Mãos quentes me circulam, arrancando meu corpo ainda amolecido do colchão, um som baixo e involuntário sai da minha garganta em protesto, embora ele seja ignorado. Quero abrir meus olhos e checar quem está me amparando, mas não consigo comandar nenhuma parte do meu corpo nesse momento.
O perfume familiar chega a minhas narinas assim que sinto seu peitoral colidir com meu corpo, meus músculos relaxam pela primeira vez em muitas horas e tento erguer meus braços e abraçar seu pescoço.
Lorenzo. Meu Enzo.
Ele está aqui. Quando ele chegou?
Meu coração passa a errar batidas, saudoso apesar do pouco tempo de distanciamento.
Seu corpo parece tensionado sobre meu toque leve, minha cabeça ainda está confusa e lateja enquanto alguém esbraveja, xingando meia dúzia de palavras sem intervalo, uma discussão começa a ser iniciada e um corpo alto e másculo se põe na nossa frente. Com muito esforço abro os olhos, apertando envolta do pescoço de tio Enzo para confirmar que tudo é real e não um sonho, pisco duas vezes olhando para o rosto conhecido e bonito.
Ele realmente está aqui.
Fecho os olhos inspirando forte o aroma almiscarado de sua pele. Lorenzo desvia o olhar bem na hora que volto a abrir os olhos e nos Encaramos por breves segundos, apertando os lábios para logo depois deixar um beijo em minha testa.
— Saia da frente. — Lorenzo esbraveja, rangendo os dentes no final da frase.
— Ela é minha. Ela fica. — Daniel responde, parecendo tão fora de si como titio.
Enzo bufa. Demonstrando impaciência com o nosso algoz.
Ainda não tive coragem de encará-lo, no entanto.
Meu corpo treme com toda a tensão, ainda processando as informações das últimas horas. Minha atenção continua sendo direcionada ao homem que me mantém em seus braços.
Existe uma mistura de selvagem e protetor em sua carranca. De forma cautelosa ele me deposita de volta a cama, acariciando meu rosto com as pontas de seus dedos. Franzo o cenho, confusa com seu ato.
Eu preciso que ele me tire daqui, banque o maldito príncipe e nos salve.
Quase inconsciente, desvio meu olhar para o outro homem no quarto, sendo acometida por uma sensação estranha de preocupação quando vejo sangue escorrer do seu supercílio e nariz. Eles brigaram, provavelmente enquanto eu estava inconsciente.
Continuo encarando meu possível pai, revivendo todas as emoções que suas revelações me trouxeram. Ainda incerta da veracidade de suas palavras, mas por qual motivo ele mentiria pra mim. Engulo seco, sentindo meu corpo inteiro formigar e a vertigem voltar.
— SAIA. — Lorenzo grita.
Ele está por um fio.
Uma risada alta se inicia, pegando a mim e titio de surpresa.
Vejo seus punhos fechando, prontos para acertar Daniel em algum outro ponto. Meu estômago revira com os possíveis finais que esse dia pode ter. Eu deveria me sentir mais segura agora que Lorenzo está aqui, no entanto algo na forma de olhar do meu sequestrador indica que o último sentimento que devo sentir é segurança.
—Ela não vai sair daqui. — Daniel volta a gritar, puxando uma arma de fogo da sua cintura. Ela provavelmente estava escondida pelo blazer longo esse tempo todo.
Suspiro alto.
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