Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 139

Me parecia que eles estavam a fugir da confusão que estava se armando mais uma vez.

- Boa noite a todos.

- Boa noite. – Melody correu na direção deles, abraçando-os.

- Quem sabe sobe um pouco conosco? A gente pode lhe contar uma historinha. – Calissa sugeriu.

- Eu quero ouvir a música de Charlie B. – Ela olhou para o pai, sorrindo.

- Mas Charlie B. pode cantar sempre que você quiser... Ao menos enquanto estiverem aqui. – Calissa insistiu.

- Eu quero... Ele... – Ela sentou-se entre Charles e Mariane, separando-os.

Calissa falou no meu ouvido:

- Acho que ele tem uma fã fiel e daquelas muito tietes. – Sorriu.

- Só a melhor de todas. – Falei, enquanto observava os dois, junto da terceira pessoa que tentava entrar naquela situação: Mariane.

- Boa noite a todos. – J.R falou, subindo.

Yuna levantou:

- Eu vou tomar um ar na praia. Talvez dar uma corrida.

- Corrida à noite? – Gui perguntou.

- Sim... E acho que é seguro por aqui.

- Sim, é. – Mariane confirmou – Não há vizinhos num raio de quilômetros.

- Me avisa quando chegar, por favor. – Pedi.

- Para se certificar de que cheguei bem? – Ela riu.

- Claro... Você não é irmã de sangue. É de coração. E me preocupo com você... Porque a amo.

Ela deu um beijo no meu rosto:

- Sabe que não gosto de declarações em público. Se comporte.

- Pode deixar. – Comecei a rir.

Ela saiu. Ficamos nós quatro e Melody. E sinceramente, não sei como eu me sentia com relação àquilo.

- Quer dar uma volta... Tomar um ar? – Gui convidou.

- Acho... Que Melody pode estar cansada.

Realmente os olhinhos dela estavam demonstrando sono. Charles já estava na terceira música e ela tentando ser firme.

- Gostaria de ouvir uma música que eu compus, mas nunca cantei em público ou gravei? – Charles perguntou para Guilherme.

- Não! – Ele foi enfático.

- Eu... Acho que você pode gostar.

- Não! – Ele repetiu.

Deitei a cabeça no encosto do sofá, atirando-me para trás. Ouvi o som da porta batendo e olhei para ver quem era. Mariane não estava ali.

Melody estava praticamente dormindo recostada em Charles, que ainda tocava uma música lenta e cheia de amor. Guilherme estava imerso na sua raiva contra o pai.

Levantei e fui atrás de Mariane. Ela estava sentada na escadaria, acendendo um cigarro.

Sentei ao lado dela:

- Agora você fuma?

- Eu sempre fumei. Você que não sabia. – Ela deu uma tragada.

- Acho que eu não sabia muita coisa sobre você, não é mesmo?

- Creio que não... Sempre muito focada em ser a garota perfeita, no seu mundinho fechado.

- Acho que eu era perfeita.

- Quer? – Me ofereceu o cigarro.

- Não... Isso não é muito saudável... Principalmente pra mim.

- Claro, principalmente para você... Você, você e você... Sempre você.

Olhei para a escuridão, não vendo o mar, mas ouvindo o vai e vem das ondas na areia. Sem olhá-la, perguntei:

- Por que você me traiu... Mais uma vez?

Ela deu várias tragadas no cigarro, fazendo eu afastar-me um metro, tentando dissipar com as mãos a fumaça que vinha na minha direção.

- Não foi de caso pensado.

- Assim como com Colin? – Eu ri.

- Assim como com Colin – ela confirmou – Embora eu não ache que você vai acreditar em mim.

- Eu acho que cheguei a confiar em você... Mesmo depois de ter dormido com o meu noivo.

- Eu tentei ajudá-la... Fui atrás dele com este intuito.

- Jura?

- Sim... Mas... Nos apaixonamos. E isso foi inevitável.

Fiquei em silêncio por um tempo, tentando manter a calma e não enchê-la de socos ali mesmo:

- Há quanto tempo vocês estão juntos?

- Alguns anos.

Mentirosa! Certamente não estava a par do que estava acontecendo. Não passou pela cabeça dela que eu e Charles havíamos conversado.

- Sabe que Melody é filha dele, não é mesmo?

- Sei. E sei também que você vai contar para ele, mais cedo ou mais tarde. Se é que já não contou.

- Quando deita sua cama no travesseiro, consegue dormir tranquilamente? Mesmo sabendo o quão má e mentirosa você é?

- Eu tomo remédios para dormir. – Ela riu, sem olhar para mim.

- Acha mesmo que ele é apaixonado por você?

- Ele vai me pedir em casamento. – Ela afirmou, virando para mim e jogando a fumaça na minha direção.

Levantei, me afastando ainda mais. Não queria que além de me prejudicar, como vinha fazendo, ela fizesse mal ao meu bebê, que talvez tivesse no meu ventre.

- Eu poderia ter ciúme de Charles, mas não tenho – afirmei – Ele fez uma música para mim...

- E tantas outras para mim.

Eu ri e balancei a cabeça:

- Você é ingênua ou se faz?

- O que? Acha que são todas para você? – Os olhos dela estavam escuros e incompreensíveis.

- Não acho... Eu tenho certeza. Pela forma como ele me olha, como trata a nossa filha...

- Ele já comprou as alianças. Vai me pedir amanhã, na noite de Natal. Então, já se prepare psicologicamente. E avise sua filha, para que ela não dê seu showzinho, como tem feito.

- Eu não devia, mas sinto pena de você.

- Não deveria... Ele é bom de cama... Maravilhoso.

- Tanto quanto Colin? – Comecei a rir.

Ela arqueou a sobrancelha:

- Tanto quanto Colin.

- Bem, espero que ele tenha feito uma música para a forma como você geme nos braços dele enquanto goza... E que possa lhe dar uma linda filha, como eu dei... Ou talvez duas...

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