INDECENTE DESEJO romance Capítulo 47

Apoio seu pé esquerdo na minha coxa e finalizo o laço do cadarço, assim como fiz no sapato do pé direito. Sinto seus olhos queimarem em mim o tempo todo, mas me demoro na simples tarefa para adiar o momento terei que encontrar seus olhos e falar com ela. Agora que nós fodemos, não tenho certeza se estou pronto para uma conversa. Nem ao menos, sei se quero ter uma. Quando eu desci do carro e vim atrás dela, não tinha nenhum pensamento racional circulando minha mente além do fato de confrontá-la e exigir uma explicação para me deixasse. Eu estava furioso, tenho vivido no limite desde que ela mandou aquela maldita mensagem e destruiu o altar de perfeição que criei pra ela. A culpa é minha.

Coloquei muita expectativa em uma menina, ela não tinha maturidade o suficiente para encarar um relacionamento comigo e não acredito que tenha agora. Eu também não confio mais nela.

Ela me deixou.

Não vou conseguir apagar da minha mente o fato de que ela foi embora. No entanto, não pude resistir quando a vi sair daquele quarto, o rosto vermelho e os olhos cheios de lágrimas mexeram comigo de uma forma inexplicável e toda a raiva passou, mas foi quando coloquei os braços sobre ela que pude perceber o quanto essa pirralha me afeta.

O cheiro dela me deixa inebriado.

Os olhos dela me deixam aprisionados. E a boca, Porra! Essa boca me deixa alucinado. Mas, Amélia Leal é maleável demais. A menina é extremamente manipulada pelos pais e nem percebe. Não posso confiar em alguém que não responde os próprios comandos, mesmo que eu enxergue nela o mesmo desejo que arde no meu peito, não tenho como ficar ao seu lado sem saber se quando o pai dela chamar ela vai ficar ou correr pra ele.

— Preciso ir. Eu procuro por você. — Digo, me pondo de pés novamente, evitando seus olhos.

Ela abre e fecha a boca para me dizer algo, mas desiste, optando por sua típica pode esnobe, empinando o pequeno nariz.

— Não pode me comer e depois ir embora. — Diz, cruzando os braços na altura do peito, atrevida.

Aperto meus punhos, me controlando para não olhar nas suas íris claras, agora que a luz está acesa e posso enxergar seu rosto.

Tenho que resistir.

Tenho que resistir.

Preciso resistir.

— Me parece mais algo que você faria. — Digo, relembrando o fato dela ter viajado depois da nossa primeira vez.

Ouço seu rosnado indignado e seguro um sorriso.

— Eu realmente preciso ir, Amélia.

Não, eu não preciso, apenas tenho que ficar longe de você.

— Você é mesmo inacreditável, Henrico Zattani. — Esbravejo, soltando uma lufada de ar.

Assinto com a cabeça, virando de costas para finalmente abrir a porta e fugir da tentação.

— Não ouse ir embora novamente, juro que te caço até no inferno. — Aponto um dedo para ela, não resistindo e dando uma olhada no rosto bonito que está vermelho de raiva.

— Eu não escrevi aquela mensagem. — Resmunga, batendo o pé com força no chão igual uma criança quando fecho a porta atrás de mim.

Olho de um lado para o outro no corredor e percebo que está praticamente vazio, sorrio.

Saio do hospital pelos fundos, evitando o aglomerado de repórteres que se encontram na porta principal e avisto a caminhonete de Guilhermino de longe.

— Achei que tivesse mandado você ir embora. — Falo, batendo a porta quando entro.

Ele bufa, me dando uma expressão mal humorada.

— Você não manda em mim, garoto. — Rosna, dando partida no carro e me fazendo rir alto.

— Bem, e se o que eu tivesse pra fazer lá dentro levasse mais tempo? — Questiono, virando o rosto para encara—lo.

Um sorriso debochado se abre em sua boca.

— Eu sei o porquê de você ter entrado lá e em nenhuma das possibilidades, você levaria mais do que alguns minutos para resolver seu...problema. — Arrasta a última, me fazendo franzir o cenho para o que ele acaba de sugerir.

Eu gargalho, influenciado por um bom humor inexplicável.

— Você está certo, eu só preciso de alguns minutos para atingir meu objetivo, independente do que eu faça. — Lhe um sorriso, cínico, convencido, para que sinta o nível da minha confiança.

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