INTENSO DESEJO romance Capítulo 21

— Tenho que enviá-la de volta para aquele colégio interno, não, vou mandá-la para outro continente.

—Você precisa agir com calma nesse momento, pensar em como vai contornar essa situação de maneira inteligente e sem alarde. — Encaro meu investigador particular, ele vem se mostrado um amigo nesses últimos meses e por isso, resolvo seguir seu conselho. Tento manter o controle e voltar ao meu eu racional.

— Sabe se ele tem conhecimento sobre isso? — Indico o envelope com a cabeça, ele entende o recado de imediato e sinaliza de forma positiva.

— Pelo que descobri sua ex mulher e a irmã esconderam bem no início, mas ele acabou descobrindo poucos meses antes do nascimento. O calaram com dinheiro.

Escuto atentamente suas revelações, indignação me invade diante de suas palavras, não consigo lidar bem com a ideia dele circulando ao redor da minha garota depois de tudo que descobri, apesar de que eu não deixaria que ele chegasse a dez metros dela muito antes disso de descobrir isso tudo.

— Talvez, com a quantia certa eu consiga deixá-lo calado também. — Falo, tendo consciência de que o valor pedido seria exorbitante, mas daria o que fosse para ter seu silêncio.

— Não acredito que seja a melhor medida, isso nunca funciona, ele sempre vai voltar quando o dinheiro acabar.

— Pensei nisso, porém estou disposto a pagar pelo resto da vida para mantê-lo calado e longe de nós.

— Bem, você mesmo disse que a menina tinha uma quantia no banco para receber...

— Onde quer chegar? — Interrompo, sentindo o álcool fazer efeito e minha cabeça pesar para baixo. Preciso desacelerar ou sairei daqui pronto para fazer uma besteira, além do mais prometi para Melissa que iria parar de beber como um descontrolado.

Ele suspira como se estivesse lidando com uma criança.

— Se ele souber desse dinheiro significa que seu plano não tem nenhuma chance de funcionar. — Agora é minha vez de suspirar, mas ao contrário dele, meu suspiro é de raiva e frustração.

— Solange estava retirando o dinheiro da conta pra bancar as drogas, tudo indica que ele tem sim conhecimento.

— Bom, então o caminho é secar o poço.

Estreito as sobrancelhas em sua direção.

— Como assim?

— Esvazie a conta da menina, ela não tem mesmo conhecimento ou tem?

— Não.

— Deixe-o saber que seja lá qual for o plano não terá como garantias a grana da garota.

— Eu a amo. — Admito, antes que ele deixe a bancada do bar.

— Não o deixe saber. — Isto é tudo que ele diz antes de ir, pelo seu tom sei que entendeu minha declaração e de que tipo de amor estou falando, sua mão bate no meu ombro com uma espécie de apoio e sinto alívio me invadir por poder compartilhar finalmente esse sentimento com alguém, até então, não sabia o tamanho da necessidade que sentia em dividir essa verdade com outra pessoa. Confio no seu profissionalismo e na nossa recente ligação de amizade para que guarde esse desabafo, nas circunstâncias atuais ter isso vazado só traria consequências ruins. Também não houve julgamento de sua parte, pelo contrário, me senti compreendido e abraçado.

O telefone volta a vibrar, saí do bar faz pouco menos de uma hora e estou dentro de um táxi indo pra casa, como sabia que acabaria bebendo preferi não ir de carro. Passei antes no restaurante para guardar o envelope, lá estará seguro e longe do alcance da minha menina.

— Alô? — Atendo, angustiado com a quantidade de ligações perdidas dela.

— Até que enfim, onde você estava? — Pergunta, com a voz apressada. Antes que eu tenha a chance de responder volta a falar. — Quer saber, não importa. Aquela mulher ainda está aqui.

Estreito as sobrancelhas.

— Que mulher? — Pergunto, tentando acompanhar suas informações.

— Você não ouviu minhas mensagens? — Pergunta, parecendo levemente irritada comigo e mais uma vez, antes que eu tenha a chance de me defender sou atropelado por suas palavras.

— Venha logo pra casa, Lorenzo!