Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 106

Ele pareceu em dúvida sobre contar-me ou não.

- Colin, pode me dizer. Nada do que eu saiba sobre os Rockfeller ou a J.R Recording me faria voltar à Noriah Norte.

- Seu pai está praticamente falido.

- Falido? – Eu não consegui esconder um leve sorriso de satisfação, embora por dentro eu gargalhasse.

- Sim.

- Como isso aconteceu?

- A crescente chegada de novos artistas, as inúmeras gravadoras que surgiram nos últimos anos, a internet, que acaba promovendo os artistas mais do que o Marketing que ele pagava... Enfim, tudo se modernizou, mas J.R parou no tempo.

- Nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Na minha inocência parecia que aquele negócio era simplesmente perfeito e rentável eternamente.

- E sem contar as questões jurídicas que a J.R Recording se metia, perdendo muito dinheiro. Eu mesmo entrei em causas porque seu pai me obrigou, sabendo que eram perdidas. Ele fez muitos inimigos ao longo dos anos e ficou mal falado entre os artistas do meio, que acabaram procurando outras gravadoras.

- Lembro das questões de quebra de contratos, que ele fazia questão, retirando grandes artistas de outras gravadoras...

- Sim... E pagando um valor absurdo pela quebra. Além do mais, a J.R Recording nunca foi só uma gravadora. Tinha a parte de empresariar artistas junto. Seu pai meio que confundia as coisas, se achando um pouco “dono” não só dos direitos das pessoas que ele contratava, mas das vidas delas.

- Entendo... Mas eu sempre vi este J.R. talvez você não tivesse se dado em conta.

- Na verdade eu sempre soube que ele não era um bom gerenciador de negócios. Embora forte e reconhecido mundialmente, seu pai sempre foi mais “nome” do que capacidade.

- Você... Já pensava isto quando estávamos juntos?

- Sim, mas eu ainda o idolatrava... Porque meu pai me fazia agir assim.

- Sim, eles eram muito amigos. E como estão seus pais?

- Estão bem. Meu pai parou de trabalhar. Agora os dois passam a maior parte do tempo viajando a aproveitando o que não puderam na juventude, em função de priorizarem sempre a vida profissional.

- Eles fazem bem – sorri – Sinto saudades da sua mãe...

- Por que você nunca voltou, Sabrina?

- Ele me mandou embora... E deixou claro que não queria que eu nunca mais voltasse. Fiz o que ele pediu.

- Depois de sua partida, nunca mais se falou sobre você... Nem na mansão, nem na empresa. – Abaixou os olhos, incerto se deveria falar aquilo.

- Ele avisou que faria isso... Mas eu não sabia que teria coragem. – Engoli em seco.

- Eu... Sinto muito, Sabrina... Por tudo... Exatamente tudo que houve.

- Eu já desculpei você, Colin.

- Mas eu não consegui me perdoar... E não sei se algum dia conseguirei. Porque eu perdi o que tinha de mais importante na vida.

- Eu não acho que seja o momento de falarmos sobre isso. Muito tempo se passou. Não há porque retomarmos algo que já está morto e enterrado.

- Talvez você tenha razão, Sabrina.

- Você... Encontrou alguém? Está feliz? – Perguntei, percebendo que a aparência dele estava boa.

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