- Sabrina?
- Oi, Min-ji. Poderia pedir para minha mãe me ligar, por favor?
- Claro, menina! Imediatamente.
Encerrei a chamada e ele perguntou:
- Vai fazer o que?
- Recomeçar do zero de novo. Sou boa nisso.
- Como assim?
- Vender a casa que comprei aqui... Pedir minha herança judicialmente, antes que a destruam... Fazer um doutorado e dar aulas na faculdade.
Ele riu:
- Bom que você planeja seu futuro em segundos... Simples assim.
- Tudo isso em Noriah Norte. Precisamos partir, Gui. Tenho umas vinganças pendentes.
- Jura?
- E umas ideias loucas na cabeça.
- Tipo?
- Meu pai vai se apaixonar por Melody. Porque minha filha é simplesmente a coisa mais incrível do mundo todo. Eles vão lamber o chão que minha pequena pisar. E quando estiverem dependentes dela, partiremos. E eu vou usar Colin para entrar com uma ação pedindo minha herança, o que é meu por direito. Meu pai vai ficar acabado, destruído, duplamente. E adivinha? Não permitirei que vejam meu docinho... Porque ela é minha, só minha. E o lembrarei que quis que eu a tirasse. Não farei com que ele esqueça um minuto sequer, enquanto viver, tudo que fez de mal para mim.
Meu telefone tocou. Certamente era minha mãe.
- Sabrina, minha filha... Que bom falar com você.
- Oi, mãe. Eu estou com as malas prontas. Quero um jatinho me buscando em Noriah Sul, dentro de no máximo duas horas.
- Como assim?
- Optei por não usar avião comum. Melody nunca voou e pode estranhar.
- É que... Bem... Vendemos o jatinho.
Pensei um pouco e respirei fundo:
- Puxa, que pena! Então não nos espere mais, por favor. Ficaremos por aqui mesmo.
- O que houve? – Ouvi claramente a voz de J.R do outro lado da linha.
Um breve silêncio, certamente enquanto minha mãe fechava o fone e contava o ocorrido:
- Daremos um jeito, filha. Em duas horas, um jatinho estará aí em Noriah Sul, esperando por você e Melody.
- Conte hospedagem para quatro pessoas, por favor, por sete a dez dias. Ainda não temos certeza de quanto tempo iremos ficar.
- Quatro pessoas?
- Sim, Yuna e meu namorado irão juntos.
- O pai de Melody?
- Não... O meu namorado. – Repeti.
- Eu... Vou desligar. Preciso providenciar tudo. Estamos na casa de praia... Um carro buscará vocês o aeroporto e...
- Não... Medy enjoa em viagens longas de carro. Sei que há um heliponto na casa de praia. Mande um helicóptero, por favor, no lugar do carro. É mais rápido e confortável. Meu namorado detesta ficar preso no trânsito e sabe como ficam as estradas em época de festas de final de ano.
Houve um silêncio de uns dois minutos antes que ela dissesse:
- Darei um jeito nisso também. O que importa é que você e Medy estejam conosco no Natal. É só isso que desejamos.
- Eu preciso desligar. Até logo.
- Até logo, minha filha. Estamos esperando ansiosamente por vocês.
Guilherme estacionou em minha casa e perguntou:
- Sua família possui parece muito bem financeiramente. Será que... Os conheço? – Arriscou, curioso.
- Conhece... – sorri – Mas vou lhe fazer uma surpresa, meu caro. – Toquei o rosto dele, carinhosamente.
- Eu... Faço parte do plano de vingança contra seu pai, não é mesmo?
Eu ri:
- O que você acha?
- Eu acho que ele vai ficar puto quando imaginar que estamos juntos, assim como a minha mãe. Prometo fingir muito bem nossa relação... O que não vai ser muito difícil para mim.
- Não vamos fingir, Gui. Nós vamos ser um casal de verdade.
Ele me olhou, seriamente.
- Quer namorar comigo? – Perguntei, sorrindo da forma como ele ficou assustado.
- Isso é brincadeira?
- Não... É sério.
- Eu sou louco por você, Sabrina.
- E eu por você, Gui – o abracei com força, enquanto desafivelava meu cinto – Me faça esquecer “el cantante”, por favor.
- “El cantante”? – A voz dele soou rouca no meu ouvido.
- É... Como eu o chamava... – Fechei os olhos, deitando a cabeça no ombro dele.
- Eu só precisava de uma chance, Sabrina. E você decidiu me dar. Vou fazê-la esquecer ele... Eu prometo.
Ele beijou-me. E desta vez não houve fúria ou loucura. Foi um beijo leve, lento, onde provávamos com calma o sabor um do outro.
Conforme o beijo ficava mais quente, ele desceu a mão, tocando meu seio sob o vestido. Senti dor, mesmo ele não tendo apertado.
Afastei-me e disse, preocupada com o que senti:
- Eu... Não quero que Medy veja isso.
- Mas... Vamos contar à ela, não é mesmo?
- Sim... Mas depois do Natal. Ela fez um pedido ao Papai Noel e eu não quero estragar isso, entende?
- Como você quiser. – Ele deu um beijo no meu rosto.
E foi assim que terminei de fazer as malas, convenci Yuna a ir conosco, depois de muita insistência e partimos, no meu carro, em direção ao aeroporto particular de Noriah Sul, mesmo lugar onde há mais de cinco anos atrás eu pousei naquele país, sem levar bagagem nenhuma, a não ser minha filha no ventre.
Agora eu voltava... Anos depois. Madura, ainda mais forte e decidida a destruir o homem que afastou o amor da minha e quis que eu abortasse. Ele achou que eu não conseguiria e voltaria, destruída e sem saída, disposta a fazer o que ele queria. Mas eu venci. E fiz isso longe dele, sem sua ajuda.
E a bagagem que eu levava comigo era grande... E perturbadora. Ele não seria mais o mesmo depois de mim, Medy, Yuna e Gui.
Passamos na casa de Guilherme antes, que pegou suas coisas e então entramos no avião particular, em direção à casa de Praia dos Rockfeller.
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