Mariane não disse nada, parecendo não entender a deixa.
- Com tantos homens, por que escolher os meus?
- Ninguém é proprietário de ninguém nesta vida, Sabrina. Achei que você já tinha percebido isso.
- Existe uma coisa que se chama amor... Você conhece?
- Claro – ela me olhou, seriamente – Eu o amo. Mas nunca tive sentimentos por Colin. Foi só uma transa de uma noite.
- E tinha que ser justo na noite antes do meu casamento? Eu gostava de Colin... Nos dávamos bem.
- Deveria ter casado com ele. Eu sugeri isso, inclusive.
- Eu não sou mais a menina ingênua que você conheceu e traiu, da pior forma possível.
- E eu não estou disposta a abrir mão de Charles por você.
Peguei o cigarro da mão dela e joguei na areia, pisoteando:
- Eu lhe contei toda minha verdade naquele dia. Estava sendo posta para fora da nossa casa com um filho no ventre. E você teve a capacidade de ir atrás do homem que eu amava, mesmo sabendo que eu estava grávida dele... E... – Engoli a saliva, tentando não chorar, incapaz de terminar a frase, tamanho asco que senti.
Mariane levantou e disse:
- Ele não vai me deixar. Me deve muito... A vida praticamente. Eu fiz dele Charlie B. Assim como o fiz brilhar, apago a luz dele em segundos e o destruo para sempre.
- Imagino que sim. Você fez bem a lição de J.R Rockfeller, sobre decidir a vida das pessoas e se achar dona delas.
- Sabrina, eu acredito que Charles não ficará muito contente ao saber que você foi demitida de seu emprego por transar com o filho dele.
Senti meu coração bater mais forte. E não foi por medo do Charles pensaria, mas pelo que “ela” sabia sobre mim o tempo que estive fora:
- Como assim? – Perguntei.
- Com direito a telão, para comprovar a putaria. Eu não quero filhos, mas se fosse mãe de Guilherme Bailey, jamais aceitaria o que você fez.
- Não quer filhos? – ri, ironicamente – Não tem sequer capacidade para ser mãe. Você é um monstro.
- Para que ter filhos? Charles já tem dois: um casal. Poderei receber as crianças nos finais de semana... E prometerei a ele que não vou deixar o filho lindo dele “me comer”.
Tentei estapeá-la, mas Mariane foi mais rápida, segurando minha mão:
- Não brinque comigo. – Ameaçou-me.
- Isso não é uma brincadeira. Tampouco uma competição. Quero você longe da minha filha... E de Gui.
- Quanta preocupação com os filhos de Charles. Sei que você cuida muito bem deles... Até demais, não é mesmo?
- Você sabe que não é um anel no seu dedo que vai fazer Charles gostar de você. Isso nunca vai acontecer.
- Por que você veio, afinal?
- Para tomar o que é meu por direito: a empresa, a casa e o seu futuro noivo. – Sorri e saí, fingindo segurança quando na verdade estava morrendo por dentro.
Quando passei pela sala, Charles estava sozinho. Assim que me viu, levantou:
- Eu... Tentei levá-la para o quarto. Mas Gui a pegou. Ela está dormindo... Como um anjo.
- Como está sua situação com ele?
- Péssima. Ele não deixa eu me aproximar. E o fato de ter você no meio dificulta tudo ainda mais.
- Aconteça o que acontecer, não esqueça do nosso plano, por favor. – Olhei para os lados, para me certificar de que ninguém nos observava.
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