- Ok, não se preocupe – falei com minha imagem no espelho – Cólica talvez seja um bom sinal... Que você vai menstruar. É só aguardar. Vai descer e tudo se resolverá... Foque na volta para os Rockfeller... Só isso.
Ouvi uma batida na porta, do lado de fora, e temi que fosse Gui, tentando transar no banheiro. Eu não faria aquilo. Minha filha estava ali, praticamente junto de nós. E eu não transaria com ele a primeira vez numa pequena cabine de banheiro de avião.
Abri a porta e vi Yuna.
- Agora você fala sozinha? – Ela arqueou a sobrancelha.
Puxei-a para dentro e fechei a porta:
- Preciso lhe dizer uma coisa.
- Pela sua cara... Não é bom. Parece apavorada. E eu entendo... Medy está sendo bem cruel com Guilherme.
- E o que você achou disso tudo?
- Sinceramente? Acho que era hora de virar a página do “el cantante”.
- Eu virei... Só que ele voltou numa delas... Então eu passei outras...
- E...
- Acho que talvez eu tenha que colocar outra letra na concha.
- O G? – ela arqueou a sobrancelha.
- Não...
- Não estou entendendo. O que você está tentando me dizer que não sai desta boca?
- Estou tentando dizer que... Se eu não menstruar... Talvez esteja grávida.
Ela recostou-se na porta, ficando pálida:
- Vai ter um filho do garoto? Deus... Isso é loucura.
- Eu nunca transei com Guilherme.
- Sabrina... Você está louca?
- Lembra que você me xingou que eu me preocupei em fazer sexo com Charles e não contei sobre nossa filha, no nosso único encontro?
Yuna sentou-se no vaso sanitário, aturdida:
- Nunca lhe ensinaram, no seu mundinho de “garota riquinha”, “elegante” e “selecionado”, o que era um preservativo?
- Yuna... Você decorou a música da “Garota riquinha”?
- Sabrina, não troque de assunto. O que você tem nesta cabeça além de vento, números e fórmulas?
- Amor...
- Amor? Amor não fica na cabeça e sim no coração. Aliás, isso é mentira. Teoricamente fica só numa das partes do cérebro.
- Já imaginou eu chegar para Charles e dizer que ele tem uma filha de cinco anos... Daí espero um tempo para ele assimilar e ficar feliz... Então completo: temos outro.
- Ele não vai acreditar que é dele.
- Eu o mato... Duas vezes... Primeiro por me deixar por outra mulher e segundo por não acreditar em mim.
- Ele fez o certo: virou a sua página, como você deveria ter feito com a dele.
- Ainda assim estou puta com ele.
- Você precisa fazer um exame, assim que chegarmos.
- A casa de praia da minha família fica no pé de um morro. Não há nada próximo.
- Mas tem um heliporto. Ou seja, é possível chegar um teste de gravidez.
- Eu acho que não quero fazer. – Confessei.
Ela levantou e me pegou pelos ombros:
- Você vai fazer, sim. E se der positivo, eu mesma vou atrás deste homem, para me certificar de que ele é mesmo real.
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