— Vamos sair. — Ela diz, mantendo o dedo encostado no botão de desligue do som.
Arqueio uma sobrancelha. Não foi uma pergunta.
— Não vamos sair. — Digo.
Agora é sua vez de bufar.
— Por quê não? Somos jovens, lindas e estou cansada de olhar para as paredes de seu quarto. — Diz, fazendo uma careta ao final da frase.
— Podemos ir para a sala e assistir filmes. — Sugiro, cruzando o caminho em direção ao aparelho de som, desligando o aparelho. Ela resmunga em protesto quando dou um tapa de leve em sua mão para impedi-la de ligá-lo novamente.
— Não aguento mais olhar para qualquer parede deste lugar, Melissa. Vamos sair.
Suspiro, avaliando suas palavras. Sim, eu também estava exaurida de cada cômodo deste lugar após meses de poucas saídas.
Mordo meu lábio, incerta sobre que decisão tomar.
— Enzo pediu para que eu não saísse. — Admito, ganhando um olhar de "fala sério, Melissa" da parte dela. — Ele ficou preocupado e neurótico depois que você abriu essa boca grande e lhe contou sobre o episódio do homem que você viu lá fora, bem na nossa porta.
Ela sorrir culpada. Um leve rubor cobre suas bochechas, deixando-as quase da mesma cor de seu cabelo.
— Desculpa, a beleza do seu tio apenas me deixou abalada e só quis puxar assunto com ele.
Reviro os olhos, fechando a cara em seguida. Uma ponta de ciúmes me atinge, apesar de gostar verdadeiramente de Cíntia, não gostei nenhum pouco do seu comportamento com Lorenzo.
— Controle este seu fogo, então! — Disparo, soando infantil por conta dos ciúmes.
Ela levanta as mãos em rendição e solta um risinho zombeteiro.
— Ok, eu apenas não estava preparada para toda aquela virilidade e beleza, ele é uma coisa deliciosa de olhar e eu amava olhar aqueles retratos de vocês na sua cabeceira, mas ao vivo a coisa fica MUITO melhor.
Ela suspira, me deixando irritada.
Droga, eu nunca tive que lidar com isso antes. Essa sensação está me deixando enjoada.
— Cale a boca. — Resmungo, escondendo as palavras que eu realmente quero dizer.
" Pare de babar no meu homem"
— Certo, mas seu tio exagerou. Provavelmente era só um entregador que errou de número e percebeu antes de apertar a campainha.
— Ele tem motivos para isso, sou a única família que lhe resta.
O clima pesou de imediato, os olhos alegres abaixaram, constrangidos e culpados. Não havíamos mencionado a morte de tia Solange ou o quanto minha vida se resumia a isto, perdas e dores.
No entanto, ela estava certa sobre tio Enzo ter exagerado ao me pedir para ficar reclusa em casa, como uma prisioneira, mas sua reação parecia tão alarmada e desesperada para questionamentos. Aquela noite me fez jurar nunca deixá-lo. Eu jurei, claro.
— Então, nós vamos? — Cíntia pergunta, olhando diretamente para mim com uma expressão maliciosa e sinto que perdi algo.
— O quê? — Pergunto confusa.
— Ao lugar mais sórdido de Minas.
A olho desconfiada, imaginando mil e um cenários para sua descrição. Minha amiga vinha de uma família tradicional, ambos os pais eram arqueólogos e estavam em uma expedição no momento, por isso, a pequena rebelde estava passando as férias com a vó, que coincidentemente morava a 45 minutos de distância do prédio onde eu morava.
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