Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 142

- Que surpresa! Vocês todos aqui... – Falei, fingindo não saber de nada.

Charles seguiu cantando, mas os olhos dele não ficavam mais sobre a filha e sim na minha direção. Nada melhor que fazer minha irmã sentir um pouco da minha dor. Se ela realmente gostasse de Charles, aquilo acabaria com ela.

Transamos há dois meses pela última vez. E foi só uma bem dada, embora eu tenha gozado duas vezes. Éramos como fogo e gasolina e o desejo e luxúria sempre foi mais forte que tudo entre nós.

Só de sentir o olhar dele, minha pele queimava e o corpo ansiava pelo seu.

- Se não se importam, preciso pegar uma roupa. – Fui em direção ao armário, pegando uma camiseta e uma calça jeans mais larga e confortável.

Abaixei-me para pegar uma calcinha, certa de que boa parte do meu corpo nu ficava em evidência. Levantei a lingerie branca, rendada e fio dental, para me certificar de que usaria realmente aquela.

Percebi “Garota riquinha” começar a ser cantada e sorri, ainda virada de costas para eles.

- Eu acho que esta parte não canta assim... – Melody começou a rir.

- Ei, está tentando ensinar o cantor a cantar sua própria música, menininha? Isso é um ultraje... – Ele riu, fazendo cócegas nela.

Voltei para o banheiro e pus a roupa rapidamente, para poder voltar para junto deles. Embora Mariane estivesse ali, o amor e carinho que exalava entre nós três não tinha explicação. Era como se nada nem ninguém estivesse além de nós quando estávamos juntos.

Não sei se foi pela pressa de me trocar ou a situação em si, mas senti náuseas. Voltei para o quarto e, sem me preocupar muito, deitei na cama, ao lado de Melody, tocando seu rosto com meu dedo indicador, de forma delicada, enquanto ela sorria.

Meus olhos encontraram os de “el cantante” e naquele momento eu soube que ele não seria capaz de dormir com a minha irmã nunca mais. Eu sentia o amor dele em cada gota de sangue que circulava pelo meu corpo.

Mariane sentou-se sobre a cama, tentando chamar a atenção. Tocou os cabelos e Charles e disse:

- Meu bem, acho que agora Melody pode dormir com a mamãe dela.

- Não... – Melody falou bruscamente.

Sorri com os olhos na direção da minha filha. Tão esperta... Tão decidida... Tão ciumenta...

- Aproveita e curte conosco, Mariane – sugeri – Já tentou cantar em família?

- Eu e a mamãe fazemos isso no carro. – Melody me olhou.

- Sim... E é bem legal. Desestressa...

- Vocês cantam juntas... As músicas de quem? – Charles perguntou, interessado.

- De Charlie B. – Melody gritou, rindo e levantando os dois braços para cima.

- Espero que você tenha tempo... Ela não vai dormir tão cedo. Está muito agitada. – Disse a ele.

- Não tenho nada melhor para fazer, acredite. – Charles olhou nos meus olhos e sorri.

- Claro que tem... Mas fica constrangido em assumir isso para uma fã... Ainda mais assim, tão pequenina. Charles sempre é muito atencioso com as fãs... – Mariane explicou.

- Sim, eu sei... Já fui a um show. – Sorri e vi que ele riu, abaixando a cabeça.

- Você já foi a um show? Onde?

- Noriah Sul. – Expliquei.

Ela ficou calada por um tempo.

- Você foi a primeira empresária de Charlie B.? – Perguntei.

- Sim... Mas tenho empresariado grandes artistas.

- Papai já falou que vou trabalhar na J.R Recording?

- Como assim? Ele não me falou nada... O que você faria lá? Desde quando a J.R Recording precisa de uma professora de Matemática?

- Eu vou cuidar da parte financeira.

- Já tem alguém que faz este trabalho.

- Então esta pessoa será demitida. Ou descerá de cargo. A função será minha.

- Isso não faz sentido.

- É meu direito. Aliás, tudo é meu por direito... E de Melody.

- Só quando nossos pais morrerem.

- Penso em pedir minha parte com eles ainda vivos. É um bom patrimônio. E como você sabe, não trabalho mais em Noriah Sul como professora. – Debochei.

- Mamãe, eu preciso ir ao banheiro. – Melody levantou-se.

- Ela não usa fraldas? – Mariane enrugou a testa.

- Eu tenho cinco anos. – Melody explicou, abrindo a porta.

- Precisa de mim, docinho? – Perguntei.

Ela assentiu com a cabeça.

- Desde quando alguém precisa de outra pessoa no banheiro? – Ela ficou intrigada.

Levantei e disse:

- Como ela mesma explicou, tem cinco anos. E ela ainda precisa de ajuda para se limpar... Tipo, coco, sabe?

- Que nojo! Por essas e outras não quero ter filhos.

- Isso é o de menos, acredite. Já fiz coisas bem piores com e por ela. – Me dirigi ao banheiro.

- Estou pronta, mamãe. Pode me limpar. – Melody disse quando abri a porta e ouvi as reclamações de minha irmã quando a fechei.

- Isso é hora de fazer coco, docinho? – Comecei a rir.

Ela gargalhou, achando engraçada a minha observação.

A limpei e quando fui dar a descarga não aguentei e vomitei. Céus, já estava enjoada há um tempinho, nem sei como segurei, ouvindo a voz de Mariane por tanto tempo, que me anojava.

- Você está bem, mamãe? – Melody ficou preocupada.

- Sim... Tudo bem... – A náusea ainda não havia passado.

Melody abriu a porta e disse:

- Minha mamãe está vomitando...

- Meu Deus! Isso não é normal... E sinceramente é demais para minha cabeça. De onde vocês vêm? – Mariane falou em tom de voz alto – Vamos, Charles? Ou você vai ficar aqui, entre esta nojeira toda.

- Vou... Ajudar a sua irmã. – Ele disse.

- Ela não precisa de ajuda. Vamos logo... Ou eu que vou vomitar.

- Eu... Já estou indo.

Senti a mão dele tocar meu ombro e olhei na sua direção:

- Você está pálida...

- Vai melhorar. É passageiro.

- Depois de nove meses? – Ele riu.

- Talvez não seja...

- Talvez seja... E eu estou torcendo para que sim.

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