Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 146

Charles olhou para Melody, ainda adormecida:

- Durma bem, meu amor... – Deu um beijo na bochecha dela.

Ele foi em direção à porta. Enlacei meus braços em seu pescoço e o beijei:

- Amo você, “el cantante”.

- Reze para eu conseguir me mante firme e forte ao lado da sua irmã... Sabendo que você está tão próxima de mim... – Me apertou contra si.

- Ela é muito dissimulada. Precisamos ter cuidado com ela.

- Eu sei... – ele me deu outro beijo – Amo você, “garotinha”.

Abri a porta e fiquei olhando-o até que ele entrasse no quarto da frente. Eu não tinha certeza se estava agindo certo. Mas precisava de tempo para entender melhor o que acontecia de fato com aquela família, da qual um dia fiz parte.

Desci para o café com Melody em torno das nove horas. Estavam todos na sala esperando por nós.

Nos encaminhávamos para a sala de jantar quando perguntei:

- Alguém viu Guilherme?

Todos negaram.

- Eu... Vou ver onde ele está. – Pensei em subir ao quarto dele, mas Yuna me segurou.

- Eu vou, Sabrina. Vá indo para o café... Medy deve estar com fome.

Enquanto ela subia, peguei Melody no colo.

- Quer vir comigo? – Charles abriu os braços e ela sorriu, jogando-se nele.

Melody ia conversando no colo do pai, interagindo com os avós ao mesmo tempo. Ela conseguia sempre todas as atenções para si. Minha menina prodígio, doce, inteligente e cativante.

- Acho que posso ficar com ciúmes da minha sobrinha. – Mariane observou, falando baixo para que ninguém, a não ser eu, a escutasse.

- Creio que sim. – Provoquei.

- Espero que não tenha contado a verdade a ele.

- Sobre você ser uma vagabunda e querer tudo que é meu?

- Não, sobre a pestinha inconveniente que é a sua filha.

Parei e a olhei:

- Você é ridícula...

- Não quero que conte a ele.

- Você não manda em mim.

- Eu vou contar... Do meu jeito.

- De que adianta? Depois eu contarei do meu. E ele vai acreditar em mim.

- Sabrina, eu não estou brincando. Não se meta com Charles.

- Meu Deus, você é doente. Melody é filha dele. Sabe que ele vai descobrir a verdade, mais cedo ou mais tarde.

- Eu conto.

Yuna desceu as escadas rapidamente:

- Gui não está no quarto... Ele sumiu... E levou seus pertences.

- Como assim?

- Eu acho que ele foi embora.

- Mas... Quando? Eu não o vi sair... E fiquei praticamente a noite inteira acordada.

- Com licença, senhorita Rockfeller, mas eu vi o rapaz sair... Deve fazer uns quarenta minutos. – Disse uma das empregadas.

- Quarenta minutos? – fiquei aturdida – Onde ele chegaria em quarenta minutos? – Perguntei para minha mãe.

- Há um ponto de táxi a uns quarenta minutos daqui... Andando... Lá tem um vilarejo.

- Eu vou atrás dele. Não posso deixá-lo sair daqui assim... – Me preocupei.

Estava saindo na porta quando Charles me pegou pelo braço:

- Não.

- Charles, ele não pode sair assim...

- Pode sim. É perigoso você ir atrás dele.

- Então pegue o carro... E tente encontrá-lo.

- Ele não vai deixar você aqui... Eu sei disto. Está querendo chamar sua atenção.

- Mas... E se não for? E se acontecer algo com ele? Eu o trouxe para cá... Sou responsável por ele.

- Charles é o pai do garoto. Se ele disse que não é preciso ir atrás dele, não vá. – J.R falou, seriamente.

- Por favor... Não vá... – Charles pediu novamente.

Olhei para a mão dele, ainda segurando meu braço. Vagarosamente ele soltou-me.

- Gui vai voltar... É Natal. – Melody disse tranquilamente, enquanto sentava no sofá.

Charles mal o conhecia. Não tinha como ter certeza de que ele voltaria. Me preocupei. Eu era responsável pelo rapaz. Gui tinha vindo para me ajudar e no fim tudo que fiz foi magoá-lo, mesmo sem querer. Senti-me culpada e com o coração apertado.

- Eu vou atrás dele. – Yuna disse, pegando o celular na mão.

- Não... Não é sua responsabilidade.

- Nem sua, amiga. Ele já tem dezoito anos, esqueceu?

- Posso ir com você, tia Yuna? – Melody pediu.

- Não mesmo... Você vai tomar seu café e depois aproveitar seu primeiro banho de mar.

Ela foi para a porta. Antes que saísse, falei:

- Tem certeza? Você nem comeu...

- Comi uma fruta mais cedo. Vou dar uma corrida e aproveito para saber onde ele se meteu. Charles tem razão... O garoto está tentando chamar a atenção.

Suspirei, chateada.

Todos foram de volta para a sala de jantar, pouco se importando com Guilherme, inclusive o próprio pai dele.

- Que droga! Não quero que ele sofra.

- Deveria ter pensado nisso antes.

- Eu sou uma idiota.

- Por se envolver com o garoto, sim. Por perder seu emprego por conta dele, sim. Por fingir que não está dormindo com Charles, sendo que está na cara de vocês que estão transando, sim.

- Quer saber? Você deveria transar também. Talvez não fosse tão ranzinza.

- Não me envolva nas suas “putisses”.

- O que eu fiz pra você?

- Pra mim? Nada. Mas você só faz “merdas”... Pra você mesma.

Yuna saiu, fechando a porta. Sentei à mesa, mas perdi o apetite. Realmente estava preocupada com Guilherme. Ele havia brigado com a mãe e a avó por minha causa. Estava num lugar que mal conhecia, num país diferente. Sim, eu era responsável por ele.

Só fingi comer. Melody, por sua vez, não só comia, mas bebia chocolate quente quase em litro e falava sem parar um minuto.

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