INDECENTE DESEJO romance Capítulo 13

Ela parece uma égua brava. Andando de um lado para o outro, quase espumando pela boca.Me mantenho sobre o topo da sacada, escondido, alguns degraus de distância dela por segurança e me divertido com a situação inusitada. Meu humor estava ácido por não receber nenhuma notícia sobre a prisão de Alencar. Ele deveria está preso ao amanhecer, caralho!

Não sei o que raios ela está fazendo aqui, mas estou curtindo o espetáculo. Guilhermino a encara hipnotizado, ainda abalado com o furacão que Amélia pode ser.

Sorrio, mesmo não entendendo nada. É engraçado vê—la tão inquieta e com raiva.

— Onde ele está? — Grita esbaforida, fazendo meu amigo tomar dois passos de distância.

— Quem? — Ele fala, olhando-a assustado.

A garota parece mais impaciente ao ouvir sua pergunta como resposta. Bufando em desagrado.

— Você sabe muito bem. — Diz, apontando um dedo na direção de Guilhermino.

Estranho seu comportamento, seu olhar checa cada canto da sala a procura de algo e fico intrigado.

Será que ela descobriu algo?

Ele coça a cabeça, retirando seu chapéu de cowboy com o ato.

— Estou reconhecendo você. — Fala, inclinando um pouco a cabeça para fazer uma melhor análise.Reviro os olhos.

— É a menina arredia que adorava cuidar das galinhas. — Ele fala, sorrindo ao fim da frase.

O semblante dela muda, transmutando para algo mais relaxado, corando nas bochechas. Ela empina o pequeno nariz e desvia o olhar do dele, mas consigo ter um deslumbre da melancolia nas íris claras.

Ela está triste ou com raiva?

— Elas eram melhores que muitas pessoas. Pra mim eram companhias perfeitas. — Diz e Guilhermino assente com a cabeça, repuxando um sorriso nos lábios com a declaração da garota.

— Você veio caçar confusão, não foi?  — Ele atiça, começando a gostar da situação. Ela não responde, apenas continua sua vistoria com os olhos.

— Onde ele está? — Volta a perguntar e começo a temer o motivo de sua visita. 

Os olhos de Guilhermino se desviam para minha direção, me pegando no flagra. Nego com a cabeça, sinalizando para ele não me entregar, mas seus olhos espelham um brilho de divertimento e curiosidade.

Ele coça o queixo, voltando sua atenção para Amélia e paraliso no lugar, nervoso com sua próxima ação.

— Você veio dirigindo de Beagá até aqui? — Os olhos da menina estreitam em sua direção e um alívio se acomoda em meu corpo, ele está distraindo ela.

— E o que isso importa? — A língua afiada traz de volta a imagem da menina franzina que conheci anos atrás.

— Bem, Belzonte é um pouco distante e você deve tá cansada. Aposto que está com fome, mandarei colocar mais água no feijão. — Franzo o cenho, não entendendo o comportamento dele.

Era para mandá-la embora, não convidar pra almoçar. A garota também parece confusa  com o aparente convite e o encara com incredulidade.

— Esse trem aqui é seu, assuma. — Eu gelo, vendo que sua fala é direcionada pra mim. Basta alguns segundos para os olhos verdes serem atraídos para onde estou também.Raiva cintilando nas suas íris claras quando me vê.

Fecho a cara para Guilhermino, deixando explícito que vamos nos acertar mais tarde e isto terá troco. Ele sorrir sacana.

— Ele estava di bituca o tempo todo, aí. —  Afirma para Amélia antes de sair, deixando minha situação mais complicada.

  Estou fulminando as costas dele quando sinto os olhos verdes fazerem o mesmo comigo, então resolvo lidar logo com ela e a olho cínico, disfarçando a bagunça que a cor verde anda fazendo com meus pensamentos. Disfarço uma expressão de surpresa ao encará-la.

— Não esperava receber visitas da família Leal. — Meu tom sai mais seco do que previ e isto faz o olhar da garota vacilar.

— Acredite, não é uma visita cordial. — Ainda estou sobre a escada, a olhando de cima e mantendo certa distância quando ela resolve corrigir isso e avançar em minha direção.

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