Passei praticamente todo final de semana na casa de Yuna. Fizemos planos para a mudança dela e também para o consultório.
Tínhamos muitas ideias, mas pouco dinheiro. Mas eu era boa com contas e economias. No fim, conseguiríamos... Juntas.
Fui embora com Melody no final da tarde de domingo. Meu carro novo, embora tivesse sido parcelado, gastava menos combustível que o antigo. Então foi um bom investimento. A economia com o valor da gasolina pagava grande parte da parcela.
Eu tinha a opção também de trocar Melody de escola. Claro que ela gostava muito da Instituição onde estudava. Mas encontrar uma mais em conta era uma forma de economizar e ajudar Yuna a conseguir mais dinheiro, para comprar os móveis que precisava para seu consultório. E Melody era uma criança muito compreensiva e se eu explicasse o motivo da troca, ela aceitaria sem problemas.
Minha filha tinha cinco anos, mas a maturidade superava a minha de vez em quando. Certamente isso foi influência de Do-Yoon e Yuna. Porque eles eram muito centrados e focados.
Enfim, minha filha não teve um pai, um avô, uma avó, uma tia de sangue... Mas nunca lhe faltou nada, absolutamente nada. Ele teve todo amor que pudemos lhe dar. E conforto. E foi criada com valores que levaria por toda a vida.
Min-Ji, embora viesse com frequência para Noriah Sul, acabou não criando tanto vínculo com Melody, mesmo minha filha sendo muito socializada.
Há anos atrás, Min-Ji havia me falado que minha mãe gostaria de conhecer Melody e me ajudar financeiramente. Lembro que Yuna disse que aquilo atrapalharia minha independência.
Então, na primeira grande decisão da minha vida, depois da partida de Noriah Norte, eu pedi para ela que nunca mais me falasse sobre os Rockfeller, que eram minha família de sangue.
Depois deste dia, Min-ji nunca mais falou sobre eles, conforme meu pedido. Não mencionou sequer a questão dos problemas financeiros de J.R, sendo que eu soube por Colin.
Min-ji era ética e correta. E levava a sério e de forma literal o que se pedia.
Assim que estacionei, peguei Melody no colo:
- Este gesso pesa bastante. – Observei, fazendo esforço físico além do habitual.
- Quando eu vou poder correr?
- Quando tirar o gesso, docinho. Antes disso, nem pensar. Achei que já andou rápido demais na casa da tia Yuna.
- Eu vou gostar da tia Yuna aqui com a gente.
- Eu também.
- E quando meu pai vir... Como a gente vai fazer? Eu vou dormir com a tia Yuna?
Coloquei-a sobre o sofá e suspirei:
- A gente não sabe muito bem quando isso vai acontecer. Então vamos esperar. O que acha?
- Mas... Meu pai vai estar conosco no Natal. E falta menos de um mês.
- Depois a gente resolve isso, ok?
- Ok. Eu quero chocolate quente.
- Eu também. Vou fazer... Antes de qualquer outra coisa. Depois, você vai tomar um banho de gato.
- Banho de gato? O que é banho de gato?
- Ah, Deus... – Fui para a cozinha, rindo, ouvindo o som da campainha.
Me passou pela cabeça que pudesse ser Guilherme. Eu estava sentindo saudade do menino de olhos cor de mel, que vez ou outra fazia meu coração bater mais rápido que o normal.
- Eu vou atender. – Melody gritou.
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