Meu peito descia e subia com rapidez, tentava não olhar para ele, meus sentidos não funcionavam perfeitamente por conta do álcool. Um minuto naquele banheiro parecia uma hora. Ele aproveitou a situação para me apertar mais contra seu peitoral.
Depois que a pessoa sai do banheiro, somos finalmente livres, apoio uma das minhas mãos na pia e suspiro.
— Essa foi por muito pouco. O que você estava fazendo aqui? — Pergunto limpando o batom borrado em minha boca.
— Estava em reunião com uns chineses, quando uma mulher muito bonita, de cabelos castanhos, chamou minha atenção. — Disse limpando sua boca borrada de batom.
Ele me achava bonita? Foco, Alice.
— Entendi. — Me belisco para saber se aquilo tinha mesmo acontecido. —Apenas vamos esquecer tudo o que aconteceu, está bem? Amanhã você continuará sendo meu chefe e eu sua funcionária.
— Mas você irá? — Seu olhar percorre o meu corpo. — Eu não pude evitar, não consigo mais.
— Você é louco. — Digo revirando os olhos. — M-me deixe em paz.
Ele arfou e arrumou sua camisa olhando para o seu reflexo. Em seguida me fitou e chegou mais perto.
— Está bem, Alice. Aproveite sua noite.
Ele saiu do banheiro me deixando a sozinha. Eu apoio minhas mãos na pia e respiro fundo. Fiz uma concha com as mãos e enchi de água, joguei em meu pescoço e em meu colo. Estava em chamas.
Sai da boate cambaleante, não queria ter a má sorte de encontrar aquele homem novamente, ou a excitante sorte de ver ele outra vez ainda nesta noite. Chamei um táxi e fui para casa, cheguei por volta dás 2:30 da madrugada, tirei aqueles malditos saltos, abrir a porta e me encostei na mesma fechando-a com as minhas costas. Passei a mão nos meus lábios e lembrei do beijo, por que eu tinha que sentir isso por alguém justo agora? Eu estava bem no meu novo emprego.
Só queria enterrar minha cabeça em meu travesseiro.
[...]
No dia seguinte me sentia pesada e tonta. Levanto com dificuldade e vou direto para o banheiro, tomo um banho demorado e saio após, me visto e passo maquiagem para disfarça as olheiras monstruosas.
Anne estava feliz, cantarolando enquanto fazia algo no fogão.
— Por que toda essa felicidade? — Encosto na porta da cozinha.
Ela olha para mim e sorrir.
— Eu e Jeff estamos namorando.
— Sério? Nossa, uau! Bem rápido.
— Sim, mas estou tão feliz, irmãzona.
— Que ótimo, só toma cuidado com coisas mais sérias tipo: sexo. — Ela me lança um olhar cético.
— Óbvio que eu não vou.… fazer isso com ele, é meu primeiro namorado.
— Mas você já sabe sobre tudo, não é?
— Alice, não fazem nem vinte e quatro horas que eu comecei a namorar e você já está falando essas asneiras. — Anne revira os olhos.
— Me desculpe, mas estou tentando ser sensata.
— Você está com cheiro de bebida, Alice. — Disse.
Passo os dedos nas têmporas.
— Nem me fale, eu estou com uma baita ressaca.
Preparo um café bem forte, bebo e saio para trabalhar. Pior que meu rosto era lembrar do que aconteceu, conseguia sentir ainda aquelas mãos na minha cintura, mãos firmes e quentes.
Cheguei na empresa, Beatriz estava furiosa.
— O que aconteceu? — Pergunto enquanto coloco minhas meias.
— Você me deixou sozinha ontem! — Ela faz bico.
— Anh, me perdoe, eu estava... muito cansada. — Minto.
— Custava ter me avisado? Eu pensei que tivesse morrido! — Ela fala seriamente. — Mas tudo bem, só te perdoo porque ontem eu conheci um gato, transamos a noite inteira. — Ela junta as mãos e fica dançando valsa.
— É o barman?
— Não, ele era gay.
— O. — começamos a rir.
— Mas provavelmente era um cara importante porque ele me levou para um motel caríssimo. — Ela coloca mão sobre o peito.
— Você só pensa nisso. Vamos começar a trabalhar, dinheiro não cai do céu.
A manhã inteira não vi nem sinal do Dante, pensei até que ele não vinhesse hoje, mas acabei me enganando quando vi a Vanessa cercando ele. Por sorte o mesmo nem olhou para mim, achei meio estranho. Fiquei me perguntando se ele estava bêbado ou apenas não quer comentar a vergonha que foi beijar uma pobretona feito eu.
Meu dia foi cheio, queria poder criar asas e voar.
Em casa, Anne estava agarrada ao Jeff.
— Anne? — Chamo pela minha irmã, os interrompendo. — Podem parar com isso, pelo menos agora?
— Me desculpe, senhora Alice. — Jeff diz soltando a coxa de Annie. — Não vai mais acontecer.
— Você não me falou que traria gente para cá. — Falo cochichando.
Anne limpa a boca e pede para o garoto ir embora.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Entre quatro paredes(Completo)
Muito linda a história, valeu a pena!...
Amei, amei, amei! História objetiva, linda, detalhes que prendem! Parabéns a autora!...
Amei o livro! História que vale a pena ler até o final...
A hitótia é linda, vale a pena ler, é melhor ainda q ñ é longa....