Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 124

Eu não acreditava no que estava acontecendo. Como assim Sabrina estava ali? E Guilherme... Junto dos Rockfeller.

Olhei para a menina, que repetiu “pai” quase junto com Guilherme. Caralho! Foram três “pais” ao mesmo tempo... Sendo que eu só tinha um filho.

- Vamos entrar... Não podemos ficar aqui... Está chegando uma forte tempestade... – Calissa pegou a menina no colo, entrando primeiro.

Mariane pegou minha mão, mas não consegui entrelaçar meus dedos nos dela. Fiquei completamente sem ação, como se algo me impedisse de tocá-la. E não consegui me mover.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntei a Guilherme.

- O que “você” está fazendo aqui? – Ele refez a pergunta.

- Entrem todos... Agora! – J.R falou em tom de voz alto.

Sim, não fazia sentido ficarmos ali, tentando nos entendermos no meio da areia que voava para todo lado, como se quisesse nos devorar. Mas já imaginei que a pior parte da tempestade seria dentro daquela casa e não na rua.

Olhei para Sabrina, que me ignorou por completo. Quando percebi o meu filho pegando-a pela mão, os dedos enlaçados nos dela, subindo as escadas, senti meu coração querer saltar para fora do peito, indo junto dela. Que porra estava acontecendo ali? O que minha “garotinha”, que em nada se parecia com a menina mimada e insegura que conheci, fazia com o meu filho?

Ela vestia jeans e camiseta. O corpo havia tomado formas mais arredondadas, que eu nem havia percebido no nosso último encontro. Sabrina conseguia ficar mais linda conforme o tempo passava. Minha “garotinha” era uma mulher. E não estava comigo.

- Vamos entrar... – Mariane gritou, tentando ser ouvida em meio à ventania.

Sabrina e Guilherme estavam no último degrau. Ela sequer virou para trás. Porra, porra, mil vezes porra. Me deu vontade de me jogar no mar e deixá-lo me levar para bem longe. Não sei se estava preparado para enfrentar Guilherme, tampouco Sabrina.

Sim, eu estava namorando. E o que ela acharia daquilo? A vida toda eu só pensei nela... E quando finalmente decidi seguir a vida, ela voltava, para acabar comigo de vez, destroçar o resto que ainda sobrado de mim depois dela.

Por que ela me deixou depois do show? Me usou para satisfazer seus desejos e partiu, sem dar sequer satisfações. Será que o meu filho não era bom o suficiente para ela, que teve que vir até mim para extasiar-se, sentir prazer, gozar nos meus braços?

Balancei a cabeça, tentando dissipar a lembrança do rosto dela enquanto gozava, os olhos levemente fechados, o lábio inferior sendo mordido pelos próprios dentes... Não, não tinha como eu ficar sob o mesmo teto que aquela mulher. Ela era minha fraqueza, meu desespero, todo amor que eu sentia resumido num corpo esguio com longos cabelos escuros.

Claro... Fiquei com Mariane porque elas eram muito parecidas. Jamais me dei conta disso. Não me envolvi com outras mulheres depois de Sabrina porque não conseguia esquecê-la e sempre tive esperanças de reencontrá-la.

Mariane me livrou da cadeia. Ela foi minha salvadora, a pessoa que me fez voltar ao mundo. E se não bastasse, a responsável pelo meu sucesso e ascensão enquanto artista. Tudo foi graças a ela.

Transei com ela algumas vezes, não me contendo com as investidas pesadas da minha empresária. E tinha o fato de me sentir “grato”. Sabendo o quanto Mariane insistia, achei justo lhe dar um pouco de prazer em troca de tudo que ela fez por mim. Mas nunca a enganei. Sempre deixei claro que meu coração pertencia a outra mulher.

Quando Sabrina sumiu depois do show em Noriah Sul, fiquei puto. E foi quando desisti de correr atrás dela e viver na esperança de tê-la novamente. Eu não faria outra música... Tampouco uma chamada em rede nacional tentando encontrá-la e saber o que houve. Porque ela nunca tentou em achar...

Então decidi ceder às investidas de Mariane. E desta forma misturar negócios e sexo, o que eu sabia que não dava certo.

Agora eu estava ali, subindo as escadas, vendo minha “garotinha” com meu filho... E não tendo certeza se suportaria o que estava prestes a confirmar logo em seguida.

Assim que passei pela porta, todos estavam na sala, de pé.

Sabrina seguia de mãos dadas com meu filho. Mariane fechou a porta e o vento cessou. Sinceramente, aquela sala pareceu ser uma caixa, de um metro quadrado. Me faltava até o ar.

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