Leiloada - Contrato de Casamento romance Capítulo 57

CAPÍTULO 57

Boas Energias

Narrado por Liam

A energia que tu espalhas é a mesma que tu recebes.

— Soledad, o que se passa com a Sally? — pergunto preocupado.

Olho para a minha cadela beagle e vejo que ela está prostrada, nem parece a Sally irrequieta que todos nós conhecemos.

Rock não a larga e anda à sua volta a cheira-la.

— Não sei menino, ela está assim já há alguns dias.

— Que estranho, ela não é nada assim! — digo afagando o seu dorso.

— Pois não. Será que está doente?

Eu fico ali a olhar para a Sally e a pensar o que ela pode ter.

E é enquanto a observo que me recordo que a mãe da April é médica veterinária.

A April contou-me que a sua mãe juntamente com a melhor amiga e sócia, têm um hospital e consultório veterinário aqui em Odense.

Decido ligar para a April.

— Olá April.

Em poucas palavras conto o que se está a passar, e ela se disponibiliza na hora a ir comigo ao consultório veterinário.

— Estás com sorte, porque a minha mãe está cá em Odense. — ela fala rindo.

— Sério? — fico nervoso, mas vamos lá né!

Pego na Sally e a coloco no porta cães, me parece mais pesada.

Encontro-me com a April no estacionamento do hospital veterinário.

— Falei com a minha mãe e ela arranjou uma vaga para agora.

April faz festas na Sally, que lhe dá várias lambidas na sua mão, fazendo ela rir de contente.

Levamos então a Sally para dentro do hospital e mal entramos, somos logo encaminhados para um consultório.

Pouco depois, entra uma mulher muito bonita que é com toda a certeza a mãe da April, pois são ambas muito parecidas, parecem até irmãs e não mãe e filha.

Ela nos cumprimenta, dando um caloroso abraço na April.

Somos apresentados e ela é super simpática comigo.

Conto o que temos andado a reparar na Sally e como o seu comportamento está estranho e diferente e ela a deita numa marquesa e a examina.

Depois de a examinar e com um sorriso bonito no rosto, ela dá o seu diagnóstico.

— Liam, a Sally está cheia de saúde, ela está é grávida.

Eu me espanto.

— Grávida?? Ora vejam só, então ela e o Rock… — calo-me, para não dizer nenhuma parvoíce.

— Quem é o Rock? — ela pergunta curiosa.

— É o meu outro cão, da mesma raça da Sally.

— Se não há mais nenhum cão que esteja em contacto com a Sally, então sim, o Rock é o culpado.

Rimos divertidos. .

A mãe da April faz uma ecografia na Sally e descobrimos que a Sally tem dentro da sua barriga 4 cachorrinhos, que tudo está a correr bem e vai ter os bebés cachorros em menos de um mês.

A mãe da April, dá todas as vitaminas necessárias para a gestação, umas recomendações e que quer ver a Sally uma vez por semana até ela ter os cachorros.

— Eu ia ficar apenas duas semanas cá em Odense, mas como o teu pai vai demorar mais lá no Rio de Janeiro, eu vou ficar aqui e espero que os bebés nasçam — ela fala para a filha.

— Muito obrigada, nem sei como agradecer.

— Não fiz nada demais, é o meu trabalho. — ela fala modesta.

Gostei bastante da mãe da April, me transmitiu energias muito, muito boas e positivas.

A Descoberta do Passado

Narrado por Alyson

Visto a decepção numa saia justa, que não me deixa caminhar.

— Então foi por isso que o teu pai te desprezou? E foi um escroto nojento contigo? — Brian pergunta na chamada de vídeo que fazemos.

— Juntando agora as peças, sim, deve ter sido por isso mesmo.

— Continuo a achar que não era motivo para te ter tratado daquela forma, podia ter feito as coisas de outra maneira, sei lá, te ter mandado para um colégio interno seria uma opção melhor do que a merda que ele fez. Ele não tem perdão.

Brian odeia o Jack Hambleton, talvez não tanto como eu, mas odeia.

A senhora Hillary me contou uma história muito interessante e de certa maneira triste.

"RECORDA A CONVERSA COM A SENHORA HILLARY"

— Senhora Hillary, como se chama essa sua amiga?

— Karoline.

— Karoline, era o nome da minha querida mãe.

Ela me olha com espanto.

— Será possível que o mundo é assim tão pequeno?

Olho para ela a chorar e pego na sua mão.

— Por favor senhora Hillary, conte-me tudo o que sabe sobre a minha mãe.

