Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 147

J.R, Calissa e Charles não tinham olhos para mais nada a não ser a pequena. Mariane, por sua vez, tentava disputar a atenção com ela.

Em torno de 10:30 minutos descemos para a praia. O guarda-sol já estava montado com as cadeiras confortáveis sob ele. Nem parecia que houve tempestade no dia anterior. O sol estava forte, embora encoberto por nuvens em alguns momentos, o que dava uma sensação de alívio.

O mar estava mais calmo e as ondas fracas. A água clara e límpida. Melody vestiu seu biquíni branco de corações. Recebeu dos avós um conjunto para brincar na areia, composto de baldinho, pazinhas e moldes em formato de animais aquáticos. Andava na areia como se fosse a dona de tudo. E era... Inclusive do coração de todos os presentes.

Assim que nos aproximamos do mar, ela tentou correr. A segurei, rindo:

- Espera aí, docinho. Primeiro vamos reforçar o protetor e pôr um boné nesta cabeça. O sol está forte.

- Mas... Eu quero ir...

- O mar não vai fugir, não se preocupe... – Peguei-a no colo, sentando na cadeira enquanto passava o creme branco pelo seu corpo.

- Charlie B., você percebeu que o meu biquíni é de corações? – ela perguntou ao pai – E não são imaginários... São de verdade. – Riu, os dentinhos brancos perfeitos e pequeninos enfeitando a boquinha também em forma de coração.

- Eu percebi sim... E você está linda! – Ele se aproximou dela, abaixando-se para ficar na sua altura.

- Vai ser a primeira vez que vou tomar banho de mar. – Ela avisou.

- Hum... Acho que isso vai ser inesquecível.

- Vai sim. – Afirmou, enquanto colocava uns óculos escuros vermelho, em formato de coração.

Assim que acabei de passar o protetor, pela segunda vez, já pensando em passar a terceira, com medo de ela queimar a pele sensível, orientei:

- Vamos só molhar os pés.

- Mas, mamãe... – Ela começou a reclamar.

Peguei a mão dela e corremos em direção à água. Estava um pouco gelada. Molhamos os pés e ela tentou ir mais para dentro do mar.

- Nem pensar... A água está gelada.

Melody lambeu a mão.

- O que é isso, menina? – Comecei a rir.

- Mamãe, a água é mesmo salgada.

- Como eu expliquei...

- E como os peixes vivem, se ela é salgada? Falando em peixes, será que Do-Yoon está cuidando do Solitário II? Acha que se tivesse acontecido algo com ele, já saberíamos? Posso ir no fundo, ver se eu encontro um peixe? E se houver tubarões? E se...

Charles a pegou no colo, retirando-a da minha mão, enquanto andava com ela para dentro do mar. Via as perninhas balançando de felicidade enquanto ela segurava-se no pescoço do pai.

- A água está gelada... – Falei alto, para que ele me ouvisse.

- É o primeiro dia dela no mar... Não pode deixa-la só molhar os pés... – Ele falou, virando o rosto para mim, já com água pela cintura.

- Venha, mamãe... – Melody gritou, me chamando com a mãozinha.

Olhei para as cadeiras, vazias. Calissa estava vindo na nossa direção. J.R mais adiante, de pé, óculos escuros, observando tudo ao seu redor. Eu sabia que ele era esperto o bastante para perceber que nem tudo estava certo por ali.

Mariane, por sua vez, incerta sobre entrar na água fria ou ficar longe de Charles, vendo-o desmanchar-se de amor pela filha.

Comecei a correr em direção a Charles e Melody, tentando pelo menos um tempinho só nós três, antes que alguém atrapalhasse nosso momento.

A água realmente estava gelada. Mas fui firme no meu propósito de alcançá-los. Andei até a água chegar na altura dos meus seios, onde ele se banhava com Melody no colo.

- Olha quem chegou... Uma mamãe linda... – Falou baixinho no ouvido dela, fazendo questão que eu ouvisse.

- Uma mamãe linda e um papai lindo... – Ela sorriu, puxando-me em direção a eles, com um braço em cada um de nós, ficando no meio.

- Pelo menos uma coisa eu fiz com ela a primeira vez... – Ele sorriu, feliz.

- Quando vamos poder contar a todos que somos uma família? – Melody perguntou.

- Logo... Mamãe promete.

- Logo mesmo? – Ele perguntou.

- Mamãe sempre disse que a gente não deve mentir... Mas ela está mentindo. – A menina alegou.

- Não estamos mentindo... Estamos omitindo. É diferente.

- Quanta maturidade, meu amor – ele beijou Melody – Que orgulho de você! – olhou-me – E da forma como mamãe a criou.

- Assim você derrete meu pobre e fraco coração, Charlie B. – Comecei a rir.

- Bonito seu biquíni. – Ele observou.

- Obrigada.

- Mas ainda preferia o vermelho... Que comprei no supermercado. – Gargalhou.

- Era horrível. – Me rendi à risada gostosa dele.

- O que era horrível? – Ouvimos Mariane próxima de nós, tremendo de frio.

Ficamos em silêncio. Ok, momento família interrompido.

- Podem continuar... Finjam que não estou aqui...

- Mas você está... – Melody falou, a olhando de forma brava.

Ela alcançou Charles e Melody e abraçou-se a ele:

- Estou com frio, amor.

- Simples: saia da água. – Ele disse secamente.

- Charles, você está de muito mau humor desde que chegou nesta praia. Relaxa, esta noite é Natal.

Ele não disse nada e percebi que ficou desconfortável com a presença dela.

- Sobre o que conversavam? – Ela perguntou novamente, curiosa.

- Estávamos falando sobre coisas horríveis. – Melody respondeu.

- E quais são as coisas horríveis?

- Eu acho você horrível. – Melody falou de forma direta.

Oh, Deus! Eu estava para ver o momento que Melody pegaria minha irmã pelos cabelos com ciúmes do pai. Confesso que eu já quase estava chegando neste ponto também.

- Definitivamente, você não gosta de mim, não é mesmo? – ela olhou para Melody – E eu nem fiz nada para você. No entanto, é melhor ir se acostumando.

- Por que devo ir me acostumando? – A menina perguntou, desafiando-a.

Sim, ela mesma quase confessou que Charles era o pai da minha filha.

- Charles, querido, que acha de levarmos Melody para conhecer o seu apartamento novo? Eu aposto que ela vai adorar. Sabia que tem uma lareira? E Charles tem um gato. – Ela me olhou, provocante.

Melody olhou para o pai e disse:

- Mamãe não sabe cuidar de animais. Não tem medo de ela matar o seu gatinho de fome?

- Como assim? – ele me olhou – O que sua mamãe aprontou com os seus animais?

Sorri e me retirei, sabendo que ela contaria sobre como matei uma tartaruga no sol, um hamster de fome e fui testemunha do assassinato de um peixe beta.

Eu não precisava me preocupar. Nem ficar com ciúmes. Melody era melhor do que eu no quesito acabar com a vagabunda da Mariane.

Assim que cheguei na areia, ouvi minha mãe perguntando:

- Guilherme deixou seu pescoço assim? Ou foi o mesmo homem que lhe marcou com chupões há cinco anos atrás?

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