- O quê? – Levantei a cabeça, encarando-o.
- Você acha que sou um garoto? Eu posso ser um garoto levado. Seu pai reclamou porque seu relacionamento não era como ele queria. Imagina você voltar anos depois, com um homem mais novo, rompendo novamente os tabus da família?
- Isso... Ia deixá-lo puto.
- Eu faço este sacrifício por você.
- Você não desiste, não é mesmo? – Eu ri, achando graça da proposta dele.
- Não... Mas desta vez, juro que estou só tentando ajudá-la.
- Não tenho certeza se posso confiar em você, menino.
- Pode... Juro que não vou tocar num fio do seu cabelo... A não ser que me peça.
- Eu não pedirei.
- Só quero estar ao seu lado... E de Medy. E acabar com a tranquilidade do Natal do seu pai, como ele fez com sua gravidez.
- Faria isso por mim? E sua família? Os deixaria, nas festas de final de ano?
- Minha família... Vejamos... – ele pôs o dedo no maxilar, fingindo pensar – Minha avó dorme sempre no mesmo horário: 22 horas. Não importa se é sábado, domingo, Natal ou o raio que o parta. Ou seja, eu sairia de casa do mesmo jeito. Quanto à minha mãe... Bem, ela arranjou um namorado novo. E não vem passar as festas de final de ano conosco.
- Não me diga que ela está envolvida com Colin.
Ele riu:
- Não... Parece que ele a dispensou.
- Colin sendo Colin... E sempre me surpreendendo de alguma forma: seja me traindo ou me ajudando quando mais preciso.
- Eu vi os olhos dele para você naquele dia, no hospital.
- E...
- Ele a ama.
Eu ri:
- Já se passaram cinco anos.
- E ele não a esqueceu. Para mim isso ficou muito claro.
- Se ele me amasse, não teria feito o que fez.
- E se ele foi dopado pela sua irmã?
Arqueei a sobrancelha, confusa:
- Não... Por que ela faria isso?
- Para dormir com o seu namorado. Ponto final. Porque ela é uma vadia... E vadias são vadias.
- Eu... Nunca pensei nisso. E ele nunca tentou se defender... – Fiquei pensativa.
- Vamos nos vingar dela também.
Eu ri:
- Defensor dos fracos e oprimidos?
- Não... Justiceiro. – Me deu um beijo no rosto.
Conversamos até que meus olhos foram se fechando... E a nossa fala ficando com espaçamento de tempo cada vez maior.
Acordei com o despertador. E envolvida nos braços de Guilherme Bailey.
- Porra, porra, porra! – Levantei, verificando se estava de calcinha e pijama.
Enfim, tudo no lugar. Inclusive minha integridade física e emocional.
Ele abriu os olhos e espreguiçou-se. Ainda estava com a calça jeans, o zíper aberto, sem camisa:
- Bom dia, Sabrina.
Peguei a camisa dele e joguei-a na sua direção:
- Precisa ir, antes de eu acordar Medy.
- Ela vai gostar de saber que dormir aqui... Ou pode pensar que vim para o café da manhã.
- Ela não é burra, seu idiota.
- Agora me trata assim... Sendo que sou o seu salvador.
- Guilherme, eu não posso me atrasar... – Eu já pegava a roupa que usaria naquele dia e organizava a cama, o empurrando para fora.
- Você não acorda de bom humor.
- Não... Não mesmo. Porque as pessoas... – falei, enquanto arrumava os lençóis – Tem a porra da mania de arrumar a cama, sendo que vão usá-la logo em seguida. Uma coisa ridícula... Que a sociedade impõe... E... – olhei-o – Que porra você ainda está fazendo aqui?
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