- Não vou bater nele... Não se preocupe. Embora devesse apanhar uma surra para aprender a ser homem.
- Como você? – O garoto provocou, ainda de forma sarcástica.
- Como eu. Jamais toquei uma mulher sem que ela quisesse.
- Minha mãe era uma menina quando você a engravidou.
Charles soltou-o, dando um passo para trás, os olhos ficando tempestuosos:
- Eu tinha dezesseis anos, porra. Eu também era uma criança.
- Mas sabia como fazer crianças.
- Tanto quanto sua mãe. Éramos adolescentes... Nos gostávamos. E chegamos a tentar criar você juntos, mesmo em casa separadas.
- Nada do que vem de você é verdade.
- Nunca me deu uma chance de lhe dizer a minha verdade.
- Charles, por favor. O adulto aqui é você. Vamos encerrar isso. – Pedi.
- Está me chamando de criança agora, Sabrina?
- Não, Gui. Só estou tentando explicar-lhes que aqui não é hora nem lugar para discussões. Já é tarde e...
A porta se abriu e Melody apareceu, com os cabelos amassados e os olhinhos quase fechados. Olhou para nós e levantou os braços na minha direção, pedindo colo.
Mariane entrou no corredor, vindo na nossa direção. Não faltava mais nada.
- Eu... Estou com sono. – Melody deitou no meu ombro.
Mariane simplesmente passou os braços em torno de Charles e o levou para o quarto, trancando a porta com a chave.
No momento que ouvi o som da chave na fechadura, meu coração ficou apertado. Me vi olhando para a porta, morrendo de ciúme e imaginando o que poderia acontecer ali dentro.
- Acha que ele nunca dormiu com ela? – Gui me perguntou.
- Respeite a minha filha. – Falei, entrando no meu quarto e fechando a porta.
Pus Melody na cama e deitei ao lado dela, tentando me acalmar. Não sei o que me deixava pior: Gui tentar me beijar a força, como um moleque, ou Charles sozinho com minha irmã no quarto. Não pensei que aquilo fosse mexer tanto comigo.
- Eu quero água. – Melody disse, ainda sonolenta, sentando na cama.
Fui até o aparador e pus água da jarra no copo, entregando-lhe.
Ela bebeu tudo e devolveu o copo vazio:
- Não vá fazer xixi na cama. – Ri.
- Não... – Ela deitou de novo.
Eu deitei no travesseiro, ao lado dela e a cutuquei com meu dedo, chamando sua atenção:
- Estive pensando, docinho... Que talvez seu pai deveria cantar para você dormir.
- Mas... Ele cantou várias músicas para mim... – Ela virou para o outro lado.
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