Após retornar ao Pub Shaw, Alex dirigiu-se diretamente à sala VIP para encontrar Ryan.
— Conseguiu resolver o teu problema, Alex? — Questiona ao avistar o amigo.
— Não do jeito que eu queria, mas está tudo bem.
— Foi algo grave?
— Relaxa, Ryan, está tudo sob controle.
— E quanto ao Bryan?
— Isso vai ser normal agora, Ryan. Desde que a Sophia fez aquela estupidez de ter se envolvido com Bryan, ele não vai me deixar esquecer. Sei lidar com isso.
— Vocês ainda vão se matar, tenho certeza.
— Se fosse verdade, já teria acontecido. Mantive minha mente ocupada naquele final de semana.
— Quem diria, Alex. Ainda é difícil acreditar que você estava com outra mulher. Conta aí, qual das duas foi a tua companhia? Não sou o Richard, não sairei espalhando.
— Isso não importa, Ryan. Vocês não precisam saber quem estava comigo.
— Você é mesmo um chato. Terei que ir, Christine está me esperando. — Diz, levantando-se. — Boa noite, Alex.
— Boa noite. — Responde, observando Ryan sair da sala.
Imerso em seus pensamentos, Alex luta contra seu desejo de retornar àquele hotel e ficar com ela. Após consumir várias doses de bebida, finalmente dirige-se para casa. Na manhã seguinte, Rebecca está no Grupo Shaw para sua entrevista. Ela está tomada por um nervosismo e medo intensos, influenciados pela má fama do jovem Shaw.
— Srta. Jenkins, por favor, entre. O Sr. Shaw está aguardando na sala de reunião. — Anuncia Morello, aproximando-se.
— Muito obrigada. — Rebecca levanta-se e encaminha-se à sala. Ao adentrar o recinto, surpreende-se ao deparar-se com um senhor sentado.
— Boa tarde, Srta. Jenkins. É um prazer conhecê-la. Sou Nicolas Shaw. — Ele diz com um sorriso amplo no rosto.
— Olá, Sr. Shaw. Sou a Rebecca Jenkins. O prazer é todo meu.
— Srta. Jenkins, percebo que você possui um currículo impressionante, apesar da falta de experiência. No entanto, isso não é um obstáculo. Afinal, meu próprio neto foi treinado desde cedo e hoje ocupa uma posição melhor do que a minha. Acredita nisso? — Ele sorri com um toque de humor. — Portanto, estamos dispostos a oferecer a você o treinamento necessário, caso cheguemos a um acordo. Notei que você demonstra muita elegância e está se candidatando a uma vaga com um salário consideravelmente modesto. Imagino que o custo da sua bolsa seja superior ao que receberia aqui em meses. Peço que não entenda mal a minha pergunta. Você está buscando essa oportunidade apenas para estar próxima do meu neto?
A pergunta deixa Rebecca surpresa. Em nenhum momento ela havia considerado a possibilidade de ser questionada dessa maneira.
— Não, senhor. Tenho um profundo respeito pelo seu grupo e estou ansiosa para dar início à minha carreira profissional, visando também a minha área de formação. Embora minha família tenha recursos, acredito que seja hora de trilhar meu próprio caminho. Decidi vir aqui movida pelo mesmo sonho que muitas pessoas têm: trabalhar em seu grupo. Acredito que essa oportunidade possa me oferecer a chance de construir uma carreira sólida aqui ou, quem sabe, abrir portas para outras oportunidades.
— Compreendo, Srta. Jenkins. Não poderia deixar de fazer essa pergunta, pois vez ou outra nos deparamos com essa situação, e meu neto detesta esse tipo de situação. Isso já causou problemas entre nós. Proponho retomarmos a conversa sobre negócios então.
Rebecca esboça um sorriso tímido, concentrando-se para manter o foco na entrevista. Nicolas conduz a entrevista de maneira impecável, observando a desenvoltura dela ao responder cada pergunta. A entrevista se prolonga por quase três horas, refletindo a exigência do Grupo Shaw em relação aos seus profissionais.
— Srta. Jenkins, agradeço o tempo investido. Assim que finalizarmos o processo seletivo, você receberá um retorno do departamento de Recursos Humanos.
