Já era noite, eu estava olhando para o teto casa da Beatriz. Lembrei da primeira vez que vi o Dante, seu jeito forte me conquistou de dentro para fora. Eu sentia que podia fazer qualquer coisa estando ao seu lado, e acreditei também que ele me amasse.
Um sorriso bobo escapa.
Como fui idiota, ele sempre pertenceu a Vanessa, por mais que o mesmo dissesse o contrário.
Ouço meu celular vibrar na mesa de centro da sala. Era uma mensagem de um número desconhecido, que dizia: "Oi, eu sou o Amon amigo do Dante, gostaria de conversar com você, não terá nada a ver com ele. Se quiser, poderíamos almoçar amanhã?". O que ele queria comigo? Fiquei relutante em aceitar um convite inesperado assim, mas no fim respondi com um "ok".
Suspiro e continuo olhando aquelas manchas no teto, abraço Anne e durmo.
No dia seguinte acordo antes de todos.
Olho para o lado e Beatriz estava roncando, Anne também. Gargalhei baixinho e fui para a cozinha. O sol ainda estava nascendo, observar a imensidão do céu lembrou-me do dia que Dante me pediu em namoro. Aquele fora um dos dias mais feliz em minha vida. Balancei a cabeça em busca de sair daquele devaneio.
Me sentindo culpada por estar encostada na Beatriz desde que saí da casa, fiz o nosso café-da-manhã. Servi uma caneca grande de café puro para mim e fiz muffins de mirtilo, seria perfeito se o cheiro não fosse tão ruim e forte. Meu estômago revirou.
— Bom dia. — Beatriz entra na cozinha colocando algumas coisas em sua bolsa. — Que cheiro magnífico!
Ainda fazendo careta eu tampo o nariz.
— Você só pode estar me gozando. Acho que os mirtilos estavam estragados, o cheiro está horrível! — Olho a embalagem e estava na data certa, nada de vencimento.
— Seu nariz está com defeito, amiga.
Minha pressão estava variante durante essa semana, parecia que do nada eu ia cair dura no chão. Beatriz levou a costa da mão até minha testa e franziu o cenho.
— Tem algo de errado com você, mas insiste em não ir ao médico!
— Estou bem, Beatriz. Eu não vou gastar milhões no médico só porque meu estômago está ru... — corro para o banheiro, o líquido sai rasgando minha garganta. Beatriz passa segura meus cabelos enquanto eu me desfaço no vaso sanitário.
— É amiga, estou vendo que você está ótima! — Ela murmura.
Eu passo uma água em meus lábios após. Beatriz me olha de maneira desconfiada, nós ficamos em silêncio. Para quebrar o clima, eu resolvo puxar outro assunto.
— Vou almoçar com o Amon hoje.
— O que ele quer?
— Eu não sei, disse que não tem nada a ver com Dante. Fiquei curiosa.
— Uhum — murmurou comendo o muffin com manteiga —, eu espero.
— Você tem visto ele na empresa?
Ela respira fundo e morde o lábio inferior como se não quisesse falar.
— Diga-me. — Pressiono.
— Sim, eu o vejo todos os dias. Para a minha surpresa, ele ainda não apareceu com nenhuma mulher, muito pelo contrário, não aparece com ninguém.
Eu fico nervosa só de tocar no nome dele, imaginá-lo com outra deixaria meu coração ainda mais arrasado.
— Não pense muito nisso, está bem? Deve ser todos esses pensamentos que estão fazendo mal a você.
Ela coloca suas mãos encima das minhas.
— Está bem, vou pensar apenas em minha mãe agora.
Ela abre um sorriso e levanta da mesa com sua bolsa no ombro.
— Deixe a chave embaixo do carpete e tente comer alguma coisa antes de sair.
— Está bem, mamãe. ─ digo.
Dou um leve sorriso e me pergunto o que comeria se ao meu olfato tudo parecia ter cheiro de estragado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Entre quatro paredes(Completo)
Muito linda a história, valeu a pena!...
Amei, amei, amei! História objetiva, linda, detalhes que prendem! Parabéns a autora!...
Amei o livro! História que vale a pena ler até o final...
A hitótia é linda, vale a pena ler, é melhor ainda q ñ é longa....