Entre quatro paredes(Completo) romance Capítulo 50

A cada degrau que eu subia meu coração acelerava, como se eu estivesse morrendo aos poucos.

Passamos por um corredor imenso com vários retratos, em um deles, estava Edith com seus olhos esmeralda ao lado de um homem com sobrancelhas grossas e escuras, aquele provavelmente era o pai do Dante. Se eu o visse ainda vivo teria medo daquela carranca severa. Dante abriu uma porta que deu acesso a um quarto imenso e maravilhoso com duas camas.

— Aqui vocês ficarão. — Ele disse sem tirar os olhos de mim.

— Uau, é lindo. — Beatriz falou maravilhada.

Eu não comentei, não falei nada.

Beatriz pega as malas dela das mãos dele e abre um sorriso amarelo.

— Obrigada. Sabe que eu nunca pensei que meu ex chefe fosse segurar minhas malas? — Ela dá um tapa leve no braço do Dante balança a cabeça e sorrir.

— Você continua a mesma.

— Eu não diria o mesmo de você — ela olha ele dos pés à cabeça —, envelheceu uns 10 anos.

— É bom ver você novamente, Beatriz. — Ele fala colocando as mãos dentro da calça.

— Bem, eu vou dar uma olhada na casa. Não se matem. — Disse e saiu com pressa do quarto.

Assim que ela saiu e bateu a porta, eu caminhei para a janela, senti o olhar dele queimar sobre a minha pele. Observei a piscina que tinha na parte dos fundos, e olhei para o anel que Guilherme me deu.

— Já faz tempo que não nos vemos. — Ele disse quebrando o silêncio.

— Sim, mais de quatro anos. — Digo ainda observando o quintal.

— Eu não esperava que você tivesse um filho. Fiquei muito surpreso.

Eu não respondo mas sinto minha cara pegar fogo, covarde! Covarde!

— Não vai dizer nada? — Ele se aproxima de mim, eu pude sentir a respiração quente dele encima de mim.

Eu só respiro fundo.

— Está bem, já entendi como vai ser nossa comunicação aqui. — Ele ameaça sair do quarto. Eu queria contar a verdade, mas seria impossível.

— Espere — viro para encará-lo —, não fique assim.

— Não ficar assim? Como eu deveria ficar, Alice? — Ele repete minhas palavras de uma maneira fria. — Não vejo você por anos, nós mal trocamos palavras. E agora, você aparece com uma criança... parece que esqueceu tudo o que vivemos.

— Você esqueceu tudo quando estava aos beijos com Vanessa, mesmo depois do que disse para mim.

Ele umedece os lábios de forma ríspida.

— Vanessa me beijou sem o meu consentimento. Foi um erro.

— Você não é uma criança, sabia muito bem das intenções dela! O tanto que eu falei para se afastar... — passo a mão na testa, completamente confusa.

Ele se aproxima de mim lentamente, eu fico imóvel. Ele passa sua mão por meu rosto suavemente, eu não consigo tirar sua mão ou protestar. Eu estava presa em seu feitiço.

— Eu não queria magoar você. — Ele diz entre dentes.

— Mas o fez. Isso não importa mais, aconteceu faz muito tempo. — Digo saindo de perto dele, virando de costas novamente para ele.

Eu comecei a recordar tudo que senti, as dores, o sentimento de tê-lo visto com a Nicole.

Aperto os olhos.

Eu não precisava dele para nada mas Daniel tinham que conhecer o pai cujo nunca ouviu falar dele.

— Está bem. Me desculpe mais uma vez. — Logo em seguida ele saiu em uma velocidade brusca.

Suspirei e tentei voltar para a realidade, mas o cheiro dele no quarto fazia eu lembrar que me acovardei mais uma vez. Alguns minutos depois me levanto e começo a arrumar algumas roupas no armário, nada iria tirar meu mau humor agora.

— E aí, contou! — Beatriz adentra o quarto.

— Não.

Ela exclama um "tsc".

— Acho que todo mundo já notou a semelhança entre eles. Assim como você teve coragem para começar tudo isso, deve para acabar de uma vez por todas. — Ela levanta minha cabeça com o indicador — o Dante merece saber, Alice. Vai esperar ele ouvir de outra pessoa?

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