Sandra está me olhando como se eu fosse louco, mas evitou questionamentos durante toda a minha fala. Além de uma grande amiga ela é uma profissional de excelência, e foi exatamente por esse motivo que contratei seus serviços desde o começo, mas sinto que dessa vez ela não vai deixar passar e ignorar minhas ações.
E a certeza disso se dá quando ela puxa o ar para seus pulmões e o solto com uma lufada.
— Nós somos amigos, certo? — Pergunta e confirmo com a cabeça.
— Ok, então me sinto na liberdade de perguntar, você bebeu ou tá ficando louco?
Solto uma leve risada, fazendo com que seu rosto se feche em uma carranca de desgosto ainda maior.
— Sandrinha, você me conhece bem o suficiente pra saber que cada uma das minhas atitudes são calculadas.
— Não quando se trata da Melissa, você simplesmente fica cego e ignora os preceitos da moral.
Fecho a cara, não gostando do seu tom quando citou minha garota.
— Escuta, você é minha advogada e estou te informando as medidas que preciso tomar, mas se você não for capaz posso procurar por outro profissional.
Ela revira os olhos, ficando mais jovem do que realmente é com o gesto e por uma fração de segundos, lembro da nossa época de faculdade.
Todo mundo achava que tínhamos algo, mas eu já estava de olho em Solange e Sandra era, bem, independente demais pra uma vida pacata que eu sonhava em ter, mas também tinha o fato dela ter um fraco por asiáticos.
— Não seja tão sensível, vou fazer o que está me pedindo. Só quero que tenha certeza do que está me pedindo, ela ainda é jovem pra ter tanto poder assim.
— Melissa é extremamente madura pra idade dela, tenho certeza que essa é a decisão certa.
No fundo, meu peito estava se partindo em pequenos fragmentos. ideia de tê-la longe era dolorosa demais, mas havia verdade no que ela disse. Aqui sempre seremos tio e sobrinha, nosso relacionamento foi desenvolvido dentro do nosso apartamento, ninguém vai entender e nosso amor vai acabar sendo subjugado, nós realmente nos apaixonamos quando vivíamos o pior de nossas vidas e pode não ter sido a melhor maneira.
Certo, eu a amo e não tenho dúvidas disso. No entanto, quero que ela tenha a certeza sobre todas as possibilidades que tem, se ela me escolher no fim de tudo não haverá ninguém para questionar.
Sandra assente, me passando os documentos para assinar.
— Vou passar para o juiz o mais rápido possível. — Diz, pegando a sua bolsa e organizando a papelada na pasta.
— Mais alguma coisa? — Pergunta, me encarando com sua postura de advogada, seus olhos estão fixos nos meus e tenho a impressão que ela sabe o motivo por trás do meu pedido.
—E sobre aquele outro assunto? — Pergunto, desviando o olhar para a minha xícara de café.
— Faltam poucos investimentos agora, mas o que pretende fazer depois?
— Me mudar.
— Imaginei, já sabe o destino? — Pergunta.
— Ainda não.
Conversamos um pouco mais antes do celular dela tocar e ela ter que voltar para o escritório e atender outro cliente, um que aparentemente ela não gosta muito.
Pago a conta do café e resolvo passar na loja que vim no primeiro andar do shopping, uma joalheria com design único. Avisto a corrente fina com uma pequena estrela de pingente logo na entrada e sorrio, imaginando como ficaria perfeito no pescoço dela. Uma atendente loira corre para me atender e tento ignorar a checagem rápida que ela deu ao meio das minhas pernas, mas precisamente ao meu pau.
— Como posso ajudá-lo? — Ela pergunta, mostrando quase todos seus dentes com o sorriso.
Sorrio de volta, não deixando de notar a beleza da mulher e relevando que fui quase despido por seu olhar no primeiro contado, afinal, ela tem tanto direito de se interessar e ficar curiosa com um corpo masculino quanto os homens provavelmente ficam sobre o dela, só que o meu foi domesticado e não levanta pra outra que não seja minha Mel.
— Claro, vou levar aquela correntinha ali. — Aponto, indicando de qual corrente falo e a atendente alargar seu sorriso.
— Delicada e elegante, ótima escolha. Para sua namorada?
Sorrio.
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