Ela suspira, liga para a secretaria lá fora e pede para cancelar o resto da tarde.

Depois disso se vira para mim e diz.

— Eu realmente não sei o que te contar. A Karoline era a pessoa mais alegre que eu já conheci na minha vida e fiquei muito triste, por saber que ela se mudou sem sequer me deixar um contacto.

— O meu pai praticamente a obrigou a ela ir com ele para a Alemanha.

— Deduzi isso, o Jack foi bom marido, mas a partir do momento que descobriu a verdade, ele se tornou um Demónio. Eu disse várias vezes à tua mãe para o largar, que ele seria a destruição da sua vida, mas ela dizia que apesar de tudo o que ele descobriu, ele continuava ao seu lado, que isso devia querer dizer que ele era bom ser humano.

— Aquele ali nem deve ser humano. — falo com raiva — Mas diga-me, que segredo a Senhora Hillary está a falar?

Ela me olha com uma expressão confusa.

— Desculpe, Alyson, mas eu pensei que nesta altura, a sua mãe já lhe tivesse contado.

— A minha mãe morreu Senhora Hillary, quando eu tinha quase 18 anos, e isso foi há 22 anos atrás.

Ela me olha espantada.

— Eu sinto muito Alyson, tenho mesmo muita pena, a tua mãe era uma excelente pessoa e de muito bom coração. — ela fala, visivelmente triste.

— Mas diga-me por favor! O que a minha mãe me devia ter contado? — pergunto deveras muito curiosa.

E é aqui que eu descubro a verdade.

A Senhora Hillary começa a contar a história, a história da minha mãe, a minha história.

Decorria o início dos anos 90, quando a Hillary conheceu a minha mãe num desfile fotográfico.

Era o início da carreira de ambas no mundo da moda, e estavam extasiadas com aquele mundo novo.

Tudo era brilhante, bonito, rico e luxuoso.

Lindas mulheres desfilavam nas passarelas, e com um início tão glamouroso, depressa eram chamadas para grandes sessões fotográficas e desfiles de famosos.

Dois anos depois de terem começado no mundo da moda e de se terem tornado as melhores amigas, a minha mãe conheceu o meu pai. Ele era o responsável pelas jóias, que as modelos iriam usar no desfile de Jean Paul Gaultier.

Simpatizaram imediatamente um com o outro, e para começarem a namorar foi um pulinho muito curto.

Estavam completamente embriagados de amor, e um ano depois de começarem a namorar começaram a planear o casamento deles.

Quando faltavam uns dois meses para o casamento, foram convidadas a fazer um desfile em Los Angeles.

Elas tinham um novo empresário, era novo no ramo, mas sabia bem o que fazia e lhes prometeu que elas ganhariam milhões, mas elas tinham que fazer o que ele dissesse, porque ele percebia bem como funcionava o mundo da moda.

Os primeiros desfiles e contratos correram maravilhosamente bem e tudo ia de vento em pompa.

Zack Watson, era um homem vistoso, bonito e carismático, tinha 38 anos na altura.

Percebia de negócios praticamente de olhos fechados e aos poucos ganhou o respeito que o seu estatuto assim exigia.

Era respeitado por todos no mundo da moda, os estilistas o idolatravam, as modelos o amavam e os restantes profissionais o respeitavam.

Todos gostavam de trabalhar com ele.

Zack era profissional, trabalhador e bastante esforçado.

Seis meses depois de a minha mãe ter casado com o meu pai, ela descobriu que estava grávida de mim, mas…

DOIS MESES ANTES:

Depois de um desfile importante, Zack quis falar com a minha mãe e foi ter com ela ao camarim.

— Karoline, quero te parabenizar pelo teu excelente trabalho, cada dia que passa estás melhor, estou a gostar mesmo muito do teu esforço. — ele diz sorrindo para ela.

— Obrigada Zack, é muito importante para mim que vejas o meu esforço nos desfiles. — ela diz orgulhosa de si mesma.

Ele se chega mais perto dela, mas ela confiava cegamente nele, por isso de início não viu maldade na sua proximidade.

Mas quando ele pega numa mecha do seu cabelo o colocando atrás da sua orelha, aí ela vê que a proximidade era um pouco demais e dá um passo para trás.

— Não precisas de ficar assustada, não te vou fazer mal.

Mas volta a aproximar-se e ela continua a dar passos para trás, enquanto ele dá passos para a frente.

— Zack, por favor, importa-te de te afastar um pouco? Não estou a gostar da tua proximidade. — ela pede, um pouco assustada.

