Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 100

- Você não viu a entrevista dele na TV? Não negou quando o repórter perguntou. – Ela me olhou.

Fiquei um pouco apreensiva e senti um frio na barriga. Sim, havia me passado pela cabeça que ele não estaria sozinho, como eu, esperando pelo nosso reencontro. Mas também não achei que aquilo pudesse doer tanto em mim, mil vezes mais do que quando Mariane me confessou que dormiu com Colin.

O fato de “não negar” não significava sim. De tudo que li sobre ele, nada mencionava alguma mulher na sua vida.

Assim que passei pelo portão de entrada da área desportiva, me senti ainda mais nervosa.

As palmas das minhas mãos suavam e meu estômago doía.

O espaço era enorme, e não tinha teto, aberto na parte superior. O tamanho era de um campo de futebol e havia arquibancadas, para onde também foram vendidos ingressos. Embora as cadeiras fossem mais confortáveis para assistir ao show, eu queria era ser vista por ele.

O palco era quase de um ídolo de grande porte. Para quem estava começando a pouco tempo, ele estava indo muito bem. A J.R Recording pelo visto investia muito no novo talento. E eu lembrava quando meu pai havia dito que ele era “um artista de uma música só”. Eu sempre soube que ele era muito mais. E que seria famoso assim que fosse descoberto.

Agora eu estava ali, como uma formiga num formigueiro, tentando vê-lo de perto e me convencer de que Charles era real... E passou um dia pela minha vida.

POV CHARLES

- Quer mais um pouco de tequila? – Meu assistente perguntou.

- Sim... – Ergui a mão em direção a ele, sorvendo o líquido puro, de uma vez, sentindo o amargor na boca, a garganta queimando.

Meu celular vibrou. Vi o nome dela e o pus sobre a mesa do camarim. Me olhei no espelho, percebendo a forma como haviam feito o delineado nos meus olhos. Por vezes tentava decifrar se gostavam de mim ou da minha música.

- Charlie, já está meia hora atrasado. É bom entrar de uma vez. O público já está todo do lado de dentro. – Avisou o assistente de palco.

- Ok, estou indo.

Peguei a garrafa das mãos do rapaz e bebi no gargalo outro gole da tequila, com a sensação de ter posto fogo para dentro de mim. Aquela calça de couro preta era quente e me apertava. A camisa entreaberta me dava certo frescor, que era cortado pela jaqueta preta em couro.

Subi para a área do palco e respirei fundo, pegando minha guitarra. Sorri e fui diretamente para o microfone, interagindo com o público. Desta parte eu gostava. Me sentia a vontade com a plateia e tinha facilidade em agradá-los.

Embora tivessem me dito que estava lotado, eu esperava mais pessoas. Via certos espaços vazios tanto nas arquibancadas, quanto nos camarotes e lounges.

Comecei com “Garota Riquinha”, que era o hit preferido das fãs. Depois segui para as demais músicas que estavam no repertório, seguindo a ordem. Geralmente deixávamos “Começo de Algo bom” para o meio do show, pois era mais lenta. E sinceramente, aquela música acabava comigo, porque foi feita para ela. Quando eu voltava para o BIS, geralmente era “Começo de Algo bom” que eu cantava de novo.

Larguei a guitarra e peguei o violão, iniciando os acordes tão conhecidos, que doíam dentro do meu coração. Será que haveria pelo menos uma vez que eu tocasse aquela música e não lembrasse dela? Os olhos escuros, o sorriso sincero, o corpo perfeito, a pele macia...

Me entregaram uma banqueta alta e sentei, apoiando o violão na perna, concentrado em cada acorde. Ouvi os gritos da plateia e sorri, olhando na direção deles, empolgado. Será que algum dia aquela música chegaria até ela? Saberia a garotinha que “Começo de algo bom” foi feita no momento que nos despedimos, que o idiota aqui deixou o número dentro da jaqueta?

- “Você nunca sabe quando vai conhecer alguém

E todo o seu mundo, muda de uma hora pra outra completamente

Você apenas está andando quando de repente

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Lembranças das noites quentes de verão