Leiloada - Contrato de Casamento romance Capítulo 67

CAPÍTULO 67

Ele Merece

Narrado por Alyson

Quando achamos que sabemos todas as respostas, a vida muda todas as perguntas.

Olho para a minha filha, não querendo acreditar no que acabo de ouvir da sua boca.

Sinto o meu coração descontrolado.

Levanto-me do seu sofá e vou para a janela a abrindo de imediato.

Preciso apanhar um ar, senão acho que morro sufocada.

Fecho os meus olhos e tento respirar devagar, para conseguir controlar a minha respiração.

O passado voltar todo de uma vez está a dar comigo em louca, primeiro a história da minha mãe, saber que o meu pai era afinal um violador descarado, e quem eu sempre pensei que fosse o meu pai, afinal não era, voltar a ver o Kevin e agora isto? O que mais virá a seguir?

— Mãe! — sinto as mãos da minha filha tocar as minhas costas — Estás bem?

— Acho que sim, só precisava de um pouco de ar fresco.

Viro-me para ela.

— Estás pálida, mãe. — ela diz preocupada — Anda, vem te sentar.

Ela me ampara e volta a sentar-me no sofá.

— Vou buscar um pouco de água com açúcar, não demoro.

Assinto com a cabeça e ela desaparece pela porta da cozinha.

Encosto a minha cabeça para trás no confortável sofá, mas a April logo aparece com um copo na mão.

— Anda, bebe devagar. — diz se sentando ao meu lado.

Eu faço o que ela me diz e bebo a água com açúcar devagar, dando pequenos goles.

— April, pelo que tu me disseste, os pais do Gael são… — faço uma pausa — não pode ser, é muita coincidência, é impossível.

Falo não querendo acreditar no óbvio.

— Espera, — ela vai buscar o telemóvel e me mostra uma foto no ecrã — conheces?

Eu começo a chorar na hora que meto os meus olhos na foto.

Vejo a mansão, onde eu vivi dos 10 aos 18 anos, foi ali que passei os piores anos da minha vida, eu e a minha querida mãe. Foi ali que aquele carrasco me tratou mal e no fim acabou por me leiloar nas traseiras da casa, no grande salão de festas.

Foi ali que vi o Kevin Macwire pela primeira vez.

Saí daquela casa com ele, sem sequer olhar para trás a jurar vingança para o meu pai, o Jack Hambleton. Mas com os anos a passarem, eu só queria nunca mais ouvir falar dele e daquela governanta maléfica.

— Jack Hambleton é o pai do Gael, não é?

— Nunca soube o sobrenome do Gael mãe, nunca calhou em conversa, nunca achei importante, mas sim, o pai dele se chama Jack e a mãe é Elise.

— Desgraçada de merda, eu sabia. — falo me levantando, um pouco a custo — Elise era a governanta da casa, ele a trouxe um dia e despediu a antiga Governanta para colocar a Elise no seu lugar, assim sem mais nem menos, sem explicações, e eu ainda hoje desconfio que eles mataram a minha querida mãe, a tua avó Karoline.

April coloca as mãos na boca, chocada.

— Aquele merdas está doente, é?

— Tem Alzheimer, já está bem avançado.

Eu sorrio.

— Deus só lhe está a dar o que ele merece, morrer aos poucos com uma doença degenerativa.

Ficamos caladas um pouco.

Alyson — Eu podia não ser sua filha, mas isso não lhe dava o direito de ele me ter tratado como tratou, me humilhar como ele humilhou, me vender como se eu fosse uma mercadoria qualquer. Eu era uma criança, uma adolescente que nada sabia da vida e ele me vendeu para o que desse mais dinheiro. Tratou tão mal a minha mãe, batia-lhe sem parar, a amarrava aos pés da cama, como se ela fosse um animal.

Choro ao lembrar-me daquela época, tão má e triste da minha vida.

April me abraça e ficamos assim por muito tempo, tanto tempo que eu acabo por adormecer nos braços da minha filha querida.

Ouve o Que Tenho Para Te Dizer

Narrado por Kevin

Mais esperança no meus passos do que tristezas nos meu ombros.

O Liam contou-me que a Alyson está cá em Odense de novo.

Não posso deixar passar a oportunidade de falar com ela.

Sim, eu sei que ela é casada, mas eu preciso de lhe explicar o que aconteceu naquele dia.

Vejo ela sair do hospital veterinário e vou atrás dela, consigo a alcançar já perto do seu carro.

— Alyson!

Ela se vira para mim e os nossos olhos se encontram.

— O que é que tu queres? — pergunta aborrecida.

— Por favor, Alyson, eu preciso de falar contigo.

— Mas eu não quero falar contigo, — ela diz firme — tu não percebes? Eu quero distância de ti, distância das tuas mentiras.

Ele olha para mim surpreso.

— Mas eu nunca te menti, nunca.

— Ah não? Tu és muito falso, Kevin Macwire.

— Mas é verdade, Alyson, eu nunca te menti, tudo o que eu te falei era verdade.

Ela me olha com raiva.

— Falso. — ela abre a porta do seu carro.

Eu agarro na porta, ficando assim, quase colado no corpo dela.

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