ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 46

Ao adentrar o apartamento de Rebecca, André fecha a porta com uma batida forte, deixando transparecer sua profunda irritação.

— Qual era o propósito da presença dele aqui, Rebecca? — Indaga André com firmeza.

Rebecca encaminha-se até a mesa para guardar o contrato, uma vez que não deseja que seu amigo tome conhecimento do assunto.

— Ele veio me trazer alguns documentos relacionados a meu pai, sobre os eventos dos últimos dias.

— Deixe-me ver esses papéis agora! — Ele retira o envelope de sua mão. Antes que possa abri-lo, Susan intervém.

— Você perdeu o juízo, André? Nem sequer solicitou permissão para examinar isso. É uma questão pessoal, diz respeito à família dela. — Susan devolve os documentos a Rebecca.

— Por que você continua permitindo a presença desse indivíduo desagradável em sua vida? Pare de agir imprudentemente, Rebecca. Suas escolhas constantemente equivocadas precisam cessar; você já é uma adulta.

— André, peço que se retire. Você não tem o direito de se intrometer em minha vida pessoal.

— Como assim? — Questiona, surpreso com a reação dela. — Enfim, tanto faz. Você está sendo idiota. — Ele sai, fechando a porta com força.

— Amiga, está tudo bem?

— Sim, estou bem. Agradeço, Su, por se preocupar.

— Decidi cancelar o encontro com os rapazes. Que tal passarmos a noite aqui em sua casa? Só nós, com petiscos, séries e filmes. O que acha?

— Acho uma excelente ideia. Não estou realmente com vontade de sair. — Responde, com um sorriso sem jeito.

— Vou mandar uma mensagem para a Melissa. — Susan pega o celular e digita uma mensagem.

“Optamos por ficar na casa da Rebecca. Venha se quiser.”

Ao chegar à residência de Marcelo, André avista Melissa saindo em seu carro. Servindo-se de uma bebida, ele visa conter sua frustração.

— Como essas mulheres conseguem agir de forma tão imprudente?

— André, o que aconteceu? Por que a noite terminou? — Questiona Marcelo.

— Ela estava com aquele indivíduo. Por que ela decidiu procurá-lo, você pode me dizer? Ela tem vários amigos.

— Com quem? Peter? — Pergunta Luan, dissimulando, por saber com quem ela estava.

— Não, aquele sujeito inconveniente, o tal do Baker.

— Então ele veio para resgatar a pobre e inocente donzela do perigo? — Questiona Marcelo, rindo levemente.

— Marcelo, por favor, dê um tempo. Esse homem é completamente inconveniente. Qual é sua suposição sobre as intenções dele? Acredita sinceramente que ele está aqui por pura bondade? Provavelmente só deseja desfrutar de mais algumas horas de diversão extra, enquanto tenta persuadi-la de que pode resolver os problemas do pai dela. E ela parece tão ingênua a ponto de ouvi-lo.

— Parece que você está realmente envolvido emocionalmente com ela e, por isso, está tão incomodado por vê-la com outra pessoa.

— Como assim? Que tipo de absurdo você está falando, Marcelo? Isso é completamente equivocado. Ela é nossa amiga. Preocupo-me com o bem-estar dela. Não quero ser testemunha de mais sofrimento.

— Então, simplesmente a apoie, independentemente das decisões dela. Se ela quiser se divertir com ele, deixe que seja assim. Se ele a magoar, esteja lá para confortá-la, seja um verdadeiro amigo para ela. Agora, deixemos isso para trás e sigamos para o bar para beber. — Sugere Luan de forma prática e sensata.

No apartamento de Rebecca, após a chegada de Melissa, elas se distraíram assistindo a episódios aleatórios de suas séries preferidas.

— Meninas, há algo importante que preciso compartilhar com vocês. — Anuncia, desligando a televisão. — O Alex esteve aqui mais cedo.

— É por isso que o André estava com aquela expressão revoltada quando chegou à casa do Marcelo. — Observa Melissa.

— Gostaria que vocês me ajudassem nisso. Inicialmente, recusei a proposta dele, mas agora estou começando a ter dúvidas. Talvez não seja uma opção tão desfavorável, considerando as circunstâncias que enfrento. O que compartilharei com vocês será um segredo exclusivamente nosso, ao longo da vida, está bem?

— Claro, amiga. Pode confiar em nós. — Assegura Susan.