— O agradecimento é meu pela oportunidade. Foi um prazer conhecê-lo.
Nicolas levanta-se e a acompanha até a porta, estendendo a mão, gesto que Rebecca corresponde com um largo sorriso. Ao deixar as dependências do Grupo Shaw, ela segue diretamente para o aeroporto, iniciando o retorno a Seattle. Ao chegar à sua cidade, encaminha-se ao apartamento para descansar. A figura de Alex não sai de sua mente e ela frequentemente se pega sorrindo ao recordar o encontro da noite anterior. Não resistindo, pega o celular e envia uma mensagem para ele.
“Você tem um irmão gêmeo? Porque definitivamente, o homem que encontrei ontem à noite não era você!” — Ela solta uma risada enquanto envia a mensagem.
Ela espera ansiosamente por uma resposta, mas após longos minutos sem obter uma, decide levantar-se e tomar um banho para relaxar.
“O que estou fazendo? Iniciando uma conversa com alguém de quem deveria me afastar?” — Ela pensa, sentindo a água quente relaxar seu corpo. — “O que está acontecendo comigo? Por que continuo pensando nele?”
— Preciso parar com isso. — Resmunga, balançando a cabeça.
Ao sair do banho, ela sorri ao ver a notificação em seu celular e sente um ânimo renovado ao abrir a mensagem.
“Srta. Jenkins, aposto que posso surpreendê-la com o homem que posso ser! Quer descobrir? Basta pedir, eu mostrarei!”
— Basta pedir e eu mostrarei! O que ele quer dizer com isso? — Questiona-se, tentando entender.
“O que você quer dizer com 'basta pedir, eu mostrarei'?”
“Você me disse ser inteligente, Srta. Jenkins. Ficou claro na mensagem o que quis dizer. Evite fazer perguntas óbvias, se quer manter meu interesse.”
“Realmente, esse é o mesmo homem arrogante que conheci. Não me surpreende.” — Responde, irritada. Alex ri ao ler a mensagem.
“Você tem potencial, Srta. Jenkins. Não me decepcione.”
Após ler aquela mensagem, Rebecca coloca o celular de lado. Um sorriso se insinua em meio à irritação, enquanto ela reflete sobre o poder que aquele homem tem de mexer com ela e despertar sua irritação tão facilmente. Absorta em seus pensamentos, ela acaba adormecendo. No dia seguinte, encontra seus amigos em um restaurante para almoçarem.
— E então, Becca, como foram as entrevistas nos grupos? Conta para a gente como é o jovem Shaw. Promete que vai me apresentar a ele, caso consiga o emprego lá.
— Melissa, minha querida amiga, lamento te desapontar, mas foi o Sr. Nicolas Shaw quem me entrevistou. O jovem Shaw nem apareceu. Não foi dessa vez que conheci o audacioso. Fiquei aliviada, porque estava apreensiva quanto à entrevista.
Luan observa Rebecca e se questiona por que Alex não a entrevistou pessoalmente.
— E você acha que vai ser aprovada em alguma dessas vagas? — Pergunta Susan.
— As entrevistas foram tranquilas, espero conseguir uma das vagas. Mas confesso que fiquei desconfortável com o filho do Sr. Ramsey.
— Por quê? — Pergunta Marcelo.
— Ele me pressionou para nos encontrarmos no Pub Shaw, para uma confraternização.
— Ai, ai, ai, Rebecca, mal começou e já está se envolvendo com o chefe? Você realmente não tem limites. — Brinca Melissa, provocando risos entre todos.
— Eu não queria ter ido, mas ele não me deu escolha, e vocês nem imaginam o pior. Adivinhem quem encontrei lá?
— Não me diga? E você, o que fez, correu para a cama dele? — Questiona André, visivelmente irritado.
— O que é isso, André? Por que essa agressividade comigo?
— Porque você se deixou levar por esse tipo de pessoa, Rebecca, é lamentável. Esperava mais de você.
— Pare com isso, André, deixe-a em paz. — Intervém Luan.
— Está tudo bem, Luan. Qual é o seu problema, André?
— Apenas decepção. Você não é mais a mulher que costumava ser.