— Mas porquê? — o seu semblante muda, ele já não está mais sorridente — Não gosto de ser rejeitado Karoline, qualquer uma de vocês modelos, davam o dedo mindinho para estar comigo, assim sozinha, como nós estamos agora.

— Mas eu não sou qualquer uma, e não estou interessada em estar contigo da maneira que tu estás para aí a pensar. — ela tenta parecer firme na sua voz e na sua atitude.

Mas o Zack continua e ela acaba por bater com a bunda numa mesa, o que a faz parar.

Zack chega perto, ela tenta se desvencilhar dele, mas ele a aperta e a puxa pela cintura para colar o corpo dele no dela e tenta beijar a sua boca.

— Não Zack, por favor, larga-me. — ela diz a tentar fugir com a boca da dele.

Mas ele é forte e robusto e a imobiliza facilmente.

Com uma mão na cintura dela, com a outra mão puxa o cabelo dela por trás para ela ficar quieta.

— Tu vais ficar bem quietinha. — ele rosna baixinho perto do rosto dela — E colaborar com tudo o que eu anseio e vou fazer contigo, porque se tu não colaborares, podes ter a certeza que eu vou fazer o que eu quero na mesma contigo, uso e abuso, te faço sofrer e a seguir te coloco num buraco bem escuro e tu desapareces da face da terra, nunca mais ninguém te vai encontrar.

Ela engole em seco e as lágrimas correm pelo seu rosto bonito abaixo.

Ela vê que não tem alternativa e tem que fazer o que ele quer.

Ele a beija, ele mexe em todo o seu corpo, ele a fode sem dó nem piedade.

Usa e abusa do corpo dela, faz e diz o que quer.

A tratou como se ela fosse uma prostituta e quando acabou e se sentiu finalmente satisfeito, ainda a ameaçou.

— Muito bem sua putinha gostosa, eu sabia que eu ia adorar foder tudo o que era buraco em ti. — ele fala enquanto fecha o fecho das suas calças.

Ela está jogada num dos sofás, encolhida, agarrada aos seus próprios joelhos e tenta tapar o seu corpo com uma manta que ali está perto.

Zack chega perto dela, a agarra pelo queixo a obrigando a olhar para ele e a avisa.

— Não te esqueças do buraco escuro que te falei, que será para onde eu te levo, se tiveres a ousadia de falares a alguém o que aconteceu aqui. Este vai ser o nosso segredinho, porque senão… — ele faz movimento com a sua mão no pescoço dele, como a dizer que lhe corta o pescoço se ela falar alguma coisa.

Antes de sair ainda diz.

— Gostei tanto que vou repetir mais vezes, podes contar com isso.

Pisca-lhe o olho e sai do camarim.

A minha mãe contou esta história apenas à Hillary e a fez jurar que aquela história só elas duas saberiam.

Ela não voltou a fazer desfiles, alegou uma depressão por causa do trabalho exaustivo.

Mas dois meses depois descobriu que estava grávida e pelas suas contas só podia ser do Zack, porque o meu pai na altura da violação não estava em casa, estava em trabalho em Philadelphia.

A minha mãe se viu obrigada a mentir no tempo de gestação e tirou um mês ao tempo real, para o meu pai não descobrir.

Eu nasci já depois do tempo, o que acabou por favorecer a história da minha mãe.

Esse segredo durou quase 10 anos, mas por ironia do destino o meu pai descobriu, por causa de um cartão do médico, quando ela começou o pré natal em que dizia lá o mês que ela engravidou de mim e a data prevista para o parto.

O meu pai estranhou e começou a fazer contas e acabou por confrontar a minha mãe com as suas desconfianças.

Na mesma altura, rebentou um escândalo em que o tal empresário andava a violar as modelos, mas ele alegou que era mentira, que elas é que se insinuavam a ele, que queriam poder no mundo das passarelas, em troca elas queriam dormir com ele.

O meu pai tinha então a certeza que ela o tinha traído e que eu não podia ser sua filha, como ele sempre pensou que era.

A minha mãe, vendo que não conseguia guardar mais aquela segredo, acabou por contar a verdade ao meu pai, mas que não lhe disse a verdade, por medo que o Zack fizesse o que lhe disse que faria.

Mas o meu pai, que afinal não é meu pai, não acreditou em nada do que a minha mãe lhe contou, na cabeça dele, ela o traiu descaradamente e ainda teve a ousadia de lhe mentir, de o fazer de trouxa, e foi aí que tudo começou, o inferno da minha mãe e o meu inferno.

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