Entre quatro paredes(Completo) romance Capítulo 47

O primeiro 1 ano de vida do Daniel foi comemorado com uma festa pequena, os convidados foram pessoas da loja que eram mais próximas de nós. Guilherme ficaria responsável pelo bolo, enquanto eu e a Beatriz cuidamos dos enfeites e Anne de algumas guloseimas.

A decoração foi simples, pedimos ao síndico que liberasse o jardim nessa primavera, apenas algumas bexigas, chapéus em formato de cone e um palhaço para entreter as crianças, eu já estava irritada com ele. Daniel finalmente estava dando os primeiros passos, na verdade, ele já corria pela casa aprontando poucas e boas. Quando ele via Guilherme, parecia que tinha ligado no 220, só parava quando já estava no colo dele.

— Peguei você, quarterback! — Disse Guilherme segurando ele no colo.

Daniel sorria e se jogava para trás querendo brincar pelo jardim.

— Hoje ele está especialmente elétrico. — Dou um beijo nos lábios enquanto seguro o bolo que ele trouxe.

— Só tinha esse bolo de cenoura.

Abro a caixa e o bolo era no formato de uma cenoura, faço careta olhando o resto da festa enfeitada de pequenos animas.

— Tudo bem, ele vai se lembrar mesmo. — Dou de ombros e sorrio. — Vou pegar alguns doces para colocar na mesa. Fica de olho no quarterback.

Ele pega o bolo das minhas mãos e volto para o apartamento. Anne estava assando os últimos biscoitos em forma de dinossauros.

— Deixa eu ajudar você. — Pego a forma quente e coloco encima da mesa.

— E esses foram os últimos. — Ela olha para mim e sorrir.

Anne já não era mais adolescente, se tornou uma mulher. Ela continuava namorando Ryan, eles pareciam um casal de capa de revista.

— Ryan pediu desculpas por não poder vir, mas ele disse que tem uma surpresa para você — ela olha no relógio — no final do dia.

— Mas o aniversário é do Daniel.

— Não fale nada, a surpresa será boa.

Franzo o cenho e pego os pratos com biscoitos.

Até a festa finalmente começar, foi uma verdadeira correria, eu desci e subi tantas vezes que devo ter perdido alguns quilos.

As crianças já brincavam no escorregador, Daniel só queria o colo do Guilherme, até mesmo na hora dos parabéns. Ele observava tudo com os olhinhos encima da vela acessa, sorrio para os convidados que ficaram encantados, eu só conseguia pensar no quanto ele parecia com o Dante, não fazia bem para a minha cabeça.

Arrumar toda aquela bagunça foi mais fácil no final do dia. Quando as últimas sacolas de lixo foram jogadas e os restos de comida foram levados para cima, nós três nós jogamos no sofá.

O dia tinha sido cansativo, até mesmo para o Daniel que estava dormindo em meu colo.

— Vou levar ele para o quarto. — Digo levantando do sofá.

Percorro o corredor até chegar no quarto, olho para o berço dele nunca utilizado, parecia que o colchão tinha espinhos. Coloquei ele com cuidado encima da cama, o mesmo soltou um suspiro.

Passei minhas mãos no rosto dele levando os cabelos escuros para trás da orelha e pensei no quanto eu era sortuda por tê-lo comigo. Eu não conseguia imaginar que há quase dois anos atrás cogitei não prosseguir com a gravidez, aquele fora um dos maiores e melhores presentes que o Dante poderia me dar.

Suspiro e me sinto fraca.

Eu tentava não pensar nele, esquecer dele, deixar o passado em nova York, mas era impossível, não tinha escapatória, até o meu pequeno quarterback lembrava ele. Não tinha um dia sequer que eu não pensava em tudo que aconteceu.

Olhei para Daniel. Não era justo esconder dele o seu pai, não era justo esconder do Dante que ele tinha um filho tão parecido com ele que me dava medo.

Sou acordada de meus devaneios com duas batidas na porta, estranho pois ninguém costumava bater antes de entrar. Vou até lá, quando abro arregalo meus olhos, era o Amon com um presente nas mãos.

Não pude conter, eu o puxei para um abraço e ele retribuiu.

— Quanto tempo! — Solto ele.

— Vim ver você e conhecer o nosso garoto. — Ele estende o presente para mim.

— Obrigada, pode entrar. — Ele entra e eu fecho da porta atrás de mim. — Então essa era a tal surpresa?

— Suponho que sim.

— Venha, ele está dormindo então vamos ser cautelosos.

Levo Amon até Daniel que dormia feito uma pedra. Ele ficou olhando para o menino por alguns instantes, eu já sabia onde isso iria chegar.

— Ele se parece muito com o Dante, mas isso pode mudar conforme o tempo.

— Eu saio do Dante, mas o ele não sai de mim. — Murmuro.

Amon senta na borda da cama e eu faço o mesmo. Ele continua observando Daniel dormir, um sorriso surge nos lábios dele.

— Ele ia gostar de conhecer o filho.

Abaixo minha cabeça, Amon era o único que podia falar quantas vezes quisesse sobre isso e eu concordaria todas elas. Ele conhecia o Dante melhor do que eu.

— Acho que ele ficaria com muita raiva de mim. — Digo.

— Sendo sincero, sim, ele ficaria. Dante está passando por uma fase difícil.

— Aconteceu alguma coisa? — Pergunto.

Amon solta um suspiro e passa as mãos na cabeça.

— Bem, ele não fala comigo faz meses. Eu só o encontro se for na empresa ou no clube que ele passa as noites se embebedando. — Ele olha para a minha expressão — não se preocupe, no fim tudo vai se acertar.

— Eu penso em ir lá e contar tudo de uma vez, mas eu me sinto fraca a cada ano que passa. Sinto medo dele ficar com tanta raiva de mim e tomar o Daniel.

— Ele nunca faria isso, mas estaria no direito dele de ficar com raiva. Você sabe.

Eu assenti e olho para cima buscando não chorar.

— Está na hora, Alice. Ele merece saber. — Ele dá dois tapinhas no meu ombro. — Mas não vim aqui para falar disso, quero saber do meu afilhado.

Amon jantou com a gente naquela noite, a energia dele e as histórias transformaram a noite em uma coisa agradável. Quase me tirando dos meus pensamentos, mas no fim da noite eu não podia escapar mais deles assim como não escaparia da raiva do Dante.

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