Um mês depois...
Amasso a carta em minhas mãos e a jogo no lixo do meu quarto, voltando para minha cama e deitando um pouco mais. Puxo o ar com força, tentando arrastar um pouco de coragem junto e confessar pra ele o motivo pelo qual tenho andado tão pensativa.
No fundo, ele sabe. Algo mudou dentro de mim desde o meu sequestro.
Bufo.
Quem não mudaria depois de todas aquelas descobertas?
Aprendi a lidar com a morte, todos que eu amo acabam partindo e me deixando. Só que eu sempre estive do lado de cá, sendo a pessoa que diz adeus e tenta seguir em frente, mas aquelas horas naquele lugar me fizeram enxergar que a minha vida um dia também vai acabar e eu preciso ter certeza das decisões que estou tomando agora. Eu ganhei um pai e logo descobri que ele foi o assassino da mulher que me criou, mas agora ele também está morto, assim como todos os outros e eu continuo aqui, vivendo.
Amo Lorenzo com todas as minhas forças e vai ser difícil admitir pra ele que não posso ficar e ser sua mulher, não por agora, pelo menos. Quero estar ao lado dele e não atrás, quero olhar de igual pra igual e não me sentir como a sobrinha adolescente insegura e coitadinha, mas pra isso eu preciso crescer longe.
Tomando coragem me ponho de pé, seguindo em passos vagarosos para a porta, dando uma última olhada para a mala já feita no fundo do cômodo.
— Ok, eu preciso fazer isso agora. — Digo pra mim mesma.
O barulho de panelas vindo da cozinha indica que ele está preparando nosso almoço, já que dispensou a Olga pela semana inteira. Mordo meu lábio inferior, em uma tentativa de aliviar a tensão do meu corpo.
Meu olhar vacila assim que chego na cozinha e me deparo com suas costas nuas, os músculos flexionando enquanto mexe a colher na panela e adiciona um pouco de sal. O cheiro gostoso inunda o ambiente e meu estômago se manifesta, fazendo sua atenção virar pra mim. Um sorriso sexy repuxa pelos seus lábios rosados e faz meu corpo acordar, uma corrente elétrica despertando meus sentidos e fazendo isso mais difícil.
Meus olhos focam no abdômen perfeito e de repente tudo que eu quero falar some de foco, minha boca saliva por uma pequena prova da pele descoberta.
— Princesa, você está com fome? — Pergunta sugestivo, levanto meus olhos para os seus e noto um brilho malicioso que me faz tremer.
Droga, agora tô molhada.
— O quê? — Pergunto, um pouco confuso sobre o que ele está me oferecendo.
Ele solta uma gargalhada malvada, soltando a colher e dando alguns passos para perto, circulando minha cintura assim que está próximo o suficiente.
— Eu perguntei se você está com fome, princesa. Quero te alimentar.— A voz rouca sussurra cada palavra pausadamente, fazendo que ondas elétricas deixem os cabelos da minha nuca em pé e minhas pernas mole.
Devolvo seu sorriso safado com outro, alisando seus braços com as pontas das minhas unhas até ter minhas mãos em seus ombros. Resolvo entrar no seu joguinho sexy e deixá-lo tão envolvido quanto eu.
— Você quer me dá na boquinha, titio?
Ele solta uma respiração pesada, colando mais seu corpo ao meu. Traçando meu rosto com fome e satisfação.
— Claro, vou te alimentar até que você esteja satisfeita. Quero vê engolir tudinho.
Um gemido baixo me escapa perante a sugestão, minha calcinha se tornando inapropriada de tão molhada. Imagens do quão grande é a minha comida favorita.
— Eu nunca desperdiço. — Falo, levando minha boca para sua orelha e sugando o lóbulo depois de umedecer meus lábios.
Ele geme, ruge e marca meu quadril com seus dedos. Arranho seus ombros, me agarrando nele quando suas mãos me puxam pra cima. O cheiro de queimado faz seu corpo pular pra longe do meu e choramingo frustrada.
Ele xinga, desligando o fogo e joga a panela na pia. Acabo sorrindo com a cena, mesmo ainda estando excitada.
— Você é um péssimo chefe de cozinha. — Provoco.
Ele vira, parecendo verdadeiramente chateado, mas suavizando a expressão quando me vistoria de cima abaixo.
— A culpa é sua, fui tentar apagar seu fogo e esqueci desse aqui. — Fala, apontando para o fogão.
Meu sorriso alarga, ele está certo. Só que meu fogo ainda não foi apagado. Resolvo adiar um pouco mais nossa conversa e aproveitar sua companhia.
— Que tal uma pizza? — Sugiro.
Ele para pra analisar por um segundo e depois assente.
— Frango e Portuguesa? — Faço um sinal de legal, escondendo meu entusiasmo com sua sugestão.
Ele revira os olhos, volta para perto e segura minha mão esquerda, nos guiando para o sofá e discando para fazer o pedido.
Uns bons trinta minutos depois e estamos na mesa, discutindo minha paixão por ketchup.
— Você não vai sentir o gosto da pizza se encher cada fatia com esse troço. — Reclama e faço cara feia.
— Isso daqui realça infinitamente o sabor de qualquer coisa e deixa tudo melhor.
— É? — Arqueia a sobrancelha esquerda e me olha sugestivo.
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