INTENSO DESEJO romance Capítulo 24

Curiosa, estreito os olhos para as imagens em minhas mãos, uma jovem mulher grávida protagoniza as fotos e por um segundo acredito me terem sido enviadas por engano, mas o rosto familiar me chama a atenção nas duas primeiras fotografias e continuo a passá-las uma a uma vagarosamente. Só me dou conta de quem ela é quando o seu rosto ampliado aparece, busco na memória se algum dia à vi nesse estado, mas nada aparece.

Vasculho o envelope amarelo atrás de mais alguma informação que possa ter passado despercebida, inspeciono todo o papel, dentro e fora para encontrar nada além do que meu primeiro nome, grifado com caneta piloto da cor preta em uma caligrafia alinhada e precisa. Volto para as fotos, me preocupando em sentar no sofá.

Trêmula, meus olhos se prendem novamente nas imagens e milhões de dúvidas começam a surgir. Balanço a cabeça em negativa, desnorteada.

Só me dou conta de que estou chorando quando minhas lágrimas começam a molhar os papéis em minhas mãos, os rostos dos meus pais invadem meus pensamentos e momentos nossos durante minha infância e tudo que pensar é nas fotos dela grávida que acabei de ver.

Nenhuma lembrança desse momento. Nenhuma.

Ela nunca esteve grávida. Não antes de eu nascer, não quando ela estava perto de nós.

Meu celular apita avisando a chegada de uma mensagem e ignoro. Ele vibra novamente, mas dessa vez a tela se ilumina revelando o rosto sorridente de Cíntia e Alok começa a ressoar do aparelho. Crispo o cenho para o aparelho, intrigada com a ligação inusitada da garota após dias de sumiço.

A campainha toca me alarmando, me sobressalto assustada e enxugo as lágrimas que desceram pelo meu rosto. Intervalo meu olhar entre a porta, o visor do celular e as fotos.

As fotos.

Pulo do sofá, arrumando apressada todos os papéis de volta para o envelope e guardando-os debaixo da almofada, de repente me sinto como se estivesse fazendo algo escuro e errado. Mais uma coisa errada.

Me encaminho para a porta, ignorando mais uma chamada de voz de minha amiga, espiando por cima do ombro meu esconderijo e tendo a certeza de que nada está aparecendo. Tudo em ordem.

Levo meu corpo trêmulo de volta para caminhar, foco na chave presa na maçaneta e leva alguns segundos para que meu consciente me diga o que preciso fazer. Mordo minha bochecha insegura, espiando mais uma vez sobre os ombros, ainda confusa pelos últimos minutos.

Lorenzo, deve saber de algo.

Engulo em seco quando processo minha últimas palavras, eles eram um casal e estiveram juntos por muito tempo. Aquele bebê pode ser muito bem dele, então onde ele está?

Um bebê dele e dela. Dos dois.

Suspiro, tentando afastar a confusão na minha cabeça.

A campainha volta a tocar, me despertando do meu transe.

Espionou pelo o olho de vidro, corrigindo o erro da última vez e checando quem é antes de colocar qualquer outro estranho dentro de casa novamente.

Paro.

E se for aquela mulher?

Talvez, eu apenas deva ignorar e fingir que não há ninguém em casa. Não estou preparada para outro interrogatório não oficial, estou sem paciência para ignorar seus olhares sugestivos.

Contorço minha boca ao escutar novamente o barulho vindo do pequeno aparelho instalado na parede, saco.

Uma cascata rosa, com fios longos e ondulados na ponta aparecem em meu campo de visão. A menina mantém uma expressão de indignação no rosto e o dedo anelar pressionando contra o botão, fazendo meus ouvidos doerem com o barulho irritante ressoando em todo o apartamento. Um sorriso me escapa, a sensação confortável se instalando em meu peito e tirando todo o peso.

Ela sempre ter esse efeito sobre mim, não importava quão fodida a situação era. A leveza dela sempre me contagiou.

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