INDECENTE DESEJO romance Capítulo 14

De punho fechado esmurro  contra o volante do carro, imaginando no lugar o rosto de Henrico Zattani.Ele me beijou.O atrevido teve a cara de pau de me BEIJAR!

Quando os olhos escuros me ameaçaram de forma explícita mais cedo, muitos cenários violentos se formaram em minha cabeça, mas nenhuma delas acabava com nossos lábios colados um no outro. Por isso, quando minha racionalidade voltou para meu corpo eu tentei me desvencilhar de seu aperto a todo custo, empurrando-o para longe e quando consegui enfim me afastar, desferi um tapa em seu rosto. Desejei com todas as forças que minha mão ganhasse mais peso, deixando assim a marca dos meus cinco dedos na pele de sua face por vários e vários dias.

Buzinas de carros enchem meus ouvidos e me forço a focar na estrada, voltando minha atenção para o presente

.

Meu coração ainda está batendo acelerado com as lembranças, ao invés, de oxigênio é a raiva quem está inflamando meus pulmões e me guiando de volta para casa.

Eu odiei seu beijo. Odiei muito, ele tem gosto de menta.

— Aquele filho da ...

Argh!

Deixa pra lá, não é certo culpar a pobre mulher pelos erros do filho.

A imagem de Aurora em meu quarto hoje de manhã, acusando-me está tão viva que posso ouvir sua voz com clareza nesse exato momento.

Só que dessa vez ela não está tão errada em suas acusações e me sinto ainda pior.Bufo, ouvindo mais barulho de buzinas e reclamações dos outros motoristas, abro a janela do veículo e respondo de volta cada xingamento, apertando a buzina para revidar, embora eu devesse tá quieta por não ter carteira e está dirigindo na ilegalidade. O trânsito está aparentemente pior do que três horas atrás, com grande movimentação de carros e ônibus. Também Tendo a consciência de que o caminho de volta está sendo um pouco mais longo devido as distrações que a todo momento meu cérebro provoca.

Pouco mais de duas horas depois estou adentrando a garagem de casa, rogando para que minha irmã esteja em sua casa e não aqui. Mas assim que adentro surpresa e frustração me dominam ao encontrar a família toda reunida, fazendo uma reunião não oficial e pânico toma conta de cada célula minha, estou cansada de confrontos por hoje e sinto que esse será ainda pior. 

Engulo minha saliva ao encarar os olhos do meu pai carregados de raiva.

— Olha só quem chegou, conte para o papai com quem você estava. — Aurora provoca, carregando sarcástico em seu tom, me fulminando com os olhos.

Ignoro sua presença, mantendo meus olhos em papai.

— Amélia Leal, você está de castigo por pegar meu carro sem autorização e sair por aí dirigindo sem carteira de motorista. — Mamãe intervém, não parecendo tão furiosa com imaginei, tomando um lugar ao meu, chamando a atenção de todos para ela.

Afirmo com a cabeça, murmurando um pedido de desculpas, sabendo que sua atitude é apenas para desviar o foco principal da conversa.

—Você sabia que Alencar acabou de ser preso? — Meu pai fala com a voz calma, altamente frio e distante.

Arregalo os olhos, surpresa pela informação.

— Não... — Sussurro, não entendendo sua pergunta.

Por qual motivo eu saberia da vida de seu chefe de gabinete?

Então, compreensão me vem. Ele acha que Henrico tem a ver com essa prisão.

Franzo o cenho, não conseguindo juntar as peças.

— Qual o motivo da prisão? — Pergunto, recebendo silêncio em resposta.

Mamãe me toca nos ombros, como se me desse um aviso para encerrar o assunto, inventar uma desculpa e subir para meu quarto. Mas não faço isso, continuo segurando o olhar de meu progenitor.

— Corrupção. Ele foi acusado de desviar o dinheiro da campanha política e outras coisas.

O seu tom indica que acredita ser uma acusação falsa, deixando claro que devemos todos ficar do lado de Alencar e agir como vítimas.

— As coisas vão se esclarecer. Amélia, suba que vou conversar com você daqui a pouco. — Mamãe volta a falar.

— Onde você estava? — Papai pergunta, indicando pela sua tonalidade que já foi manipulado por Aurora.

— Na fazenda de Henrico Zattani. — Falo a verdade, sabendo que omitir essa informação só me deixaria a situação pior para meu lado.

Ele assente.

— Viu só, eu ...

Aurora começa a falar, mas papai faz um sinal para que ela se cale e em silêncio ele caminha para mais perto de mim.

— Augusto Leal, acho melhor você se acalmar. — Dona Anna Maria fala.

— Tudo bem, mamãe. — Digo para acalmá—la. — Não fiz nada de errado.

Minha irmã bufa com minha fala, atraindo meus olhos para sua direção.

Uma de suas mãos cobre seu ventre e a outra descansa em sua cintura, o cabelo está amarrado no topo de sua cabeça e seu rosto está carregado de escárnio, Pedro está ao seu lado quieto, também me observando.

— Você está tendo um caso com ele? Resolveu agir como uma vagabunda?

Papai grita, finalmente mostrando exaltação.

Meu treme, as primeiras lágrimas se formando em meus quando vejo o nojo em seus olhos.

— Não...

— Vi as fotos que sua irmã tem no celular, fiz uma investigação e descobri que ele estava no seu aniversário. Ele quer destruir sua família e você se deita com ele?

Abro a boca para revidar, mas paro percebendo que seria inútil.

Augusto Leal não escuta ninguém.

— Você vai se afastar dele ou vou te mandar para outro país. Por Deus, ele era marido de sua irmã, não aja como uma vagabunda.

Minha mãe resmunga ao meu lado, colocando seu corpo na frente do meu em proteção.

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