— Por favor, não me julguem por estar ponderando isso. — Rebecca levanta-se, pega o envelope e o entrega a elas. — O Sr. Baker me fez uma proposta para que eu me case com ele. — Revela, antes que elas tenham a chance de ler o contrato.

— O quê? — Questionam Susan e Melissa em uníssono.

— O que é isso? Ele está apaixonado por você? — Indaga Susan, com incredulidade.

— Por favor, leiam com atenção. Ele afirmou que eu o auxiliaria com seus problemas; isso não tem relação com sentimentos.

Susan e Melissa concentram-se na leitura do contrato, analisando minuciosamente os termos e valores mencionados.

— Rebecca, eu adoraria ter relações com aquele homem várias e várias vezes; ele é extremamente atraente. Entretanto, é pouco provável que ele te ofereça 10 milhões em 2 anos sem esperar nada em troca. Ele parece ser alguém que teria dificuldade em encontrar uma parceira. Há algo de errado nisso, sugiro que se mantenha distante dele. — Diz Melissa.

— Independentemente dos problemas que ele esteja enfrentando, o fato de ele considerar o casamento como uma saída sugere que existe algo mais complexo por trás disso. E já ter ajudado financeiramente a Rebecca antes, aliado à situação de vulnerabilidade dela, pode ser interpretado como uma oportunidade para ele. Além disso, o fato de morarem em cidades distintas contribui para essa proposta. Eu, honestamente, pensaria sobre a oferta, amiga. Em um prazo de dois anos, você poderia ter 10 milhões ou 5 milhões em um ano apenas. E quem sabe, pode até surgir um sentimento genuíno entre vocês, não é? Ele é atraente e, apesar de todas as complicações, não podemos ignorar que ele a protegeu durante aquele final de semana.

— Susan, eu sou aquela que solta conselhos meio sem noção às vezes, mas olha só o que você está considerando. Ele está fugindo de alguma coisa? Só por essa razão, já dá para concluir que ele não é uma boa pessoa. Há algum tempo, é notório que ele é um homem complexo, mas é notável a diferença entre uma relação casual com outra pessoa e uma decisão de se mudar para outro estado aceitando uma oferta financeira para se casar com um homem que é, de certa forma, um estranho. Não me parece uma ideia muito sensata, sinceramente. E aí, qual é o plano? Vai jogar para o alto a sua posição no grupo Shaw e se aventurar nessa parada de ser esposa em Nova York? Com um homem que até agora é um tremendo ponto de interrogação?

— Melissa, considerando a proximidade entre as cidades, Rebecca pode efetivamente negociar com ele, especialmente no que diz respeito à continuação do seu trabalho no grupo Shaw. Em um período de 2 anos, ela poderia acumular uma quantia considerável, deixando de estar sujeita a situações desconfortáveis.

— Francamente, meninas, estou diante de um dilema complexo. A proposta dele, sem dúvida, foi profundamente desrespeitosa. Entretanto, se eu analisar a situação em seu conjunto, ele não se revelou tão intolerável assim. Mas é inegável que me senti uma prostituta, por falta de termo melhor.

— Minha querida amiga, de maneira alguma você poderia ser classificada como uma prostituta. O contrato é bastante explícito ao afirmar que não haverá nenhuma forma de intimidade entre vocês. Trata-se de uma dinâmica profissional atípica, é verdade, mas essa é a premissa. E, naturalmente, você tem a liberdade de se relacionar com outros homens. Minha principal preocupação é quanto a você se distanciar de nós. Entendo que Alex não seja exatamente uma pessoa amável, mas para você ele não representou o pior homem do mundo. É uma reflexão válida. — Afirma Susan.

— Qual é o prazo para você fornecer uma resposta? — Questiona Melissa.

— Ele mencionou que o voo está agendado para decolar às 2h da manhã de segunda-feira, então tenho o dia seguinte para decidir.

— Compreendido. Nossa tarefa, portanto, é realizar uma análise minuciosa de todas as possibilidades contidas nessa proposta, avaliando cuidadosamente os prós e contras. — Conclui Susan.

— É inegável que me sinto profundamente angustiada diante dessa perspectiva. — Conclui, exibindo um sorriso um tanto constrangido. — Como a vida pode passar por transformações tão drásticas? Continuo assimilando que meus pais me abandonaram. — Com serenidade, ela enxuga as lágrimas que deslizam por suas bochechas e acolhe o abraço reconfortante de suas amigas.

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