Jogo de Intrigas romance Capítulo 47

— Anda, Vincenzo! Dirija, rápido. Os desgraçados estão quase nos alcançando — ordeno e ele pisa no acelerador, mudando a marcha. — Mas que inferno!

Passo a mão pela cabeça de Joaquim no meu colo e olho, preocupada, para Heitor na outra ponta do banco. Quando Vincenzo faz uma curva fechada de última hora, os dois sacolejam e Heitor quase cai.

Estendo o braço para segurá-lo, enquanto meu coração palpita de ansiedade.

— Conseguiu deixá-los para trás?

— Ainda não, mas eles ficarão para trás em breve, senhora — o homem assegura, com um aceno da cabeça. — Fique calma, por favor. Vocês estão em segurança. 

Segurança porra nenhuma!

Quero roer as unhas de ansiedade, mas me obrigo a ocupar minhas mãos afagando a cabeça de um filho, enquanto mantenho o outro firme. 

Menos de cinco minutos depois, o veículo atrás de nós deve ter desaparecido porque Vincenzo desacelera, entrando em uma belíssima e tranquila rua que eu desconheço. Há mansões espetaculares de ambos os lados, tão vistosas quanto o casarão Tremesso.

Vincenzo para o carro e, para minha total consternação, desce, contornando o Bentley e abre a porta do passageiro, do meu lado.

Olho para fora, incerta, para as rosas e petúnias colorindo o imenso jardim. Há um portão de ferro aberto com dois gigantes vestidos de segurança, o que faz meu coração se apertar.

— Que lugar é esse?

— Um lugar seguro — diz Vincenzo. — Saia do carro, por favor, Sra Tremesso. E venha comigo, eu irei acompanhá-la.

— Não vou entrar em lugar nenhum até eu saber onde estou e por quê.

— São ordens do cappo, mantê-los em segurança. Eu peço que faça o que estou dizendo, senhora.

— Foda-se o cappo — eu rosno entredentes. — Que lugar é esse? De quem é essa casa? O que estamos fazendo aqui?

O olhar de Vincenzo muda neste instante. Torna-se frio e superficial. Parece estar perdendo a paciência, mas eu nem penso em me encolher no banco. Na verdade, se não fosse pelos meninos dormindo, eu já teria saltado sobre ele e o nocauteado com um chute bem no saco.

— Por favor, eu não gostaria de ter que usar a força —  o seu tom é ameaçador.  — Contra a senhora ou contra os seus filhos.

Aquilo é a gota d'água, vou matar esse miserável. Se todos têm tanto medo assim de Theodoro, vou dar a eles também um motivo para me temer. 

— Vamos, meninos — acordo os dois, delicadamente, para que não se assustem. — Desçam do carro, agora.

— Para onde nós vamos, mãe? — Quim pergunta, ao abrir os olhos, e espia o portão de ferro, inseguro. — Para onde Vincenzo está nos levando?

Eu me viro para Vincenzo com ódio mortal.

— Para ver um amigo do seu pai.

Salto do carro, trincando os dentes para controlar um ataque de fúria. Eu espero que Theodoro faça esse traidor miserável pagar cada centavo. Caso contrário, eu mesma terei que tomar minhas providências para isso.

Passo pelo desgraçado e dou a ele um olhar mortal antes de sair pisando duro, enlaçando os meus dois filhos pelos ombros. Não sei o que está acontecendo exatamente, mas agora que estou perto de descobrir, o medo e o desespero tomam conta. Eu os aperto com mais força contra mim, enquanto atravessamos o jardim.

— Está tudo bem, Joaquim — Heitor sussurra ao meu lado. — Se você ficar com muito medo, eu te dou minha mão. 

A casa se assemelha a um castelo, com janelas em formato medieval nos três andares, e a fachada esculpida em pedra. A porta de entrada está aberta. Passamos por ela, cautelosos, e eu fico esperando uma criada para nos receber, mas a figura que eu vejo descendo as escadas faz os meus olhos saltarem das órbitas.

O homem me encara com olhos azuis reluzentes.

— Vtória Tremesso, é uma honra ter você como minha hóspede.

Eu empino o queixo, inabalável. Não vou deixar nada nem ninguém me intimidar. Muito menos um dos inimigos de Theodoro.

— Lucca Salvatore.

Ele está usando um suéter preto justo e arregaça as mangas, abrindo um sorriso charmoso. 

— Lucca Salazar — diz, fazendo as minhas batidas cardíacas dobrarem a frequência.  — Peço perdão pela pequena mentira, mas eu lhe asseguro que foi estritamente necessário.

Lucca Salazar?

O chão ameaça ruir embaixo dos meus pés. Heitor e Quim me encaram, inseguros, e meu coração vem parar na garganta. Se aquilo é mesmo verdade, estou na casa da família responsável pela morte dos pais de Theodoro.

Minha respiração acelera. Eu cerro os punhos, tentando me controlar. O que não era bom começa a ficar, inacreditavelmente, pior.

— Salazar?

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