INTENSO DESEJO romance Capítulo 28

Sua mão direita aperta meu punho, fazendo com que a pressão exercida diminua a circulação do sangue e a deixe com o aspecto esbranquiçado. A foto ainda presente na sua mão esquerda está amassada.

Daniel Matoso leal.

Eu conhecia esse nome, estava em vários comprovantes de depósito nas coisas de titia, mas quando a questionei sobre quem era o sujeito, ela me disse que era só um pobre velhinho, um ex vizinho seu e de mamãe que passava necessidade e não tinha ninguém para pedir ajuda.

As coisas começam a se ligar no meu cérebro.

As fotos grávidas de titia.

O homem na porta.

Minha cabeça lateja mais forte, meu tornozelo protesta quando forço meus pés para fora da cama e tento ficar de pé. Vacilo, me desequilibrando e quase caio de volta. Consigo notar agora que minha panturrilha está inchada e por isso o desconforto para ficar de pé é tão gritante.

— Era você na porta da minha casa no outro dia, não era? — Mantenho o tom baixo, ainda processando todas as informações.

— Eu pretendia te contar as coisas naquele dia, mas eu não queria ser interrompido por ninguém, por isso te trouxe pra cá.

— O que você queria me contar?

— Que eles te roubaram de mim.

Meu coração palpita forte com um filme de toda a minha vida passando bem na minha frente, mesmo tendo ciência de que eu não quero ouvir a resposta, pergunto:

— Quem me roubou de você?

— Seus pais e sua tia.

Meus pais.

Era a primeira vez que ele se referia aos meus pais.

— Como?

Ele toma um tempo, parecendo analisar se deve ou não revelar o que esconde.

— Eu namorava com sua tia desde que éramos muito jovens, ela tinha treze e eu dezessete, não éramos as pessoas mais fáceis do mundo, mas éramos perfeitos um para o outro. Fomos vizinhos por muito tempo, mas ninguém apoiava nosso namoro, principalmente sua mãe.

Suspira, fazendo uma pausa dramática em sua fala, mas não o questiono. Dou-lhe o tempo necessário, levando o meu próprio para absorver todas as informações que me deu até agora.

— Gostávamos de experimentar qualquer coisa que nos fizesse bem, começamos com a maconha, cigarros, bebida e daí, só piorou.

— Você a apresentou para o mundo das drogas. — Falo, com raiva inflando meu peito.

— Não, ela que me convenceu a experimentar cada uma daquelas merdas.

Não pode ser.

— Você está mentindo, ela não...

— Ela não era quem você imagina. — Me interrompe, presumindo que eu falaria algo em defesa dela.

Não o contradigo. Apenas me mantenho parada, encarando a parede.

— Continue. — Peço.

— Ela engravidou. — Declara sem rodeios e é como um soco no meu estômago.

Não é como se não estivesse esperando por isso, eu já sabia de alguma forma o que essa conversa revelaria, eu tinhas as fotos dela.

As fotos.

— Você enviou as fotos pra mim. — Concluo. 

— Sim, eu precisava que você começasse a questionar.

— Eu não fiz isso.

— Eu sei, mas aquele verme do Lorenzo fez. — Arregalo meus olhos na menção de seu nome.

O homem está dizendo que Lorenzo fez algo, mas o quê exatamente?

Ele parece notar a confusão em meu rosto, pois começa a explicar com um sorriso zombador no rosto.

— Lorenzo descobriu faz uns meses que sou seu pai e desde então, está tentando me manter longe.

As ligações.

A conversa com a advogada.

Ele sabia sobre Daniel e não me falou nada, ao contrário disso, escondeu e arquitetou para que eu nunca soubesse.

Meu peito dói em decepção, todo aquele discurso para que eu nunca o deixasse independente de qualquer coisa começa a fazer sentido.

AS FOTOS.

Ele queria que eu questionasse.

Não.

— Solange...

— Ela não é sua mãe. — Ele se adianta mais uma vez e me perco na história.

— Mas, ela estava grávida. — Afirmo, dizendo muito mais pra mim do que pra ele.

— Ela o perdeu com cinco meses de gestação, o consumo de drogas aliado com sua pouca idade a fizeram sofrer um aborto. Era um menino. — Declara, parecendo verdadeiramente triste.

As informações são como um bombardeio no meu coração, luto com a falta de ar.

— Você está bem? — Pergunta, demonstrando preocupação.

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