— Pai! Mãe! Olha que legal, encontramos um lagarto.
Theo tira a mão da minha calcinha e eu ajeito a saia, enquanto Joaquim e Heitor se aproximam, correndo.
— Que nojo, Quim! — eu exclamo com uma careta, o rosto ainda afogueado pelas carícias de Theodoro. — Isso não tem nada de legal. É muito nojento.
Ele exibe o pequeno filhote em uma das mãos. Verde e com aparência viscosa, não é nem de longe o bichinho mais agradável que eu já vi, mas os meninos parecem orgulhosos da sua descoberta.
— Não liguem para a mãe de vocês — Theo pede, me abraçando com força pela cintura quando ameaço me afastar. — É muito legal, sim. Eu gostei.
Joaquim vira a cabeça na direção do irmão, que tem um pequeno e hesitante sorriso nos lábios.
— Foi o Heitor quem descobriu ele. Eu não queria pegar, mas ele falou que não precisava ter medo e tinha razão, olha só.
Pisco algumas vezes, surpresa, com a atitude do meu filho caçula. É como se tivesse percebido que o irmão precisa de um incentivo e resolvesse assumir aquela missão. Meu peito infla, todo cheio de orgulho.
— Bom, parabéns Heitor — Theo assente, cauteloso, para o filho mais velho. – Você foi muito corajoso.
Heitor desvia o olhar e dá de ombros.
— Bom, é só um lagarto.
— Mas sua atitude foi corajosa — o pai insiste. — Além disso, ensinou ao seu irmão o que fazer. Mostrou valentia e liderança.
— Acha mesmo?
Theodoro e eu nos entreolhamos e levanto as sobrancelhas, incentivando ele a prosseguir.
— Não acho, tenho certeza — afirma, resoluto. — Estou muito orgulhoso de você.
Aquele elogio parece fazer algo reluzir dentro de Heitor. Como uma luz brilhante que tivesse ficado apagada por muito tempo. Ele brinca o resto da manhã com mais vivacidade e alegria, enquanto eu acompanho com os olhos, emocionada, e até participo de algumas brincadeiras, assim como Theo.
E assim, a manhã vai correndo agradável, com Heitor e Joaquim lançando desafios um ao outro, e Theodoro e eu nos olhando com um ardor mútuo que me tira a razão mais uma vez.
E se ele estiver mesmo diferente? Parece ter se arrependido das atrocidades que fez. Definitivamente, ele quer começar de novo.
Mas não... o que Theodoro fez não tem perdão. Além disso, diz que me quer de volta, mas não confia em mim. E que tipo de relacionamento será esse, baseado em medo e desconfiança?
Perto do horário do almoço, uma mensagem vem para me deixar abalada. São notícias de Alessandra. Ela tem novidades e quer falar comigo o mais breve possível. Eu fico nervosa, coração acelerado, e tenho um sobressalto quando sinto a mão de Theodoro em meu rosto.
— Devemos ir, agora.
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