ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 9

Passavam das 9h da manhã quando Rebecca abriu os olhos. Ela sentia uma forte dor de cabeça e dores pelo corpo. Seu coração disparou ao perceber um estranho deitado ao seu lado, e logo notou que ambos estavam nus. Assustada, pulou da cama quando viu o homem ao seu lado, virando-se, mas ainda dormindo. Rebecca rapidamente vestiu seu vestido, pegou sua bolsa, celular, sapatos e a chave do carro que avistou em cima da mesa, e saiu do quarto, deixando apenas sua lingerie espalhada no chão, tamanho era o desejo que tinha de sair dali. No elevador, deparou-se com uma notificação de transferência de 30 mil dólares de sua conta, em nome de Pietra Dickinson.

– Mas que diabos é isso? O que eu fiz? – Questionou em voz alta. Chegou à recepção e fez o checkout, perguntando à recepcionista: – Pietra Dickinson trabalha aqui?

– Sim – Respondeu a recepcionista.

– Ela está por aqui por acaso?

– Deve estar se trocando, seu turno acabou agora.

– Pode chamá-la para mim, por favor. – Pediu Rebecca. A recepcionista ligou e pediu a Pietra para ir até a recepção.

– Em que posso ajudar?

– Venha aqui um momento. – Disse Rebecca afastando-se da recepção. – Por que 30 mil dólares foram transferidos da minha conta para a sua?

– Senhora, você me pagou para que eu a levasse até o quarto do senhor Baker. Como eu teria acesso às suas contas se não o tivesse feito?

– Que diabos aconteceu ontem? Pode me contar? Eu não vou te denunciar.

– Claro, vou contar tudo. O senhor Baker a trouxe até a recepção e pediu que a levassem ao seu quarto, já que você estava bêbada. Você me implorou para levá-la até o quarto dele e até me pagou por isso.

– Droga, o que eu fiz? – Questionou-se Rebecca, sentindo seu rosto queimar. Decidiu perguntar o nome dele. – Por favor, qual é o nome do senhor Baker?

– Alex. – Respondeu a atendente.

– Certo, Alex Baker, com licença.

Rebecca foi até o estacionamento e apertou o botão do alarme até encontrar o carro, um Porsche vermelho. Sorriu e foi em direção à casa de sua amiga. Enquanto isso, checou as mensagens em seu celular: várias de Peter, uma de seu pai e até uma de Samantha debochando dela. Ligou para sua mãe para avisar que estava bem e que estava com Melissa, para tranquilizá-los, visto que Peter tinha ido procurá-la. Enquanto isso, no quarto, Alex acordou com seu celular tocando. Mal conseguia se lembrar da noite passada.

– Droga! – Disse ele, apertando as têmporas. Olhou ao redor e percebeu que a mulher não estava mais ali. Pegou o celular e atendeu. – Diga?

– Onde diabos você está? Não paro de receber ligações do grupo Stain te procurando. Você não foi à reunião.

– Droga, esqueci. Ryan, peça desculpas a eles e remarque para as 4h da tarde, por favor.

– Alex, o que está acontecendo? Você nunca perde compromissos. Devo me preocupar?

– Ryan, providencie as imagens do condomínio da Sophia desde a festa dos Ramsey até o dia seguinte. Quero isso o mais rápido possível. Me mande a confirmação dos Stain. – Alex desligou e foi ao banheiro tomar banho.

– Querida, você falou com a Sophia nos últimos dias?

– Falei com ela pouco antes da festa. Ela e Alex tinham discutido, mas isso é normal entre eles. Alex é extremamente difícil. Mas por que pergunta?

– Não é nada. Alex está viajando e anda tão estranho. Ele não foi à reunião hoje, e ele nunca perde nada.

– Deve ter seus motivos. Vou almoçar com ela hoje e ver como as coisas estão. – Conclui Christine.

Depois de sair do banho, Alex se aprontou e notou uma mancha de sangue no lençol.

