Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 118

- Estão falando como se Guilherme fosse um mocinho virgem – me irritei – Meu erro foi ter deixado ele fazer o que fez comigo na sala de aula, dentro da escola. Mas seu filho não é nenhum santo... Ele é culpado – olhei na direção de Guilherme – Assim como eu. Ambos fizemos errado.

- Não é culpa dela... Nunca foi. Eu sempre fui atrás... Encontrei até mesmo a filha dela para me aproximar.

- Como assim? – o olhei – Achei... Que tinha sido coincidência...

- Ele é só um garoto. – Kelly argumentou.

- Um garoto de 18 anos. Guilherme não é criança. – Reiterei.

- Não vamos ter esta conversa aqui, Sabrina, definitivamente – Guilherme disse – E nem em outro lugar. Porque não devo satisfações sobre o que faço ou com quem me envolvo – ele olhou para as duas, mãe e avó.

- Gui... – Rachel se aproximou.

- Fique longe de mim – ele gritou – Você é uma maníaca, uma maluca, doente... Eu não aguento mais suas perseguições. Tem noção do que fez? Destruiu a vida de Sabrina. Nunca vou perdoá-la. Jamais vou sequer olhar na sua direção novamente. Fingirei que nunca passou pela minha vida, Rachel. Você foi um erro... O pior erro de toda a minha história.

- Eu... Não fiz por mal... – Ela tentou se defender.

Eu ri, ironicamente. Ela sabia muito bem o que tinha feito e havia anunciado anteriormente seu plano. Me destruiu, em público, da pior forma possível.

Guilherme ergueu a mão em direção a minha, encarando-me:

- Venha comigo... Você não precisa passar por isso. E me perdoe... Pelo que causei na sua vida.

- Ainda pede desculpas? Isso é um absurdo. O que esta mulher fez o que com você, afinal? – Kelly olhou para o filho, furiosa.

Peguei a mão que Guilherme me estendia, enlaçando meus dedos nos dele. Desci os degraus e não olhei na direção de ninguém.

- Arrume minhas coisas – ele disse para a avó – Eu vou embora daquela casa.

- Não! Não pode fazer isso! – Ela ficou em prantos.

- Eu posso fazer o que quiser.

Ele saiu, me puxando junto dele. Segui, sem olhar para trás, me sentindo segura de alguma forma. Guilherme não me deixou. Encarou tudo comigo, fazendo o que estava ao seu alcance para não me deixar tão mal. O garoto era corajoso e eu começava a acreditar que os sentimentos dele por mim eram reais... Tão reais que estava abrindo mão de tudo, inclusive a própria família por mim.

Eu fiz aquilo um dia... Deixei tudo por “el cantante”. E no fim deu tudo errado. E agora ele estava formando outra família. E eu não estava mais incluída na vida dele.

Por que Charles se metia o tempo todo nos meus pensamentos? Antes eu não tinha mais lembranças dele, porque estavam apagadas. Mas agora ele fez novas. E quanto tempo eu demoraria para apagá-las? Mais cinco anos?

Quando deixamos o Ginásio, ainda de mãos dadas, ouvimos Do-Yoon atrás de nós. Virei na direção dele, que estava com a respiração acelerada. Certamente tinha corrido até ali.

- Eu sabia que isso não daria certo. – Ele me disse.

- Me desculpe, Do-Yoon... Você me indicou e eu fiz besteira, como sempre. Me perdoa. – Larguei a mão de Guilherme e abracei meu amigo.

- Eu não me preocupo por mim, Sabrina... E sim por você. – Ele me afastou, encarando-me.

- Eu... Vou tentar ficar bem. E dar a volta por cima. Sou expert nisso...

- As famílias destes alunos vão destruí-la.

- Eu não vou deixar. – Guilherme afirmou.

- Você não poderá contê-los, Guilherme. Virão para cima dela com tudo.

- Farei o que tiver ao meu alcance.

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