Resumo de Corações imaginários (II) – Uma virada em Lembranças das noites quentes de verão de Roseanautora
Corações imaginários (II) mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de Lembranças das noites quentes de verão, escrito por Roseanautora. Com traços marcantes da literatura Romance, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.
- E tudo que pedi, por todos os dias, foi você... E agora... – ele abaixou a cabeça e beijou minha barriga – Você está aqui.
- Fomos muito injustiçados, “el cantante”.
- Eu sei. – Ele ficou sério.
- O culpado vai pagar... Na cadeia.
- Sabrina, por que você foi parar em Noriah Sul?
Respirei fundo e comecei a contar a minha parte da história:
- Inicialmente meu pai achou que o bebê era de Colin... Quando soube que não era, exigiu que eu abortasse...
Ele ficou imóvel e percebi a respiração acelerada.
- Eu... Não aceitei. Então ele me mandou escolher: nossa filha ou minha vida naquela casa.
- Você... Escolheu... Ela... – Vi os olhos dele marejarem.
- Eu nunca tive dúvidas... Assim que soube que ela estava comigo, não me senti mais só. Eu consegui tudo graças a ela. Melody foi a minha força.
- E para onde foi quando ele a expulsou de casa?
- Tentei encontrar você... Mas quando cheguei... Era tarde. Você não estava lá. Eu não tinha nada, dinheiro, celular... Só sua jaqueta e a concha. Ele me fez retirar o cordão de ouro e entregar. Não queria que eu tivesse nada de valor. A intenção de J.R era que eu passasse o pior e voltasse, disposta a tirar nossa Melody.
Ele passou a mão pelos cabelos e deitou novamente ao meu lado, olhando para cima. Fitei o rosto dele e vi as gotículas de chuva caindo sobre a sua pele e limpei, tentando acreditar que aquilo não era um sonho e que ele realmente estava ali, comigo e com Melody, finalmente.
- Você passou por tudo isso... Sozinha. E eu não estava lá... – Os lábios dele começaram a tremer novamente.
- Não... Você não estava... Porque neste momento encarava a cadeia... Por minha culpa... – Deixei uma lágrima cair sobre o rosto dele.
Ele pôs-se sobre mim novamente, de forma rápida. Limpou a lágrima que me traía e disse:
- Quero tanto ouvir tudo... Mas é tão dolorido, meu amor.
- O que importa é que sobrevivemos a tudo que nos impuseram... E estamos aqui, juntos.
- Eu vou matar o seu pai... Eu juro.
- Meu pai, minha irmã... Kelly... – suspirei – Mas neste meio tem nossa Melody... E Gui, por quem eu tenho um carinho enorme.
- Tem noção de que meu filho vai me odiar em dobro agora? Porque eu sou o homem da mulher que ele ama.
- Por Deus, Charles... Não podemos nos apegar a tudo isso que nos rodeia, ou ficaremos loucos.
- Sabrina, vamos devagar... Não consigo ouvir mais, meu amor. E nem contar tudo... É muita coisa... E cada uma delas acaba comigo. Foram difíceis os anos que estivemos separados. E pelo que percebo, para nós dois.
- Concordo.
Ele alisou a minha barriga:
- Acha que meus espermatozoides são muito certeiros? Ou se apaixonaram por você? – Riu.
- Acho que sou muito fértil. E que devemos nos manter munidos de uma coisa que se chama preservativo.
- O que é preservativo? – Ouvimos a voz de Melody.
Charles ficou ruborizado na mesma hora. Saiu de cima de mim e estendeu os braços para ela, que vinha na nossa direção.
Claro que ela foi imediatamente para o colo dele, que a aconchegou em seus braços. Continuei deitada, os braços para trás da cabeça, sentindo os poucos pingos da chuva caindo sobre mim.
- Papai vai adorar explicar para você o que é preservativo. Mamãe já deu muitas explicações ao longo de cinco anos.
- Mas... Eu não posso explicar isso para ela.
- Já expliquei sobre uma Barbie Lésbica, acredite.
- Barbie lésbica? Vendem Barbie Lésbica? Quanta modernidade. – Ele olhou para ela, confuso e curioso.
- Na verdade, eu não sei se ela é lésbica de fábrica – Melody explicou – Porque não tenho certeza se as pessoas nascem assim ou adquirem com o tempo.
- “Adquirem com o tempo”? Onde você estuda? O que sua mãe fez com você, pequeno gênio? Ela tem altas habilidades? Intelectualmente esta menina não tem cinco anos. – Ele me olhou.
- Não mesmo... Explique para ele porque a Barbie lésbica não pode sentar à mesa, Melody.
- Porque ela é alérgica ao leite, ora. Isso é muito óbvio.
- O que tem a ver uma coisa com a outra? – Ele olhou-a, perplexo.
- Nenhuma, “el cantante”. Você precisa fazer um intensivo sobre Barbies, alergia à leite e “lesbianismo”.
- Isso tudo é interligado?
- Por incrível que pareça, sim – comecei a rir – Pelo menos nesta cabecinha aqui.
Ele suspirou:
- Gui... Medy... – me olhou – Sabe que eles são...
- Sim. – sorri – Acho que por isso a ligação deles sempre foi tão intensa. Se amam.
- Medy ama Gui, mas ama mais papai. Eu disse para mamãe que ela podia namorar o Gui, mas se o papai aparecesse, não teria mais namoro.
- Boa menina! – Ele deu um beijo demorado na bochecha dela, que chegou a avermelhar a pele quando a soltou.
- Mas por enquanto, vamos fingir que Medy não se importa da mamãe namorar o Gui, ok?
Ela assentiu com a cabeça:
- Mamãe, Medy sabe de tudo. Não se preocupe.
- Sabe? – Charles arqueou a sobrancelha.
- Sabe... Sabe tudo. Papai, você pode beijar o meu pescoço? Porque dá cócegas com a sua barba.
- Por Deus, eu posso fazer isso a vida toda se você quiser... Porque Melody é o tudo para o papai... Quando você diz esta palavra, meu coração fica tão cheio, que transborda corações para fora. Está vendo os corações saindo por aqui? – Ele fingiu pegar um no ar, mostrando para ela.
Ela começou a rir:
- Papai... Papai... – As mãozinhas no ar tentavam pegar os corações imaginários.
Enquanto eu vi os dois fazendo aquilo, não pude evitar chorar. Claro que eu já era uma chorona desde sempre. Mas talvez a gravidez acentuou ainda mais minha sensibilidade.
Melody limpou minha lágrima e disse:
- Mamãe... Mamãe... Olhe seus corações... Pegue, mamãe... Você não pode deixar cair.
As mãozinhas seguiam para o alto, enquanto ela dizia, completamente maravilhada, e eu sabia que não era só pelos corações e sim porque estávamos juntos, como eu lhe prometi a vida toda que aconteceria:
- Mamãe, papai... Medy... Medy também faz sair corações?
- Medy faz sair corações enormes, olhe... – Ele mirou para cima e abriu os braços, fingindo pegar um enquanto ela ria sem parar.
- Obrigado... – Charles sorriu para mim – Por aparecer na minha vida naquela noite... E ter me dado nossa Melodia.
Sorri, sabendo que a nossa alegria não duraria muito tempo. Infelizmente teríamos que sair daquele lugar e voltar para o ninho das cobras. A parte boa é que agora eu não estava só.
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