– Porra, o que eu fiz? – Questionou-se incrédulo. Ele nunca perdia o controle. Suspirou e foi até a recepção para questionar a atendente. – Qual é o nome da recepcionista que estava ontem à noite? Qual é o horário de trabalho dela? Ela vai trabalhar hoje à noite? – A recepcionista respondeu a todas as perguntas dele.

Voltou ao quarto, procurou a chave do carro e não a encontrou. Foi à garagem e percebeu que o carro não estava lá. Riu, impressionado com a ousadia da mulher em levar seu carro. Pegou um táxi até a locadora para alugar um novo carro. Rebecca bateu na porta da casa de Melissa, que a atendeu e avistou o carro vermelho estacionado na garagem.

– De quem é esse carro? – Perguntou Melissa.

– Amiga, eu o roubei. Preciso de um banho, explicarei depois. Ligue para André e Susan enquanto eu tomo banho.

– Você fez o quê?

– Apenas ligue para eles e diga que venham aqui agora. – Ela foi para o banheiro, deixando Melissa confusa. Ela ligou para André e Susan em um grupo.

– É uma emergência. Venham aqui agora – Disse ao telefone, desligando em seguida. Subiu as escadas e foi até o banheiro. – Amiga, abra a porta. Deixe-me entrar. Você está bem? – Rebecca permanecia em silêncio, chorando. Ela não conseguia acreditar nas escolhas que havia feito e no que Peter tinha feito. – Vou preparar um café para você. Já avisei André e Susan, eles devem estar a caminho. Encontro você lá embaixo.

Mais de meia hora depois, Rebecca desceu e viu André, Susan e Melissa sentados na sala. Melissa percebeu as lágrimas no rosto de Rebecca e a abraçou por longos minutos.

– O que aconteceu com você, amiga? – Questionou Susan, abraçando-a também. André a abraçou e deu um beijo em sua testa. Todos a confortaram, mesmo sem saber exatamente o que havia acontecido. Foram à sala de jantar e se sentaram à mesa para o café.

– Eu nem sei por onde começar – disse Rebecca, com a voz baixa.

– Que tal pelo carro roubado na minha garagem?

– O quê? Carro roubado? O que está acontecendo aqui? – Perguntou Susan.

– Ele me traiu – Disse Rebecca. Os três amigos se olharam, em silêncio, enquanto ela continuava. – Eu me arrumei, coloquei a lingerie mais sexy, o vestido, tudo como combinado. Quando cheguei lá, tirei o vestido e entrei no quarto apenas de salto alto e lingerie, só para encontrar Samantha nua em cima dele. – Ela chorou ao lembrar-se.

– Ai, meu Deus, amiga, eu vou matar aquela vadia e depois ele – Disse Melissa.

– Eu me senti tão humilhada, traída. Meu coração estava em pedaços. Eu só queria esquecer tudo o que vi. Fui até um hotel no centro da cidade. Queria ficar sozinha no quarto. Fiquei lá por um longo tempo, sozinha, até decidir que queria me vingar, que superaria isso. Parei de chorar, reuni forças e fui para o bar do hotel. Não queria dar a ele o prazer de ver meu sofrimento. – Melissa e Susan se olharam, esperando que ela continuasse. – No bar, encontrei um homem extremamente atraente. Levei pouco tempo para perceber que ele era um completo babaca. Continuei bebendo até me convencer de que por que não aproveitar a noite? Pensei no babaca ao meu lado, pois era o tipo de homem com quem eu nunca me envolveria. Encarei-o várias vezes, mas ele parecia distante, embora estivesse ali. – Ela fez uma pausa. – Em algum momento da noite, ele me olhou, brindei em sua direção e ele mandou que eu o seguisse até uma mesa, para continuar sendo um cretino. Ele foi rude e mandão durante toda a noite e, quando eu já tinha desistido, ele se aproximou de mim. – Seus amigos ouviam em silêncio. – Eu o beijei, e ele me ignorou, mandou-me voltar para o meu quarto.

