesse enxergar isso. — Diz, abaixando o olhar, o peso de sua culpa pesando sobre ele. — Agradeço por me permitirem compartilhar este tempo com meus filhos. Não há palavras suficientes para descrever a grandiosidade deste momento. — Suas palavras carregam uma intensa emoção, revelando a profundidade de seus sentimentos.

— Alex, você precisa de alguma assistência para lidar com essa situação? — Pergunta André, procurando oferecer seu apoio.

— Por enquanto, não. Como mencionei, quanto menos pessoas envolvidas, melhor. Planejo contratar seguranças para garantir a proteção dos meus filhos. Não quero deixá-los desprotegidos. Fiquem tranquilos, eles agirão discretamente e Rebecca não notará essas mudanças. — Responde, demonstrando determinação em manter seus filhos seguros, ao mesmo tempo, em que tenta preservar a normalidade da vida de Rebecca.

Após o café, Alex acorda gentilmente os gêmeos, estabelecendo uma rotina de sono saudável. O restante da tarde é dedicado inteiramente aos seus filhos. No jantar, ele os alimenta com destreza e carinho, enquanto os pequenos parecem completamente à vontade em seus braços. Não há vestígios de estranheza, como se tivessem compartilhado o calor reconfortante do pai desde o momento em que vieram ao mundo. André e Samantha observam com admiração a conexão única que se desenrola diante deles, notando os cuidados minuciosos de Alex com as crianças, uma demonstração de amor e dedicação que faz com que pareça que ele cuida de crianças há uma eternidade.

Uma hora após o jantar, Alex conduz os gêmeos até o banheiro, onde o ambiente é inundado de risos e brincadeiras. A alegria dos pequenos preenche o espaço. Após o banho e devidamente vestidos para a noite, Alex os leva até o quarto. Com um filho em cada braço, ele lê um livro infantil, envolvendo-os em um mundo de imaginação. Os gêmeos, são embalados pelas histórias e pelo tom sereno da voz de seu pai, adormecendo com sorrisos suaves nos rostos.

Quando finalmente adormecem, Alex os coloca com carinho na cama e com o coração inundado pela felicidade de tê-los em sua vida, ele se senta em uma poltrona próxima. Observando os pequenos anjos enquanto sonham, ele sente que, apesar dos desafios que os cercam, este é um momento precioso que torna todas as lutas e incertezas insignificantes.

Em seu apartamento em Boston, Rebecca está deitada, segurando o celular com uma mão trêmula. Ela alterna entre olhar as fotos de seus filhos, capturando sua inocência e sorrisos e as imagens dos momentos felizes que compartilhou com Alex, um misto de saudade e dor em seu coração. O celular desliza de sua mão e a cama parece pulsar quando um número desconhecido inicia uma chamada. Rebecca sente-se apavorada e observa a ligação até que ela seja finalizada, hesitando em atender, temendo que suas recordações dolorosas voltem, como um pesadelo que a persegue. A última vez que recebeu uma ligação de um número desconhecido, seu mundo desabou e ela ainda sente as cicatrizes daquele dia. Ela suspira profundamente, recupera o celular e decide fazer uma ligação.

— Não há um porquê, não sei em que momento erramos para chegarmos a este ponto! Esta é a primeira vez em minha vida que não sei como consertar algo e isso me destrói de todas as formas possíveis, porque tudo o que resta para nós é dor e sofrimento! Lembro-me do passado, de como te tratei após o ocorrido com Angel e em que mundo eu poderia pedir que você acreditasse em mim, depois de tudo o que fiz? — Sua voz treme com a intensidade de suas palavras, carregadas de arrependimento e dor, enquanto o peso do passado se faz presente de maneira devastadora.

— Não, Alex, por favor, não faça isso! Por favor! — Implora, desesperada para evitar reviver as memórias dolorosas do passado. — Acreditei em você, antes de você me ligar naquela noite e estou disposta a acreditar novamente, se você me disser que não teve envolvimento com o que aconteceu. — Diz entre soluços, lágrimas incontroláveis escorrendo por seu rosto.

— Deixe-me falar, por favor, apenas me escute. Durante toda a gravidez, mesmo que eu tenha cortado todos os contatos com você, eu olhava suas fotos. Você estava radiante, mesmo que, em alguns momentos, seu olhar carregasse uma tristeza, mas na maioria das fotos, o brilho em seus olhos era evidente, refletindo sua felicidade. Todos os dias, desejei que você me dissesse que aquele bebê era meu, mas eu também não facilitei as coisas, fui um completo idiota, não é? Hoje, sonhei com você. — Alex se levanta e para em frente à cama, um sorriso melancólico nos lábios ao observar seus filhos. — Sonhei estarmos novamente juntos, que toda a dor, a solidão e o sofrimento que nos acompanharam por tanto tempo haviam sido dissipados e que você não havia perdido aqueles bebês. Em meu sonho, tivemos um menino e uma menina, as crianças mais lindas que meus olhos já puderam contemplar. — O choro de Rebecca se intensifica ao ouvir aquelas palavras, sentindo a culpa a consumir. — Éramos uma família novamente e nesse sonho, encontrei novas razões para continuar, redescobri a felicidade. Foi o sonho mais lindo que já tive e para torná-lo perfeito, só falta uma coisa, você nos meus braços.

— Alex, me descul… — Suas palavras são interrompidas pelo sinal da ligação bruscamente encerrada.

Alex abraça seus filhos, sem se importar com a possibilidade de acordá-los, pois, naquele momento, tudo o que ele precisa é do calor daquelas duas crianças para confortá-lo da dor que carrega. Lágrimas escorrem de seus olhos, pois Rebecca ainda ocupa seus pensamentos de maneira intensa.

Enquanto isso, Rebecca coloca um travesseiro sobre o rosto, tentando abafar os gritos de dor que escapam entre suas lágrimas. Tudo o que ela deseja é correr para os braços de seus filhos ou continuar aquela conversa, mas, infelizmente, tudo o que lhe resta é o registro de um número oculto, uma linha quebrada que a separa da vida que ela anseia desesperadamente recuperar.