Entre quatro paredes(Completo) romance Capítulo 49

— Você já arrumou suas malas? — Pergunta Beatriz entrando em meu quarto.

— Ainda não, fiz apenas a de Daniel. — Digo cabisbaixa.

Ela se senta ao meu lado.

Se eu tivesse um super poder, seria o de parar o tempo. Depois que Anne anunciou seu casamento, os meses passaram mais rápido do que eu queria. Tanto que, nosso voo estava marcado para o dia seguinte.

— Você está nervosa? — Perguntou.

— Muito! — Passo as mãos em meu rosto.

— Isso ainda tem a ver com vocês ou com Daniel?

Olho para ela e suspiro, nem eu sabia.

— Eu já não sinto mais nada por ele. — Minha voz saiu fraca e imponente. Beatriz me lançou um olhar severo.

— Sei.

— Mas eu amo Guilherme, ele é meu futuro marido.

Ela olha para Daniel que dormia calmamente em minha cama.

— Ele se parece muito com o Dante. — Ela passa a mão nos cabelos de Daniel.

— Eu sei, até mesmo na personalidade. Me dá medo. — Digo dobrando peças de roupas minhas. — Não sei se estou preparada para enfrentar os monstros do passado.

— Acalme-se. Vai dar tudo certo, pense que ele finalmente vai conhecer o pai. É algo muito bom.

— Eu adiei muito esse segredo. Acho que ele nunca irá me perdoar.

— Mas o que você quer é que ele conheça o filho, não é?

— Aonde você quer chegar, Beatriz?

— Você deve se preparar para isso, Alice. Pode muito bem magoar Guilherme por conta desses sentimentos contidos.

— Já disse que não gosto mais dele! — Falo tão alto que Daniel quase acorda.

— Eu estou vendo. — Ela sai do quarto.

Continuo arrumando as malas, não esqueço o pobre boneco encardido chamado Bens, que Amon deu no primeiro ano de vida do Daniel, ela o seu preferido junto com a nova bola. Eu o abraçava e sentia seu cheiro, para me recordar quando chegasse lá.

— Nos veremos logo! Assim que puder, irei embarcar no primeiro voo para lá. — Disse encostando sua testa na minha.

— Vou sentir sua falta, Daniel também. — Digo.

Daniel vai para o colo dele que brinca com o menino. Aquela voz feminina ecoa pelo aeroporto novamente, minha barriga revirou dentro de mim.Ele solta Daniel de seus braços e começa a procurar algo em seus bolsos. Guilherme me surpreende tirando uma caixinha e se ajoelhando de frente para mim.

Eu coloquei as mãos na boca em completa surpresa.

— Alice Cooper, você aceita se casar comigo? — Os olhos dele brilhavam enquanto as pessoas ao nosso redor paravam para ver.

Eu fiquei sem reação nenhuma.

— Sim, mil vezes sim! — Digo pulando em seu colo. Nós nos abraçamos e só depois percebemos que tinham algumas pessoas nos observando. Ele levantou e colocou o anel em meu dedo anelar. — Eu te amo.

— Eu também te amo. — Ele encostou sua testa na minha e olhou nos meus olhos — Não esqueça disso jamais.

Eu assenti receosa, agora tudo parecia ainda mais complicado. Não podia esquecer dele, de tudo que passamos juntos e de que ele cuidou por 3 anos do filho de outro homem como se fosse dele. Guilherme merecia mais que um simples amor, ele merecia o mundo por ter um coração tão grande.

[...]

Infelizmente a minha torcida para o voo ser cancelado foi em vão, nós embarcamos no primeiro avião que sairia para Nova York. Minha mente foi tomada por lembranças do passado, de 4 anos atrás. Minha mãe morrendo, Dante com a Nicole e o meu corpo completamente diferente após perder quilos.

Apertei os olhos com força.

Aquela não era mais a minha realidade, eu já era uma mulher forte, mas os erros do passado agora espelhavam meu presente.

Daniel dormia em seu acento ao meu lado, eu o cobrir com uma manta. Ele fora o meu maior acerto, sem sombra de dúvidas.

Olhei aquele anel em meu dedo e sorri, algo estranho em meu peito quase me fazia vomitar, talvez devesse ser ansiedade.

Levanto do meu acento, Beatriz olhou para mim com o cenho franzido. Corri para o banheiro, lá eu vomitei. Olhei meu reflexo no espelho, parecia uma tonta com medo.

Lavei a boca e voltei para o acento, me senti mais aliviada e acabei adormecendo.

Horas depois, ouvimos voz de aeromoça dizendo: "Senhoras e senhores apertem os cintos, iremos pousar em Nova York". Eu pedia aos céus para esse dia ser apenas um maldito sonho, mas não era.

— Eba! — Daniel comemorava.

Beatriz olhou para mim e sorriu, eles dois eram os únicos felizes com a nossa viagem.

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