– E então você roubou o carro dele? Você está louca? – Questionou Susan.

– Não foi só isso. Paguei à atendente, dei 30 mil para ela me levar até o quarto dele.

– O quê? – Disseram os três ao mesmo tempo, incrédulos.

– Ai, meu Deus, Becca, o que deu em você? 30 mil? Como vai explicar isso ao seu pai?

– Eu não sei, Susan. Apenas continuei bebendo e esperei por ele seminua na cama. Pensei nas palavras de vocês: "É só sexo, faça, encontre um desconhecido." Eu estava sentindo que tinha sido traída, porque não transei com o Peter. Queria me livrar disso. – Dando de ombros, Rebecca admitiu. – Quando ele voltou ao quarto, me joguei em seus braços, e aconteceu o que vocês imaginam. Hoje, quando acordei, saí correndo e roubei o carro dele. – Um clima pesado pairou entre eles.

– Que sujeito desprezível. Ele transou com você enquanto estava bêbada – Disse Susan.

– Ele se aproveitou de você? Eu juro que mato ele. – Ameaçou André.

– Não, ele me dispensou quando viu que eu estava bêbada. Até me entregou à recepcionista para que me levassem ao meu quarto. Fui atrás por conta própria. E no fim, ele estava tão bêbado quanto eu. Ele é apenas um idiota em uma das maiores tolices que já cometi na vida. Esta noite vou devolver o carro no hotel e deixar a chave na recepção. Sinto-me tão devastada com tudo isso que não pensei nas consequências no momento. Queria transar com qualquer um para tirar isso de mim, olhar nos olhos do Peter e dizer que qualquer um pode tocar em mim, menos ele. Agora me sinto terrível, nem sabia o nome dele quando saí do quarto.

– Meu Deus! Amiga, você transou e ainda pagou por isso e roubou o carro dele. Ai, meu Deus, que ótimo começo para sua vida sexual. Foi uma noite e tanto. Diga-me que pelo menos se divertiu? E agora você sabe o nome dele? Nos diga, como ele se chama? – Melissa estava eufórica, dissipando o clima pesado.

– Sim, Baker. Alex Baker. – Disse Rebecca. Os amigos se entreolharam e correram para o escritório para pesquisar. Rebecca foi atrás deles.

– Olhem, aqui está. Alex Baker, filho do renomado médico do hospital de Boston e Ana Baker. Nossa, amiga, você escolheu um tremendo babaca. Deveria ter continuado com ele. Se fosse você, eu continuaria. – Disse Susan. André sentiu-se desconfortável com o comentário e forçou um sorriso. Rebecca ficou em silêncio. O celular dela tocou novamente, era Peter.

– Atenda e mande ele se danar. – Sugeriu André. Rebecca apenas ignorou a ligação e continuou olhando uma das poucas fotos de Alex que encontraram.

– Eu disse a vocês que ele é atraente, mas é um completo idiota. Não posso dizer se é bom na cama, pois não me lembro da noite. Eu sei, sou horrível. – Disse Rebecca, com lágrimas nos olhos.

– Amiga, não tem nada de horrível nisso. Foi apenas sexo, com um cretino muito atraente. Se não quiser mais brincar com ele, me diga onde posso encontrá-lo. Prometo te contar depois se vale a pena.

– Mel, por favor, controle esse fogo. Amiga, nós também já tivemos sexo casual. Às vezes nem nos lembramos. E acredite em nós, há momentos em que é melhor esquecer mesmo. Então não se torture com isso. Vocês usaram proteção?

– Não – respondeu ela, envergonhada. – Mas não ficarei grávida. Estou tomando anticoncepcional. – Disse tentando parecer menos irresponsável.

– Você tem que se cuidar, amiga. Não queremos doenças. Fique atenta a isso. – Alertou Susan, sorrindo para ela.

– Nossa senhora, a virgem deixou de existir! – Brincou Melissa, fazendo todos rirem.

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