— As pessoas mudam, André. Você precisa aprender a lidar com isso. — Respondo firmemente.
— E então, Becca, você se divertiu com o Sr. Baker? — Questiona Susan, tentando aliviar o clima pesado.
— Não, claro que não, Susan. Eu estava ocupada.
Decidindo ocultar a verdade para evitar mais estresse com André, Rebecca se questiona sobre o que pode estar irritando-o.
— Você realmente se tornou uma excelente mentirosa. — Diz André, irritado. Ele se levanta e sai.
— O que fiz para ele?
— Nada, Becca. Ele anda mal-humorado ultimamente, só isso. Descontando em todos. — Diz Luan. — Preciso ir, tenho uma reunião em breve.
— Vou te acompanhar. Nos vemos mais tarde, meninas. — Diz Marcelo. Eles se levantam e saem, deixando-as sozinhas.
— Eu realmente me tornei uma mentirosa. Mas não quero ter que ficar explicando a minha vida, especialmente com o André agindo assim.
— Então você saiu realmente com o Sr. Bonitão. — Diverte-se Susan.
— Sim, eu estive com o Alex. Tentei evitar, mas acabei esbarrando nele na saída. Ele me deu carona até o hotel e nós nos beijamos.
— Só um beijo?
— Mais de um, Melissa.
— Becca, não é disso que estou falando, garota. Não seja ingênua, amiga. — Diz ela rindo.
— Melissa, foram apenas beijos. — Diz ela rindo. — Ele queria entrar no meu quarto, mas eu não deixei. Acho que fiquei nervosa. — Diz ela envergonhada.
— Amiga, você é uma figura mesmo. Tem que se soltar, mulher, está perdendo as oportunidades. — Diz Melissa rindo.
— Eu sei, mas sei lá. Isso ainda me incomoda. Não estou falando apenas de sexo. Estou lidando com sentimentos confusos. Às vezes, me pego pensando nele. E em alguns momentos, lembro-me dos momentos que compartilhei com o Peter. Estou ficando realmente confusa.
— Rebecca, isso é natural. Os atos de Peter não invalidaram os teus sentimentos. Isso vai se resolver com o tempo. Quanto ao Sr. Bonitão, é algo novo para você. É compreensível haver essa confusão de sentimentos.
— Eu sei, mas não tenho certeza se tudo ficará bem. — Responde, com uma dose de incerteza em suas palavras.
Após aquele almoço entre amigos, se passaram três semanas. Durante esse período, Rebecca recebeu a notificação de que foi aprovada nas duas empresas. Ela está na casa de Melissa, na companhia de alguns amigos.
— Bem, o salário no grupo Ramsey é consideravelmente mais atrativo em comparação com o grupo Shaw. No entanto, estou inclinada a aceitar a oferta do grupo Shaw. Tenho receio de que Bryan Ramsey possa me causar problemas no trabalho, já que não o vejo como alguém muito profissional. Não tenho o desejo de socializar com o meu chefe, muito menos ter qualquer tipo de envolvimento com ele.
— Amiga, é óbvio que você deve optar pelo grupo Shaw e, quem sabe, até conseguir um encontro com o jovem Shaw para mim. Só uma vez, amiga, apenas uma vez, e ele nunca esquecerá. — Diverte-se Melissa.
— Será um desafio, amiga. Trabalharei para o Sr. Nicolas Shaw. Segundo o próprio Sr. Shaw, seu neto não gosta de ser incomodado pelas secretárias. Fico curiosa, por que será que ele se esconde?
— Para fugir das mulheres doidas como Melissa. — Provoca Susan. — Brincadeira, amiga. Não sei, talvez ele valorize muito a privacidade. Imagino o quanto ele deve ser assediado, sendo o único herdeiro da família Shaw.
Enquanto Rebecca está imersa na decisão entre as propostas que recebeu, Antônio e Magno estão meticulosamente planejando a incriminação de Robert por suas atividades ilícitas. Naquela noite, ao retornar para casa, Rebecca não tem a menor noção de que sua vida está à beira de passar por mudanças drásticas.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: ENTRE O AMOR E O ÓDIO
Gratidão pela leitura .... por favor mais capítulos...
Quando vai ter a continuação do livro? Ou termina aqui ?...