Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 130

Os olhos verdes dele encontraram os meus, confusos, desesperados. Os lábios chegaram a tremer.

- Charles, nós precisamos ter calma. Não vamos dizer a ninguém sobre nós... Ou pelo menos que nos encontramos, finalmente, e estamos juntos. Precisamos saber quem está por trás da sua prisão. E punir os culpados.

- Não vou aguentar ficar longe de você, “garotinha”. Não agora que a encontrei... E tem nossa filha...

Olhamos para Melody deitada próximo da árvore, num sono tranquilo e eu poderia apostar que feliz. Ajoelhei-me de frente para ele:

- Acha que eu consigo ficar longe de você, depois de tanto tempo?

- Eu espero que não... Não posso ficar sem tocá-la... De forma alguma... – Os dedos dele alisaram meu rosto.

- Vamos fingir que não estamos juntos. E ganhar tempo.

- Mas Mariane sabe... Se você contou para ela, não há como fingir...

- Gui também sabe.

- Meu Deus, Sabrina... Como você foi se envolver com o meu filho, porra?

- Foram só uns beijinhos. – Tentei deixar tudo mais leve.

- E você não tem vergonha de dizer isso? Acha que eu me sinto como?

- Aposto que bem melhor do que eu imaginando você enfiando seu pau na minha irmã.

Ele relaxou o corpo e deitou no chão, com as costas na terra, começando a rir.

- Isso não é engraçado, “el cantante”.

- Não? Tem noção do que a vida fez com a gente, Sabrina?

- Tenho... – Comecei a rir também, deitando ao lado dele.

Viramos nossos rostos um para o outro, parecendo loucos, deitados sobre o chão molhado, alguns pingos de chuva caindo sobre nós, completamente encharcados.

- Sabe que se falarmos sobre isso, nosso destino é um Hospital Psiquiátrico não é mesmo? – Ele disse.

Assenti, com a cabeça, tentando controlar o riso.

- Porque vamos estar todos juntos à mesa, na ceia de Natal... Sendo que dormi com a sua irmã... E você “deu uns pegas” no meu garoto.

Não consegui mais me conter e comecei a gargalhar.

- Sua louca... Isso é estranho pra caralho.

- Pelo menos... Você não dormiu com ela um dia antes da cerimônia de casamento? – Tentei me conformar, as lágrimas escorrendo de tanto que eu ria com a hipótese.

- E devo dar graças por meu filho não ter “fodido” você?

- Neste caso, “el cantante”, eu fiquei no prejuízo. Talvez eu possa mudar os fatos... Esta noite. – Provoquei, sentando sobre ele.

As mãos de Charles foram diretamente para minha bunda, que apertou com força enquanto mordia o próprio lábio:

- Esta noite a única pessoa que estará no seu quarto sou eu, “garotinha”. E em todas as outras... Velarei seu sono, serei seu vigia. Entenda que a partir de agora, jamais sairá debaixo dos meus olhos, amor da minha vida. E pouco me importa o que houve conosco neste meio tempo... Porque eu só amo uma pessoa e é você. O resto não existe mais, entende?

- Não vai mais dormir com ela?

- Minha vontade era pegar minhas coisas, você e nossa filha e ir embora daqui imediatamente.

- Não...

- Ok, vou tentar ter paciência e seguir em frente, como é do seu desejo. Mas saiba que é difícil ter sangue frio quando o meu ferve... Quando está próximo de você... – As mãos entraram pela minha blusa molhada, tocando as costas com suavidade.

- E Gui? Você parece não se importar muito com ele...

- O garoto não me aceita... Nunca me deixou sequer explicar nada. Kelly e a velha rabugenta entraram na mente dele. É um fraco... Sei que é meu filho e tenho sentimentos por ele. Mas Guilherme precisa crescer e amadurecer. E não vai ser comigo implorando o perdão dele que isso vai acontecer. Porque simplesmente cansei de correr atrás e não receber sequer uma chance. Ele não é mais uma criança. Deveria pensar por si próprio e não se deixar manipular pelas mentes perversas daquelas duas.

- Eu conheci Kelly.

- Chegou a tanto o relacionamento de vocês dois? Chegou a convidar a “sogra” para passar o Natal em família?

Comecei a rir novamente:

- Não... Não convidei. Porque de cara ela não gostou de mim.

- Kelly não gosta de ninguém a não ser dela mesma. Acha que ela sente algo por Guilherme? Abandonou-o quando ele era um bebê... E foi viver a vida dela.

- Ele sabe que morou com você?

- Ele não lembra... E a velha rabugenta não deve ter contado.

- Por que você não conta?

- Acha que ele me deixa ter uma conversa de mais de três minutos com ele? Me acionou judicialmente, querendo dinheiro...

- O advogado dele... É meu ex-noivo.

Ele ficou me olhando um tempo, pensativo. Depois pontuou:

- O idiota do Monaghan foi quem dormiu com a vagabunda da Mariane?

- Sim... Neste caso, sou a corna... Duas vezes.

- Uma: eu não traí você, Sabrina. Não sabia quem ela era, assim como você não sabia sobre Gui...

Ele moveu-se, me pondo no chão e sentando sobre mim, invertendo nossas posições.

- Eu jamais vou trair você, pois é a mulher da minha vida...

- Vai ser só meu de agora em diante? – Retirei a camisa dele para fora da calça, tocando sua barriga tonificada e perfeita, sentindo minha intimidade encharcar-se.

- Eu sempre fui seu, meu amor. E a parte da vingança contra ela, pode deixar comigo.

Arqueei a sobrancelha:

- Jura?

- E não falo sobre a parte do que ela pode ter feito a mim... Mas pelo que fez a você, meu amor. – ele desnudou minha barriga, trilhando com o dedo do umbigo até minha calcinha, que aparecia sob o cós do jeans.

- Precisamos ser firmes... Não importa o que aconteça, todos tem que pensar que não estamos juntos. Que desistimos disso... Ao menos quem sabe sobre nosso passado...

- Concordo... Desde que não haja qualquer tipo de toque no parceiro.

- Beijo e sexo. – Fui mais específica.

- Qualquer toque.

- Charles, isso é sério. Precisamos saber quem foi o responsável por tudo isso.

- Sinceramente, foi horrível, mas já passou.

- Quer dizer que não tem interesse em saber o que está por trás desta mentirada toda? Você ficou preso quatro anos injustamente.

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