Senti o desespero em seu toque, a clemência na sua voz e a verdade nos seus olhos, mas eu precisava de muito mais. Não, eu necessitava das justificativas reais. Precisava das palavras certas e as teria agora.
— Fale comigo. — Exijo, implorando em pensamento para que ele comece e a despejar todas as merdas que estava guardando para si e pare de me afastar.
Suas mãos apertaram ainda mais em minha cintura, as narinas soprando forte contra meu pescoço.
— Não é algo que você precise saber. —Resmunga, cauteloso e resignado em sua postura. Me apertando como se precisasse saber que eu estava ali.
Suspiro, cansada do seu tratamento e desse joguinho.
—Eu não deveria decidir sobre isso? Olhe só pra você, está com olheiras até na alma e ainda quer me dizer o que devo ou não saber.4
— Estou tentando te proteger, Mel. Minha princesa, apenas faça o que eu peço.
Analiso seu pedido, fico tempo demais interpretando suas palavras que ele se assusta quando me afasto de forma abrupta do seu abraço. Desvencilho seu corpo do meu, caio pra fora dos montes musculosos que são seus braços e fujo do aroma natural que sua pele solta.
Me proteger.
— De quem? — O rosto franzido encara o lugar vazio que eu me encontrava segundos atrás, ele arrasta sua carranca em minha direção e me encara bravo.
— Não saia de perto de mim, não me negue seus abraços.—Esbraveja, como se ainda estivesse diante da garotinha de anos atrás.
Bufo.
Ele está dando rodeios e decidido a não me contar nada.
— Me conte sobre seus telefonemas.
— Negócios. — Me corrige.
— Suas saídas apressadas e rotineiras?
— Reuniões.
— A sua bebedeira desenfreada.
— Gosto de beber. — Fala.
Sorrio vingativa.
— Aquilo que é gostar de beber
.
Sento em minha cama frustrada, a certeza que não vou obter nenhuma informação se torna mais clara quando ele se distancia e segue rumo a porta, pronto para me deixar sozinha novamente. Seu olhar de pesar me cobre por ínfimos instantes e quero começar uma maldita briga até descarregar toda a minha raiva e quebrar até o último vidro de perfume nele.
— Vou passar o dia fora, mas Olga cuidará para que você não se sinta tão solitária.
Reviro os olhos. Finco minhas unhas no tecido floral que cobre a cama, meu peito começa ser apertado pelo ar que impeço de sair de meus pulmões, sinto que posso estourar com toda essas palavras não ditas e decido que cansei dessa merda.
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